A greve dos professores está a atrasar o lançamento das avaliações, o que adia o processo de matrículas, a constituição de turmas, a definição do número de professores necessários e a elaboração dos horários para o próximo ano. Manuel António Pereira, presidente da direção da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), admite que "as coisas já estão a ficar atrasadas".."Teoricamente, a maior parte dos docentes vai de férias a 20 de julho. Se o processo de avaliações não estiver concluído, duvido que as escolas deixem os professores ir de férias. Vamos ter uma enorme quantidade de docentes a reclamar que lhes paguem as férias", avança..Questionado sobre se estes atrasos podem levar a um adiamento do início do próximo ano, Manuel Pereira diz que "há muito trabalho em standby à espera que se conclua este ano letivo". Por esta altura, prossegue, "o processo de preparação do próximo ano letivo devia estar adiantado, mas há áreas em que está muito atrasado"..Sem o processo de avaliação estar concluído, o responsável refere que "não se pode avançar com as matrículas, a constituição de turmas ou a definição do número de professores que vai ser preciso. Funciona tudo em cadeia"..Analisando a situação atual, o presidente da ANDE confessa estar "muito preocupado", porque "embora o ano letivo até possa começar na data prevista, há um longo caminho a percorrer e, neste momento, está tudo parado". Ressalva, no entanto, que "a situação não é catastrófica, porque é sempre possível recuperar à custa do trabalho de pessoas que não vão de férias"..Por tudo isto, Manuel Pereira considera que "é preciso que o Ministério da Educação encontre uma ponte de entendimento com os sindicatos e as escolas, para que o ano letivo possa ser preparado com paz e tranquilidade, o que não está a acontecer". Convocada por dez sindicatos, a greve às avaliações começou no início de junho, sendo o principal motivo de luta a contabilização para efeitos de progressão na carreira do tempo em que esteve congelada..Numa resposta enviada ao DN, o gabinete do ministro da Educação diz que "o âmbito da greve são as reuniões de avaliação e não todas as outras atividades das escolas, que incluem a preparação do ano letivo". Relativamente às férias dos docentes, indica que "a autorização de férias dos professores cabe aos diretores, cuja gestão é feita em função da conveniência do serviço".Esperança na reunião de dia 11.Contactado pelo DN, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), diz que deposita "alguma expectativa na reunião do dia 11" entre o Ministério da Educação e as organizações sindicais. Lembrando que há um pré-aviso de greve até 31 de julho por parte do Sindicato de Todos os Professores (STOP), o representante afirma que "queria que o dia 11 fosse uma luz ao fundo do túnel para as escolas, que o final do ano letivo fosse calmo"..Neste momento, diz Filinto Lima, "as avaliações já deveriam ter acabado há alguns dias e o foco já deveria estar todo no próximo ano". "Cada dia em que a solução tarda em chegar, é menos um dia para fechar este ano letivo e preparar o próximo", sublinha. Na sequência do comunicado enviado nesta quarta-feira pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que dizia que há diretores de agrupamentos a fazer pressão para que os pais matriculem os filhos sem saberem as notas, o presidente da ANDAEP garante que "os diretores não vão cometer ilegalidades"..Como na maioria dos casos o processo de matrícula é automático, os problemas maiores surgem sobretudo quando há mudança de ciclo de ensino ou de escola.Pais pedem tranquilidade.Para Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de pais (Confap), a situação é "preocupante". "O direito à educação inclui a avaliação. E ela não existe, não está formalizada", afirma, destacando que "esta turbulência e intranquilidade perturbam os jovens"..Se a situação se mantiver, Jorge Ascenção considera que "obviamente estará em causa o início do ano letivo e toda a sua organização". "Se isto continuar, vai começar mais tarde e acabar mais tarde. Isto perturba imenso a vida familiar", diz ao DN.