Morte de D. Carlos e do príncipe herdeiro
O DN do dia 2 de fevereiro de 1908, também um domingo, titulava em toda a primeira página o atentado que tinha vitimado no dia anterior a família real. Anunciava a "Morte d'el-rei e do príncipe real D. Luiz Filippe".
"À população de Lisboa não vamos certamente dar uma notícia que, na sua parte essencial, a surpreenda, pois supomos, em vista da rapidez com que a nova se espalhou em toda a cidade, que ninguém já ignore os graves acontecimentos de ontem à tarde, dos quais resultou a morte d'el-rei D. Carlos e do príncipe real D. Luiz Filippe."
O lead da manchete continuava com uma explicação sobre o que tal acontecimento representava para a situação do país, guardando-se os pormenores do atentado na Praça do Comércio, em Lisboa, para as páginas interiores. Acontecimentos relatados numa escrita cheia de adjetivação, que mais lhe davam o tom de comentário.
Comentava-se também a vida que iria ter D. Manuel II, o filho mais novo de D. Carlos, que aos 18 anos teve de assumir os destinos do país. "Que dura e terrível lição para o moço príncipe que hoje começa, tão imprevista e abruptamente, o seu reinado! Oxalá o destino lhe seja mais favorável e os fados lhe corram mais propícios."
Nem por isso, provou a história. D. Manuel II só reinou até 10 de outubro de 1910, dia da implantação da Primeira República. Foi o último rei de Portugal.