CP sem material para cumprir horários na Linha de Cascais

Oito comboios foram suprimidos em hora de ponta pela empresa nos dois primeiros dias com os novos horários. O ministro Pedro Marques é ouvido nesta quarta-feira no Parlamento por causa dos problemas na CP.
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A CP não tem material suficiente para cumprir os horários por si fixados para a linha de Cascais e que entraram em vigor no passado domingo, a tempo do regresso às aulas. Entre segunda-feira e ontem, a empresa cortou oito comboios, todos durante a hora de ponta, na linha que é utilizada por um quinto dos passageiros da empresa pública de comboios.

Os cortes na circulação registaram-se todos nos comboios entre o Cais do Sodré e Oeiras, conforme o DN/Dinheiro Vivo verificou na página da IP - Infraestruturas de Portugal, gestora da rede ferroviária nacional. Na segunda-feira, ficaram por realizar duas ligações; ontem, houve seis viagens que não foram feitas. "As supressões deveram-se ao excesso de imobilização do material circulante", confirmou a comissão de trabalhadores da IP. Os comboios entre o Cais do Sodré e Cascais andaram ainda mais cheios do que é costume na hora de ponta por causa desta situação.

A supressão de comboios verificou-se dois dias depois do início dos novos horários: na hora de ponta, entre o Cais do Sodré e Cascais, os comboios voltaram a partir de 12 em 12 minutos, em vez de 15 em 15. O mesmo acontece no troço entre o Cais do Sodré e Oeiras. Ao todo, são mais dois comboios por hora no período de maior afluência, de acordo com o horário introduzido no passado domingo, depois dos cortes em agosto.

Só que as coisas não têm corrido como o ministro do Planeamento e das Infraestruturas pretendia. No final de julho, Pedro Marques garantia que "no início de setembro já estarão novamente operacionais esses horários que nós queríamos que continuassem".

EMEF sem peças para comboios de Cascais

A Linha de Cascais opera com comboios que circulam há mais de 50 e 60 anos e que funcionam com corrente elétrica diferente face às restantes linhas portuguesas: 1500 volts em corrente contínua em vez de 25 000 volts em corrente alternada. Isto quer dizer que a linha só pode funcionar com aquele tipo de comboios e não com o material utilizado nos restantes serviços da CP.

A empresa de manutenção de comboios EMEF, contudo, não tem peças nem recursos humanos suficientes para cuidar deste material. Até ao final deste ano, prevê-se que mais de um quinto destes comboios fique parado nas oficinas, segundo as previsões da Adfersit - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes. Só que não está prevista qualquer compra de material novo para a Linha de Cascais.

"Não temos nada de concreto para [a aquisição de comboios] para a Linha de Cascais. Estará no plano nacional de investimentos [do governo] para 2030", adiantou na semana passada o líder da CP, Carlos Gomes Nogueira, no Parlamento, durante a audição na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.

Esta é a mesma comissão que nesta quarta-feira de manhã vai ouvir o ministro Pedro Marques sobre os problemas na ferrovia nacional, a pedido do CDS-PP. A audição irá decorrer quase uma semana depois de o governo ter aprovado a compra de 22 novos comboios regionais, que serão entregues entre 2023 e 2026. O governante será ainda ouvido por causa das obras na Ponte 25 de Abril, da reposição das ligações telefónicas destruídas pelos incêndios de outubro de 2017 e da reprogramação dos fundos comunitários.

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