Suporte Básico de Vida

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Estatísticas internacionais revelam que numa situação de paragem cardiorrespiratória cada minuto perdido corresponde, em média, à perda de 7% a 10% da probabilidade de sobrevivência. Ou seja, ao fim de 12 minutos, a taxa de sobrevivência ronda os 2,5%.

Atualmente, as doenças cardiovasculares ainda constituem a principal causa de morte na Europa, enquanto no nosso país ocorre uma vítima por hora, resultando em dez mil pessoas por ano.

Não restam, por isso, dúvidas de que a capacidade de identificar uma situação de paragem cardiorrespiratória e o conhecimento do suporte básico de vida (SBV) são fundamentais para minimizar a perda de vidas humanas.

O SBV consiste num conjunto de medidas, manobras e procedimentos técnicos uniformizados que visam prestar suporte de vida à vítima, até à chegada do suporte avançado de vida e do transporte até ao hospital.

Em Portugal, a taxa de sobrevivência da morte súbita cardíaca é muita baixa (menos de 3%), sobretudo em comparação com outros países europeus, onde a média de sobrevivência alcança os 20% ou 30%.

Tal disparidade pode ser justificada pela ausência de investimento nesta área, porque vários são os países do mundo em que o SBV é lecionado nas escolas, há vários anos, nomeadamente nos Estados Unidos da América (desde 1963), no Canadá (desde 1965), na Irlanda (desde 1971), na Bélgica (desde 1971), no Reino Unido (desde 1973), no Luxemburgo (desde 1977) e na Itália (desde a década de 1990).

A aposta no empowerment e literacia em saúde dos cidadãos, em particular, desde a idade jovem, com SBV, tem um impacto real no número de vidas salvas, em particular por desenvolver a capacidade de perceção e de intervenção numa situação de emergência.

Atualmente, em Portugal, existe o ensino de SBV no 9.º ano pelos professores das disciplinas de Ciências Naturais incorporado nos manuais escolares. Mas não basta. É fundamental alargar aos alunos dos 2.º e 3.º ciclos.

Por partilhar destas preocupações, a JSD apresentou uma proposta a recomendar ao governo que incorpore o ensino de suporte básico de vida e de desfibrilhação automática externa no currículo escolar dos alunos do 2.º e do 3.º ciclo do ensino básico e do secundário em anos alternados, com conteúdos adaptados a cada escalão etário, por forma a garantir que os alunos têm uma formação de dois em dois anos.

Além desta incorporação, deverão ser transmitidos os princípios básicos sobre como lidar com o número de emergência 112, assim como o estreitamento da relação entre as escolas e as corporações de bombeiros, o Instituto Nacional de Emergência Médica e as forças de segurança, tendo em vista possibilitar às crianças e aos jovens o conhecimento dos rostos e os procedimentos das respostas de emergência.

Estas são propostas que verdadeiramente fazem a diferença na vida das pessoas, sobretudo se tivermos sempre presente que tempo é vida.

Presidente da JSD

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