"Não sei se hoje teria o mesmo impacto".ANA MARKL, apresentadora de televisão, 39 anos."Nunca fui a maior fã de high fantasy e, no entanto, mal a série foi anunciada, fiquei com vontade de a ver - portanto, apanhei-a de início. Creio ter sido a minha veia de fã de terror que me possa ter puxado para o lado mais doentio deste universo. Para as pessoas que nunca viram: é muito mais do que fantasia. As personagens são incrivelmente bem escritas e há, em certas personagens, diálogos e plots (que são muitos), uma complexidade ao nível de uns Sopranos. Ou seja, independentemente de haver dragões amestrados e afins, há ali muita densidade humana. Já passaram muitos anos e já muita coisa mudou na forma de consumirmos séries desde que o Game of Thrones se estreou..Não sei se hoje em dia teria o mesmo impacto porque as pessoas já não têm paciência para fixar muitas personagens, não têm paciência para esperar pelo episódio seguinte, começam a ser insensíveis a narrativas mais lentas e estão obcecadas com artifícios baratos como os twists e os cliffhangers. É uma pena. O Game of Thrones ainda vem de um tempo em que era emocionante termos de esperar uma semana para percebermos as consequências daquilo que acabáramos de ver - sendo que 'aquilo que acabáramos de ver' era muitas vezes a morte de personagens aparentemente essenciais à narrativa. Esta série é implacável nisso: não deixa ganhar empatia por personagens - ou as mata ou as muda, trocando-nos as voltas à nossa bússola moral, deixando-nos sem âncoras afetivas. É isso que é delicioso..Muitas vezes, deixa-nos perdidos ou em conflito com as nossas simpatias. Eu sou aquela espectadora que espera pacientemente e a que não quer ter spoilers. Confesso que, na temporada anterior, quando saiu a notícia de que alguns episódios tinham leakado na internet, não me aguentei. Desta vez, serei cumpridora. Subscrevi a HBO e vou ver como manda a lei. Entre temporadas não tenho ansiedade nenhuma, há tantas outras séries que quero ver. Isso é que me provoca ansiedade: tanto para ver e tão pouco tempo. Deixa-me entusiasmada voltar à última temporada e não fico triste por não haver mais. Não quero que as boas séries durem sempre. Quero que sejam para sempre mas enquanto duram, como diz o chavão. Já se estragaram séries muito boas por não se saber parar."."Ficar nervoso por causa da série não faz o meu género".JOÃO CALDEIRA, técnico de espetáculos, 35 anos."Apanhei a loucura de Game of Thrones já a meio. Já tinha ouvido falar mas nunca me cativara, eu não sou uma pessoa de ver muitas séries, prefiro filmes. Mas uns amigos compraram os DVD das quatro primeiras temporadas e começaram a dizer-me que tinha de ver, que ia gostar. Comecei com calma, com tempo. E comecei a gostar, de facto. Da história, do argumento, o modo como a série representa a luta pelo poder. Depois também toda a produção é muito boa - os cenários -, é muito bem feita. Terminados os DVD acompanhei as restantes temporadas no canal SyFy, um episódio por semana. Ficar nervoso por causa de uma série de televisão não faz o meu género. Isto é diversão..Se causa angústia uma pessoa devia deixar de ver. Estou curioso por ver como é que isto vai terminar mas não vou mudar a minha vida para ver os episódios logo que saem. Entretanto, li os livros de George R. R. Martin, que são fantásticos e é preciso dizer que é uma pena que a partir da quinta temporada a série se afaste dos livros, os argumentistas foram muito impacientes e desperdiçaram imensas histórias e personagens que poderiam ter explorado mais. Acabaram por meter os pés pelas mãos..Nos livros há imensas histórias periféricas, como a Lady Stoneheart, que gostava de ver mais desenvolvida. A 4.ª temporada de Game of Thrones é das melhores coisas que foram feitas para televisão mas a partir daí os argumentistas insistiram nas batalhas e no derramamento de sangue e dispersaram-se muito."."Tem tudo: drama, romance, guerra, conflitos familiares, fantasia, dragões...".CAROLINA ALEXANDRE DA COSTA, estudante do 2.º ano da licenciatura em Restauração e Catering, 20 anos."Soube de Game of Thrones através de amigos e pensei: tanto alarido! Vamos lá ver o que é isto. Vi o primeiro episódio e não percebi muito bem o fascínio - mas não desisti. Só lá para o terceiro episódio é que comecei a gostar. O melhor da série é que tem tudo, tem drama, tem romance, tem conflitos familiares, tem guerra, tem fantasia e dragões... E depois passa-se num tempo antigo, que não sabemos muito bem qual é mas tem aquele ambiente medieval. Eu sempre gostei muito de séries históricas, como o Spartacus e o Human Empire. A minha personagem preferida é a Arya porque é uma lutadora, nunca desiste. Vejo os episódios na internet ou na televisão e tento não ficar muito stressada, mas quando temos de esperar dois anos por uma temporada é claro que dá nervos..Dois anos é demais, vamo-nos esquecendo dos pormenores e depois não temos tempo para ir ver as temporadas anteriores e lembrar das coisas. Não gosto de spoilers mas confesso que desta vez não consegui resistir e fui ver o que já se sabia sobre a última temporada. Acho que verei o primeiro episódio com um grupo de amigos - foi o que ficou combinado há dois anos. Espero bem que sim, vai ser bué emocionante. Dentro deste género, Game of Thrones é a minha série preferida. Mas gosto mais de Black Mirror. Bate todas as outras."."É como a última tournée da banda de que gostamos muito e não queremos perder".JOSÉ MANUEL PUREZA, professor universitário e vice-presidente da Assembleia da República, 60 anos."Não comecei a ver logo, logo. Mas tinha notícia de que era uma série muito interessante, os meus amigos iam-me dizendo maravilhas, então eu gravei a primeira temporada para ver com tempo. E fiz o mesmo com a segunda e a terceira temporadas. Depois as outras já fui vendo à medida que os episódios iam saindo. Gostei logo. De que trata Game of Thrones? Da disputa de poder. Depois tem uma série de outros temas e histórias mas, no fundo, é isso, a luta pelo poder..E trabalhando na área das relações internacionais encontro uma série de metáforas sobre disputas, interesses, alianças, conquista, exercício e manutenção do poder quer a nível nacional quer internacional. As personagens têm discursos riquíssimos deste ponto de vista. Às vezes, quando encontro colegas da academia, é comum haver uma ou outra referência, porque todos achamos a série muito interessante. Além disso, é uma superprodução, tudo é muito bem feito e um naipe de atores muito bons..A minha personagem preferida é o Tyrion Lannister, o anão, porque é o representante por excelência da realpolitik, passa por provações inimagináveis mas sempre com um sentido de humor enorme. Não estou nervoso à espera da próxima temporada mas é claro que se cria alguma expectativa, faz parte do jogo de uma grande produção. É como a última tournée daquela grande banda de que gostamos e que não queremos perder. Penso que tenho noção do peso relativo das coisas e não sou fanático, mas, por favor, não me marquem nada para a noite de dia 15. O que espero desta temporada é que continuem a tratar toda esta teia de tensões de poder com a mesma mestria com que o fizeram até aqui, de resto é-me razoavelmente indiferente o que é que acontece."