Tudo o que precisa de saber sobre os testes à covid-19 em 14 perguntas e respostas

Todos os dias saem notícias novas sobre testes à covid-19. Há uns que dão os resultados em 40, 50 ou 90 minutos, mas a maioria das pessoas que já fez um teste só ficou a saber se era negativo ou positivo na melhor das hipóteses 24 horas depois. Porquê? E qual é a diferença entre os testes de diagnóstico e os serológicos? É preciso prescrição médica ou qualquer pessoa pode fazer? Os seguros cobrem? Quanto custa? E onde fazer? A resposta a estas e outras perguntas já a seguir.
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Que tipo de testes são utilizados em Portugal para diagnóstico à covid-19?

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que é o laboratório de referência nacional, o teste utilizado para diagnóstico laboratorial à covid-19 é a pesquisa molecular de SARS-CoV-2 por RT-PCR (reverse transcriptase - polymerase chain reaction), pesquisa do ácido nucleico com uma reação de PCR em tempo real.

Em circular normativa conjunta, a Direção-Geral da Saúde (DGS), o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) esclarecem que "o diagnóstico de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 deve ser realizado exclusivamente por testes de deteção de componentes do vírus, sendo os testes de biologia molecular [RT-PCR] para a deteção de RNA considerados de referência, por apresentarem maior fiabilidade".

Que diferentes tipos de testes laboratoriais para a covid-19 existem?

Segundo a DGS, INSA e Infarmed, os testes podem ser classificados quanto ao componente biológico detetado: testes de biologia molecular, que detetam o RNA dos vírus, testes de antigénio, que detetam proteínas do vírus, e testes serológicos, que detetam anticorpos produzidos pelo organismo como resposta à infeção pelo novo coronavírus.

Os dois primeiros são realizados em amostras do trato respiratório superior e/ou inferior, enquanto os testes serológicos utilizam soro, sangue total ou plasma.

Os testes distinguem-se também pela sua automatização, sendo realizados em equipamentos laboratoriais de análise (testes automatizados) ou em dispositivos para diagnóstico in vitro, com baixa complexidade de execução técnica, permitindo a obtenção dos resultados em poucos minutos (testes rápidos).

Entre os aspetos que condicionam o resultado laboratorial está o tipo de amostra biológica, a qualidade da colheita e a dinâmica da carga viral. "Os estudos publicados até à data mostram que a probabilidade de um teste positivo decresce com o número de dias após o início dos sintomas."

No caso dos testes rápidos, realça-se que "não podem constituir um critério único na avaliação do estado do doente", devendo ser interpretados em conjunto com outros dados clínicos e/ou laboratoriais.

Quanto tempo demora os resultados?

Desde a sua entrada no laboratório, uma amostra leva, habitualmente, cerca de cinco horas até se obter um resultado. No entanto, neste momento são processadas e analisadas centenas de amostras por dia, o que pode fazer que leve mais algum tempo até se obter os resultados, explica fonte do INSA.

A generalidade dos laboratórios dá os resultados em 24 a 48 horas, embora salvaguarde que o tempo de espera pode ir até às 72 horas.

Em diversos hospitais portugueses, públicos e privados, estão disponíveis testes rápidos que oferecem resultados em 40 a 90 minutos, que são usados em situações excecionais como cirurgias, partos ou internamentos.

Porque é que os testes rápidos para diagnóstico de covid-19 só estão disponíveis em hospitais?

De acordo com o INSA, existem alguns laboratórios (hospitalares e em alguns privados) com esta metodologia implementada. No entanto, a grande mais-valia desta metodologia é em situações com carácter de urgência, nomeadamente cirurgias, partos, entre outras, porque este equipamento processa amostra a amostra, logo sempre que há urgências não é necessário esperar que uma análise termine para iniciar a seguinte. Para laboratórios que recebam um grande número de amostras, como é o caso do INSA, não é vantajoso, pois limita o processamento de um grande conjunto de amostras.

Os testes rápidos serológicos, também conhecidos como testes de imunidade, são válidos para diagnóstico?

Segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Direção-Geral da Saúde, o teste utilizado para diagnóstico laboratorial é a pesquisa de ácido nucleico de SARS-CoV-2 por RT-PCR.

Os testes serológicos identificam apenas a resposta de anticorpos ao vírus, mas não o próprio vírus, o que significa que é uma resposta indireta da presença do vírus, esclarece fonte do INSA.

A presença de imunoglobulinas (anticorpos) da classe IgG e IgM detetadas neste tipo de diagnóstico imunológico não pode ser utilizada em diagnóstico em doentes em fase aguda, uma vez que a presença destes anticorpos só começa a ser detetável após cerca de sete a dez dias após o início de sintomas.

Razão pela qual não é o teste indicado para a utilização em diagnóstico, já que poderia dar resultados negativos mesmo que o indivíduo já estivesse em fase aguda da doença.

Existe vantagem em fazer o teste serológico?

Até ao momento, os testes serológicos são utilizados sobretudo para estudos de imunidade, para verificar se a pessoa já teve ou não contacto com o vírus. Apesar da sua limitada utilidade clínica, estes testes podem ser utilizados em estudos epidemiológicos populacionais (de seroprevalência) e de investigação, esclarece o Infarmed.

E há desvantagem em fazê-lo?

A grande desvantagem destes testes está associada à baixa sensibilidade e especificidade dos mesmos, que pode originar resultados falsos positivos e falsos negativos.

Onde fazer o teste à covid-19?

O diagnóstico laboratorial é realizado nos laboratórios referenciados para o efeito, nas várias regiões de saúde, e cujas listas estão acessíveis nos sites da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Os laboratórios referenciados para o diagnóstico de SARS-CoV-2 incluem laboratórios hospitalares, privados, de universidades e centros de investigação e outros habilitados para o efeito. De entre estes, o INSA é o laboratório de referência nacional.

De acordo com o Infarmed, os testes têm de ser realizados em laboratórios hospitalares ou outros com biossegurança de nível 2, e em unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde que asseguradas as condições de higiene e biossegurança adequadas.

A Unilabs, em articulação com as várias ARS, tem Centros de Rastreio Móvel (drive thru) em diversos pontos do país e tem em circulação pelo Algarve, desde o início de julho, o Camião da Esperança, que até 14 de agosto realiza testes à covid-19 naquela região. Estará em Lagos até 7 de agosto e em Lagoa de 9 a 14 agosto.

É obrigatória prescrição médica?

Em situações de doença ou suspeita de doença e inquérito epidemiológico, é necessária a prescrição médica. No entanto, qualquer cidadão pode, junto dos laboratórios privados, realizar o teste de diagnóstico, sem prescrição, tendo, nesse caso, de efetuar o devido pagamento.

Quanto custam os testes?

Quando prescritos pelo delegado de saúde ou médico da ARS, o teste é comparticipado a 100%, ou seja, é gratuito para o utente.

Se forem realizados sem prescrição médica ou com prescrição de médico particular, os preços andam na ordem dos cem euros. Os testes serológicos não precisam de prescrição nem são comparticipados. Os preços podem ir de 40 a mais de 100 euros, conforme o laboratório.

São comparticipados pelas seguradoras?

A maioria das seguradoras já comparticipa o teste de diagnóstico à covid-19, mas mediante prescrição e justificação médica. Os testes serológicos não são comparticipados.

Quantos testes foram realizados em Portugal até hoje?

Segundo a worldometers, que agrupa dados sobre a pandemia de covid-19 em todo o mundo, já foram realizados em Portugal 1 671 422 testes, o que dá 163,965 por milhão de habitantes. Portugal ocupa neste momento do 26.º lugar em total de testes realizados e o 24.º em testes por milhão de habitantes, de acordo com esta contagem.

Quem viaja para a Madeira e Açores tem de fazer o teste antes?

Tem. E os governos de ambos os arquipélagos estabeleceram parcerias de forma a agilizar o processo, suportando os custos da análise.

O Governo Regional dos Açores realizou uma convenção com a Unilabs e o da Madeira estabeleceu uma parceria com a Universidade de Lisboa e o seu Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC).

Quem pretenda viajar de Portugal continental para um destes arquipélagos deve fazer o teste de despiste 72 horas antes do voo.

Quem viaja para Portugal continental tem de fazer o teste à covid-19?

Desde 1 de agosto e de acordo com despacho governamental, continua aberto o tráfego aéreo com os países que integram a União Europeia, os países associados ao Espaço Schengen (Liechtenstein, Noruega, Islândia e Suíça) e o Reino Unido, tendo sido duplicado o número de países externos à UE e ao Espaço Schengen que podem ter ligações aéreas regulares de e para Portugal, dado apresentarem um quadro epidemiológico positivo, de acordo com a lista constante da recomendação do Conselho da União Europeia. Essa lista integra os seguintes 12 países: Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Geórgia, Japão, Marrocos, Nova Zelândia, Ruanda, Tailândia, Tunísia e Uruguai.

Os voos de e para outros destinos serão permitidos apenas para a realização de viagens essenciais. A autorização de viagens essenciais estava limitada, até agora, a voos com origem em e para países lusófonos e EUA.

São consideradas viagens essenciais aquelas que permitem o trânsito, entrada ou saída de Portugal aos cidadãos nacionais da UE ou de países associados ao Espaço Schengen e respetivos familiares e aos estrangeiros com residência legal num Estado membro da UE, bem como aquelas que sejam realizadas por motivos profissionais, de estudo, de reunião familiar, por razões de saúde ou por razões humanitárias.

Os passageiros continuam a dever apresentar um teste negativo para rastreio do SARS-CoV-2, realizado nas 72 horas anteriores à partida. Excecionam-se apenas aqueles que estejam em trânsito e não tenham de deixar as instalações aeroportuárias.

Os cidadãos nacionais e estrangeiros com residência legal em Portugal e ainda o pessoal diplomático acreditado em Portugal que, a título excecional, não apresentem aquele comprovativo terão de fazer o teste à chegada, em instalações no interior do aeroporto, e a expensas próprias.

Caso se recuse a fazer o teste à chegada, incorre nos crimes de desobediência e de propagação de doença contagiosa, sendo notificado de imediato pelo SEF para a realização do mesmo, a expensas próprias, no prazo de 48 horas, sendo desta notificação informadas as autoridades de saúde e a força de segurança territorialmente competente da área da sua residência.

Relativamente aos cidadãos estrangeiros, será recusada a entrada em território nacional de todos os passageiros que embarcarem sem o teste realizado, sendo a companhia aérea objeto de uma contraordenação em caso de incumprimento.

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