O plano da vacinação anticovid: dos sms aos utentes à segurança no transporte

Já lhe chamam a maior operação de vacinação mundial. Em Portugal, o coordenador da <em>task force </em>nomeada pelo Governo chamou-lhe "operação complexa" por envolver um plano logístico que vai desde a abordagem à população, para saber quem quer ser vacinado, até à operação de segurança montada para a vigilância das vacinas durante o transporte e a sua aplicação.
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Os grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19 estão definidos. Foi a comissão técnica nomeada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que os definiu e os dividiu pelas três fases de vacinação, que se deverão prolongar pelo ano de 2021. Os primeiros serão os profissionais de saúde, não só porque "cuidam de nós", como afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, mas também porque se quer que sejam um exemplo para toda a população. "Queremos que os profissionais de saúde sejam um exemplo até para reforçar a confiança da população nas vacinas", foi referido ontem por elementos da task force para o Plano de Vacinação aos jornalistas numa reunião no Infarmed.

Uma task force que foi nomeada pelo Governo há 30 dias, que é coordenada pelo ex-secretário de Estado Francisco Ramos e que reúne militares, técnicos dos Serviços Partilhados dos Ministério da Saúde (SPMS), da Direção-Geral da Saúde e do Infarmed.

O prazo dado para a construção de todo o plano logístico foi precisamente de 30 dias, e ontem foi apresentada a sua versão final. E a logística vai desde a identificação e a listagem de utentes que reúnem os critérios para serem vacinados, à monitorização da vacina, ao agendamento, à formação dos profissionais e comunicação aos utentes, à operação de segurança de todo o processo.

Um processo que deverá ser iniciado dentro de poucos dias, já que as primeiras vacinas devem chegar a Portugal entre os dias 24 e 26, para começarem a ser administradas a partir de 27 de dezembro. Para Francisco Ramos, este processo é um sinal positivo, mas não marca o fim da pandemia nem da transmissão do vírus. Por isso, disse aos jornalistas que mesmo com vacina devem ser mantidas todas as regras de segurança para se atenuar a transmissão do vírus.

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde estão a fazer a listagem dos utentes a vacinar, tendo por base os critérios definidos pela DGS, por fase e unidade de saúde. Esta listagem terá depois de ser disponibilizada aos agrupamentos de centros de saúde para que estes sejam contactados por sms por forma a se saber se querem ser vacinados. Se a resposta for sim, o utente receberá de imediato uma proposta de data para agendamento da sua vacinação. Se for não, já que a vacina é voluntária, o utente não será convocado para a vacinação.

Para se ter a certeza de que serão vacinadas todas as pessoas que estão incluídas nos grupos prioritários, quando e onde está a ser desenvolvido um sistema de monitorização da administração das vacinas que ficará ligado ao sistema de distribuição de stocks e agendamento. Um sistema que pretende garantir que o acompanhamento de processo de vacinação e a sua aplicação por região, local, tipo de vacina - a que laboratório pertencem - etc.

O processo de vacinação impõe também o acompanhamento ou a monitorização de todos os utentes vacinados e não vacinados para se poder perceber melhor também o impacto da eficácia da vacina na população. Impõe igualmente que seja estimada a efetividade da vacina na população por idade, sexo e até por patologias associadas. Impõe ainda que seja feita a monitorização de possíveis reações adversas.

Mas a logística implica também que seja dada formação aos profissionais que vão estar destacados para a vacinação, que estará a cargo da DGS e deverá começar em breve. Uma formação que tem de ter por base os requisitos da vacina, já que a da Pfizer exige transporte e manutenção abaixo dos 70 graus, e também a sensibilização dos profissionais para poder prestar informação e esclarecer dúvidas dos utentes. Quanto ao campo da comunicação, e para que a população possa estar cada vez mais informada sobre a vacinação, o plano de logística da vacinação envolve a construção de campanhas de informação em vários meios, através de plataformas próprias e ainda de uma linha de apoio.

Um dos aspetos mais importantes deste plano logístico é sem dúvida a operação de segurança às vacinas, que vai desde o transporte ao armazenamento, dos centros de vacinação às pessoas. De acordo com o documento ontem distribuído aos jornalistas, irá haver um forte dispositivo de segurança e de vigilância.

Os locais de armazenamento estarão sujeitos à vigilância policial, segurança de área e segurança de instalações. A eles só terão acesso pessoas acreditadas e só quando for mesmo necessário, estando também pensadas medidas se isolamento destes locais sempre que for necessário.

Para facilitar o transporte das vacinas será criado um dispositivo de desembaraçamento de trânsito, um dispositivo de segurança para acompanhar este transporte e, se necessário, ainda apoio aéreo. Os locais de carga e descarga de vacinas estarão sujeitos também a forte vigilância policial. Aliás, ao transporte de vacinas será também aplicado o princípio de transporte crítico, fazendo que seja controlado por um sistema de georreferenciação.

Nos centros de vacinação haverá forças de segurança a zelar pela vigilância no local, estando definido que deverão ser evitadas todas as concentrações excessivas que quebrem as regras de segurança e o distanciamento social. Por outro lado, caberá também às forças de segurança zelar pela segurança dos profissionais de saúde e dos utentes nos locais de vacinação.

A logística deste plano envolve igualmente a criação de duas salas de situação: uma de coordenação técnica para fazer controlo central da execução do plano e outra coordenada pelo SIS - Serviços de Informações de Segurança.

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