No PSD, os números, no que toca a renovação nos cabeças-de-lista, não enganam: dos 17 conhecidos (num total de 22 círculos), só dois são repetidos: Adão Silva (Bragança) e Carlos Peixoto (Guarda). De resto, tudo novidades. E até uma aposta em jovens desconhecidos, como é o caso de Hugo Carvalho, que será o número um da lista do Porto..A profunda varridela que se adivinha para o grupo parlamentar do PSD decorre, naturalmente, da mudança do líder do partido em 2018, quando Pedro Passos Coelho foi substituído por Rui Rio. Figuras gradas do passismo como Luís Montenegro (cabeça-de-lista em Aveiro, em 2015), Maria Luís Albuquerque (Setúbal), Teresa Morais (Leiria), José Pedro Aguiar-Branco (Porto), Teresa Leal Coelho (Santarém) ou Carlos Abreu Amorim (Viana do Castelo) serão afastadas. Em todos os casos darão lugar a figuras sem experiência política nacional. A renovação comportará, no entanto, exceções: Fernando Ruas, um antigo dinossauro do poder local laranja como presidente da Câmara de Viseu e da ANMP, será o número um pelo seu distrito natal. A sua escolha levou o jovem advogado António Leitão Amaro (cabeça-de-lista em Viseu em 2015) a decidir não se recandidatar..No PS, ainda só foram oficialmente revelados oito dos 22 cabeças-de-lista. Mas desses oito, quatro são novos. Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, encabeçará a lista da Guarda; Alexandra Leitão, secretária de Estado da Educação, a de Santarém; Raul Castro (presidente da câmara da capital do distrito), a de Leiria; e Isabel Rodrigues, a dos Açores (substituindo Carlos César, que declarou não querer recandidatar-se). Destes quatro, todos serão rigorosos estreantes na atividade parlamentar. Não é claro se serão candidatos para efetivamente serem deputados - ou se para transitarem para outras funções..Depois, entre os socialistas, há os chamados valores seguros: Pedro Nuno Santos, candidato assumido à sucessão de Costa na liderança do PS quando esse tempo chegar (2022?), encabeçará, como de costume, a lista de Aveiro. Em Setúbal não se espera outra coisa que não a recondução de Ana Catarina Mendes e, em Lisboa, obviamente António Costa. O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, voltará a ser cabeça-de-lista em Viana do Castelo e Alexandre Quintanilha no Porto. O mesmo deverá acontecer em Évora com o ministro da Agricultura, Capoulas Santos. Incógnitas importantes são as de Coimbra e Braga..No Bloco de Esquerda já se conhece os 22 cabeças-de-lista. Treze serão novos. Portanto, uma renovação superior a 50%. Contudo, nos principais círculos tudo se manterá como está. Catarina Martins voltará a ser cabeça-de-lista pelo Porto (seu distrito natal). E Mariana Mortágua em Lisboa; e a sua irmã Joana, em Setúbal; ou José Manuel Pureza em Coimbra; ou Moisés Ferreira em Aveiro. Assim, as grandes mudanças nos círculos onde o BE elegeu deputados ocorrerão em Braga (Pedro Soares será substituído por José Maria Cardoso), Leiria (Heitor de Sousa dará o lugar a Ricardo Vicente) e Santarém (contra a vontade da distrital, o deputado Carlos Matias será substituído por Fabíola Cardoso). Dito de outra forma: no essencial dos círculos pelos quais tem força suficiente para eleger deputados, o Bloco não muda..Com o CDS, as comparações são difíceis, visto que o partido não teve cabeças-de-lista em 2015 (exceto nas ilhas), por concorrer coligado com o PSD. Até agora, os centristas divulgaram dez cabeças-de-lista. Desses, sete são novos. Mas alguns só são novos no círculo em que se candidatam - não na experiência parlamentar. Acontece por exemplo com Cecília Meireles, que será cabeça-de-lista no Porto, e João Rebelo, que avançará por Faro, ou Filipe Anacoreta Correia (Viana do Castelo). João Almeida voltará a ser o número um da lista em Aveiro e Telmo Correia em Braga. Assunção Cristas desta vez será a cabeça-de-lista em Lisboa (em 2015 o primeiro do CDS neste círculo foi Paulo Portas), deixando Leiria, círculo que passa a ser encabeçado pela ex-jornalista Raquel Abecassis..Por último, a CDU. A coligação liderada pelo PCP também já divulgou todos os seus cabeças-de-lista. Quando os nomes começaram a ser revelados surgiram algumas surpresas. Rita Rato, que em 2015 tinha sido número dois em Lisboa (logo atrás de Jerónimo de Sousa), será agora número um da lista pelo círculo da Europa (de eleição dificílima, para não dizer impossível). E Jorge Machado, que há quatro anos encabeçara a lista do Porto, ocupará agora a mesma posição em Viana do Castelo (outra posição de eleição difícil). Metade dos cabeças-de-lista serão novos em relação a 2015. Mas naqueles círculos de eleição garantida tudo ficará na mesma: Lisboa com Jerónimo de Sousa, Setúbal com Francisco Lopes e João Oliveira em Évora. Do PAN nada se sabe. O partido ainda não revelou nomes.