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22 SET 2019
22 setembro 2019 às 00h08

Beijinhos e bacalhaus. Campanha na estrada e na net

Começa hoje o período oficial da campanha para as legislativas de 6 de outubro. O tema é sério mas não impede sátira. Uma página no Instagram trata disso.

Joana Capucho

Foi com surpresa que os criadores da página do Instagram Políticos a dar constataram que Assunção Cristas, a líder do CDS-PP, tinha começado a seguir o perfil que satiriza os "beijinhos e bacalhaus" dos políticos portugueses. "Nunca pensámos que íamos ter políticos a seguir-nos, mas também temos alguns núcleos regionais dos partidos entre os seguidores", conta ao DN Diogo Sousa, de 27 anos, que criou a página há duas semanas com o amigo José Guerra, de 34.

Não têm intenção de "magoar nem sensibilizar" ninguém. "Queremos simplesmente satirizar os políticos, que têm uma forma caricata de cumprimentar as pessoas, seja com dois beijinhos ou com bacalhaus. Queremos tentar mostrar que não é só nas eleições que devem sair à rua e ter contacto com as pessoas", diz o publicitário, destacando que "o contacto com a população - como lhe chamam - deve ser permanente".

Nas últimas legislativas, os dois amigos trocavam entre eles as fotos dos cumprimentos dos políticos em campanha, faziam legendas e animações, mas não as partilhavam com ninguém. "Agora pensámos recuperar essa brincadeira. Mas não é depreciativa", frisa Diogo Sousa.

As fotografias são retiradas "com ou sem consentimento" das páginas oficiais dos partidos, dos sites ou dos perfis pessoais dos políticos. "Mas é nas páginas pessoais que os políticos mais partilham os afetos."

Ao recolher as imagens para a página, os autores vão percebendo quem é que mais promove o contacto físico com o eleitorado. "Assunção Cristas, por exemplo, é mais dada a beijinhos do que Pedro Santana Lopes (Aliança) ou André Silva (PAN)", conta. Quanto a este último, adianta, é mais fácil encontrá-lo a mostrar afeto pelos animais, como se pode ver na última publicação da página, do que pelas pessoas. "Parece pouco dado às pessoas. Ainda não encontrámos nenhuma imagem com beijos a pessoas."


Diogo Sousa considera que, em matéria de afeto, Pedro Santana Lopes "é também muito distante, mesmo nos bacalhaus".

Já António Costa, secretário-geral do PS, "é muito dado aos abraços". Mas em matéria de abraços quem ganha é Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, que "abraça toda gente".

À semelhança do primeiro-ministro, "também é fácil encontrar fotografias de Rui Rio (PSD) a dar beijinhos e bacalhaus. Mesmo em atos simbólicos, costuma partilhar fotografias a dar bacalhaus a outras figuras".

Jerónimo de Sousa, líder do PCP, também é "pouco dado ao contacto pessoal. É muito frio". Relativamente a Tino de Rans (RIR), o publicitário diz que "tem um gesto novo" para cumprimentar as pessoas que "não é um bacalhau nem um beijo". É um gesto semelhante "ao que fazem os mergulhadores debaixo de água".

A ideia dos mentores do perfil é que este possa ser alimentado "durante o ato legislativo", mas acreditam que "dificilmente" isso seja possível, dada a escassez de fotografias deste género fora da campanha eleitoral.

Diogo Sousa esteve ligado à criação do Telemarcelo, um site inspirado no telefonema de Marcelo Rebelo de Sousa a Cristina Ferreira na estreia do seu novo programa de televisão.

Dois debates na segunda-feira

O período oficial de campanha começa no domingo e termina às 24.00 de sexta-feira 4 de outubro.

Na segunda-feira decorrerão os dois debates finais da campanha entre os líderes dos partidos parlamentares - ambos na Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa.

Um será de manhã, organizado pelas rádios (TSF+Renascença+Antena 1), somente entre Rui Rio e António Costa - o segundo e último round dos frente-a-frente entre os dois. O outro debate será a seis, organizado pelas televisões, à noite, no mesmo sítio.

Findos os confrontos televisivos, todo o tempo será para a estrada.