Tecnologia para o confinamento, Cadillac voador e sanitas inteligentes

Na grande feira mundial de eletrónica de consumo, grandes tecnológicas e pequenas startups revelaram para onde vai a indústria
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Em qualquer edição passada do CES, o grande evento de eletrónica de consumo que todos os anos toma a cidade de Las Vegas, a introdução de máscaras faciais com microfones, sensores e até luzes seria estranha. Mas na versão 2021 da feira, que pela primeira vez foi virtual devido à pandemia de covid-19, o surgimento de máscaras "high-tech' foi mais que apropriado.

Mostraram-se máscaras que medem o ritmo respiratório, como a AirPop Active Plus, outras com microfones e altifalantes e até uma com um auricular Bluetooth integrado. Esta última, a MaskFone, custa cerca de 40 euros, é lavável e filtra 95% das partículas (como as que transportam o novo coronavírus) através de filtros removíveis. Depois de uma presença mediática no CES, a versão premium desta máscara esgotou na loja online.

Mais extrema é a Project Hazel da Razer, especialista na área de videojogos, uma máscara transparente com ventilação, auto-esterilização, microfone e luzes automáticas, que se ativam quando a luminosidade exterior diminui.

"Agora que estamos verdadeiramente instalados neste novo normal, vemos a necessidade de máscaras faciais que são seguras, sociais e sustentáveis", disse Charlie Bolton, responsável de design da Razer, no vídeo de apresentação do protótipo.

Esta ideia de "novo normal" foi algo que permeou muitos dos lançamentos na feira e deu forma às tendências apresentadas por gigantes como Samsung, LG, Panasonic, TCL Lenovo e outras. Estiveram em foco inovações viradas para a casa inteligente, onde todos passam agora bastante mais tempo e muitos foram obrigados a adaptar divisões para trabalho e educação remotos. A Future Seating, por exemplo, apresentou uma cadeira de escritório com aquecimento e massagem integrados. A Samsung introduziu o Bot Handy, um robô com braços mecânicos que trata da loiça e faz tarefas como pôr a mesa. A Kew Labs mostrou o carregador UTS-1, que pode ser instalado por baixo de qualquer superfície não metálica - como a mesa de café - e transformá-la num carregador sem fios para o smartphone. A Toto exibiu uma sanita com inteligência artificial, "Wellness Toilet", que analisa os dejetos e faz sugestões de alteração da dieta, enquanto a Kohler introduziu a sanita Innate que se abre quando deteta um utilizador e se fecha automaticamente depois daquele se ir embora.

Num evento onde não faltaram os últimos gritos em televisões, soluções digitais para cidades inteligentes, carros elétricos, smartphones 5G e até telefones enroláveis, também deu para espreitar o que poderá ser o transporte do futuro. Foi cortesia da General Motors, que na apresentação da CEO Mary Barra mostrou o seu conceito de táxi autónomo com descolagem e aterragem na vertical: o Cadillac voador Vertile. O veículo, 100% elétrico, poderá viajar a velocidades de até 90 km/h e é concebido para descolar e aterrar no topo de edifícios, proporcionando transporte aéreo individual de baixa altitude em cidades. Não sendo um conceito inédito, o Vertile tem um design extravagante e diferente de outros protótipos do género.

Outro momento de relevo foi a apresentação da Mercedes-Benz, que desvendou um novo sistema de bordo totalmente digital, MBUX Hyperscreen, com 56 polegadas e alimentado por inteligência artificial.

"Quando a economia está no seu pior, tendemos a ver a inovação tecnológica no seu melhor", disse Steve Koenig, vice-presidente de pesquisa da Consumer Technology Association (CTA), durante uma sessão da feira. A quantidade de lançamentos inovadores - e por vezes mirabolantes - feitos ao longo de quatro dias, por mais de 1900 expositores, pareceu confirmar a ideia.

Na sua intervenção, Steve Koenig da CTA explicou que uma das tendências registadas neste início de ano é a "Inteligência das Coisas" - IoT, a mesma sigla inglesa que tem sido usada para "Internet das Coisas."

Isso está patente na adição de inteligência artificial e aprendizagem de máquina a todo o tipo de produtos, desde máquinas de gelados como a ColdSnap a purificadores de ar. "Os líderes de Tecnologia da Informação dizem agora que Inteligência Artificial e aprendizagem de máquina têm muito mais importância do que eles pensavam antes da pandemia", frisou, citando a pesquisa da Consumer Technology Association.

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