A palavra "enganar" entrou definitivamente no discurso Rui Rio contra o governo. Muito acutilante, o líder social-democrata esteve no congresso PSD-Madeira e atacou o primeiro-ministro, a quem acusou de "vender ilusões" aos portugueses no que diz respeito ao crescimento económico e de ser o responsável pela degradação dos serviços públicos..O levantar de voz contra António Costa terá sido efeito de "mais adrenalina, mais speed", como disse Marques Mendes na SIC, após ter vencido o braço-de-ferro com os críticos e Luís Montenegro? Ou já era uma estratégia delineada pelo presidente social-democrata?.Fontes da direção do PSD já tinham garantido ao DN que Rio ia entrar em 2019 muito mais presente no terreno e mais acutilante na oposição ao governo. Mas o suplemento de alma conseguido no Conselho Nacional também não será alheio a um combate político mais duro. Talvez Montenegro tenha também ajudado a despertar mais "o gigante adormecido"..Neste domingo, Rio apontou o alvo ao primeiro-ministro: "O grande engano é quando nos vendem uma situação económica de quase milagre económico e depois todos descobrimos que não pode fazer isto e aquilo porque não têm meios", disse Rui Rio, no encerramento do XVII Congresso do PSD-Madeira, no Funchal, em que Miguel Albuquerque foi reeleito presidente.."Governar para agradar no momento", disse Rio em relação à postura de Costa. "Não tem estratégia de crescimento económico, porque foi um governo que ao longo de todos estes anos se preocupou fundamentalmente em pegar em todas as folgas que a conjuntura permitia e distribuir pela lista de reivindicações feitas pelo Partido Comunista, feitas pelo Bloco de Esquerda", afirmou. E "isto significa que esqueceu completamente o futuro". O que se traduz no facto de Portugal ter tido dos piores crescimentos da União Europeia nos últimos quatro anos.."Não fizeram nada pelo investimento privado, deixaram o investimento público, degradaram a taxa de poupança, agravou-se o endividamento das famílias, atingiu-se a maior carga fiscal da história de Portugal.".Lembrou ainda a degradação dos serviços públicos "para um patamar que é inadmissível em qualquer circunstância". Apontou ainda vários exemplos de má governação: as greves em vários setores, a descoordenação no combate aos incêndios, a segurança das estradas, o roubo de Tancos, os problemas no Sistema Nacional de Saúde, considerando que se trata de um governo que "permanentemente engana os portugueses"..Aos militantes garantiu, depois de ver reforçada a confiança na sua liderança em Conselho Nacional, que tem a "estabilidade" necessária para enfrentar as três eleições deste ano: europeias, regionais da Madeira e legislativas. "Estou seguro de que temos condições de ganhar esta tarefa e prestar um melhor serviço a Portugal do que aquele que o PS está neste momento a prestar.".Mendes pede "diferenciação" do PS.Uma maior agressividade com o governo foi precisamente um dos desafios que Marques Mendes elegeu para o líder do PSD no pós-Conselho Nacional. "Ganhou em definitivo o direito de ir às eleições legislativas", disse o antigo presidente social-democrata, que adivinhou mais "adrenalina" e "speed" na direção do partido..Mas o antigo presidente social-democrata advertiu que durante os oito dias de confronto no PSD "ninguém elogiou a liderança de Rui Rio" e garantiu que ninguém está feliz com a sua liderança. Este é o momento, disse Mendes, para Rio mudar e ser "inclusivo, acutilante e mobilizador"..O comentador político defendeu que Rio deve chamar mais militantes a trabalhar com ele e deve ser mais firme na oposição a António Costa, tal como foi no confronto com Montenegro. Além disso, deve ter causas que "diferenciem" o PSD do PS: na economia, na saúde, no combate à pobreza e às desigualdades sociais, no sistema político. "Se Rio mudar, a vitória foi importante. Se não mudar, foi uma vitória de Pirro", disse.