Quer viajar? Esqueça. Destinos preferidos dos portugueses continuam "em quarentena"

Os destinos mais procurados pelos portugueses, que habitualmente já viajam muito em junho, estão neste ano mais longe. O turismo continua congelado e a generalidade das viagens - as possíveis - obrigam a 14 dias de isolamento.
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Junho é, habitualmente, um dos meses preferidos pelos portugueses para viajar, mas este ano promete fugir à regra. Apesar de vários países europeus estarem já a pôr em prática planos de desconfinamento, que incluem a reabertura de fronteiras e a reposição de algum tráfego aéreo, as medidas de contenção à covid-17 continuam a ser bastante restritivas, com a maioria dos países a imporem uma quarentena de 14 dias a quem entre no seu território.

É o que está a acontecer em alguns dos destinos mais procurados pelos portugueses, nesta altura, em anos anteriores. A começar pelo território nacional: Ponta Delgada e Terceira são duas ilhas muito procuradas a partir do continente, mas quem chegue aos Açores por estes dias tem à espera uma quarentena obrigatória de 14 dias, que desde a passada semana é paga pelo visitante. De acordo com a nota que foi emitida pelo Governo regional, quem chegue e não seja residente no arquipélago pode escolhe, "entre um conjunto de unidades determinadas para o efeito", a unidade hoteleira onde ficará durante a quarentena.

Para o Funchal, a TAP vai passar a efetuar mais um voo semanal (passam a três), mas quem chega fica igualmente sujeito a quarentena obrigatória.

Embora os rankings dos destinos preferidos dos portugueses variem nas muitas tabelas divulgadas por agentes do setor, há presenças incontornáveis nessas listas. A começar por Barcelona, na Catalunha. Por agora, o acesso por via terrestre ao território espanhol continua condicionado pelo controlo de fronteiras entre Portugal e Espanha, estabelecido a 16 de março e que continuará em vigor até às 00.00 horas do dia 14 de maio. E o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, já disse na semana passada, numa audição na Assembleia da República, que a medida vai estender-se para lá desta data, não avançando um novo prazo para a abertura das fronteiras. O acesso por via aérea ao território espanhol será permitido a cidadãos do espaço Schengen, mas os visitantes ficam sujeitos a um período de isolamento de 14 dias.

Outra viagem frequente dos portugueses é para Itália, sobretudo para as cidades de Roma, Milão e Florença. Mas, para já, o país não admite a entrada de turistas: viajar para Itália só por razões de trabalho, com documento que comprove as obrigações profissionais, morada e contacto telefónico no país. E com a obrigatoriedade de 14 dias de isolamento à chegada.

Londres e Paris são outros destinos que ocupam os lugares cimeiros nas viagens dos portugueses, e foi precisamente por estas duas capitais europeias que a TAP reiniciou os voos para a Europa, já este mês. Mas as medidas de contenção à propagação da covid-19 também não diferem nestes dois países. A França, que prolongou o estado de emergência sanitária até 24 de julho, impõe uma quarentena de 14 dias a quem chegue, seja francês ou estrangeiro.

O mesmo será válido no Reino Unido. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, anunciou esta segunda-feira que será imposto um isolamento de duas semanas aos visitantes, com algumas exceções - quem chegue da Irlanda ou da França fica dispensado desta medida. A exceção para os cidadãos franceses deve-se a um protocolo assinado entre os dois países que isenta os cidadãos da obrigação de quarentena, de forma recíproca.

Uma solução que está, aliás, a ser ensaiada por outros países. Esta segunda-feira a ministra dos Transportes italiana, Paola de Micheli, avançou que está em contacto com várias capitais europeias para que sejam permitidos voos internacionais sem obrigação de quarentena. E precisou os países - Espanha, França e Alemanha.

Viajar para fora da Europa é ainda mais difícil. A TAP deverá retomar os voos para o Brasil - outro destino privilegiado dos portugueses - na próxima semana, com ligações a São Paulo e ao Rio de Janeiro. Mas o Portal das Comunidades Portuguesas, da responsabilidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros, continua a manter uma recomendação taxativa: "São totalmente desaconselhadas quaisquer viagens não essenciais para todo o território brasileiro".

Sinal das extremas dificuldades que se levantam ainda a quem queira viajar - e não só na entrada, mas também na limitação da oferta hoteleira e serviços - grande parte das agências de viagens continua encerrada ou em serviços mínimos e em situação de lay-off.

Limitações ao turismo mantém-se em todo o mundo

De acordo com um estudo divulgado esta segunda-feira pela Organização Mundial de Turismo (OMT), com dados recolhidos a partir de 27 de abril, o turismo permanece "paralisado" pela covid-19 - 100% dos destinos no mundo mantém restrições de viagens para turistas internacionais. Dos 217 destinos globais 156 (72%) pararam completamente o turismo internacional.

Segundo o relatório, citado pela agência Lusa, 83% dos destinos na Europa fecharam completamente as fronteiras do turismo internacional, enquanto na América a percentagem é de 80%, na Ásia e no Pacífico de 70%, no Médio Oriente de 62% e em África de 57%.

A OMT destaca, em comunicado, que "até agora nenhum destino levantou ou facilitou as restrições de viagens".

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