Há 60 anos, Cunhal e nove camaradas fugiam de Peniche

Foi um episódio marcante do combate à ditadura. Será assinalado no sábado na fortaleza que foi uma das prisões de alta segurança do Estado Novo.
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Foi há 60 anos. No dia 3 de janeiro de 1960, Álvaro Cunhal e nove camaradas de cárcere, que ficaram conhecidos como os Dez de Peniche, fugiam da prisão de alta segurança de Peniche numa das mais espetaculares e marcantes ações de resistência ao regime do Estado Novo.

Além de Cunhal, os outros presos, todos militantes do PCP, eram Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues. O sinal para o início do plano de fuga foi dado pelo ator Rogério Paulo, já falecido, que parou um carro com o porta-bagagens aberto em frente ao forte. Era o sinal aguardado pelos presos.

No interior da prisão o grupo contava com um cúmplice, o guarda prisional José Alves. Os presos desceram um a um, por uma corda, as paredes da muralha. Depois, no fosso exterior, ainda saltaram um muro. Quando chegaram à vila havia três automóveis para os tirar dali. Esta fuga "só foi possível graças a um planeamento muito rigoroso e uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão", como se pode ler na inscrição oficial colocada no forte.

Do interior a comissão de fuga era composta por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes. No exterior, organizaram a fuga Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Otávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.

O PCP vai assinalar a efeméride. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, participa no sábado nas comemorações dos 60 anos da fuga do ex-líder comunista Álvaro Cunhal.

A evocação da data, intitulada "Fuga Rumo à Vitória", tem início pelas 15.00 com uma visita guiada aos pontos fulcrais da fuga na fortaleza de Peniche. Pelas 17.00, Jerónimo de Sousa, que em 2014 assistiu em Peniche à recriação da fuga por ocasião do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, participa agora na sessão solene evocativa dos 60 anos da fuga, no auditório do Edifício Cultural da Câmara Municipal de Peniche.

Quando aconteceu, a fuga teve repercussões nos principais órgãos de comunicação social a nível mundial, abalou o regime de Salazar, que tudo fez para capturar os fugitivos, tendo aumentado a repressão e elevado a segurança dentro das cadeias.

Num vídeo, realizado por altura do 25 de Abril de 2019, um ex-preso político recorda ao Diário de Notícias os dias passados naquela prisão:

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