A dois meses do congresso do CDS, do qual sairá o sucessor de Assunção Cristas, os três principais candidatos à liderança deixam a porta aberta para o partido entrar na corrida às presidenciais de 2021 com um candidato próprio. O que poderá introduzir um grão de areia na engrenagem de uma esperada recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. O tema vai também de malas e bagagens para Aveiro nos dias 25 e 26 de janeiro..Abel Matos Santos mostra-se mesmo desiludido com o mandato presidencial. "Em relação ao candidato presidencial, é uma candidatura unipessoal, portanto o CDS tanto pode ter um candidato próprio como apoiar um candidato em que o partido se reveja", diz ao DN o porta-voz da Tendência Esperança em Movimento, a ala mais conservadora do partido..O candidato à presidência centrista também sublinha que "não podem, existir tabus nesta matéria" e que "tem muito a ver com a figura que possa surgir, como candidato do CDS ou que o CDS apoie"..Insiste que o candidato a apoiar tem de refletir os valores do partido. E Marcelo Rebelo de Sousa reflete? A resposta é clara para Abel Matos Santos: "Infelizmente, o professor Marcelo Rebelo de Sousa se em alguns momentos e nalgumas matérias tem tomado posições consentâneas com a visão de sociedade que defendo e que entendo que o CDS deve defender, numa vasta área tem estado muito distante daquilo que entendo que deveria ter sido o seu posicionamento.".Também na corrida à sucessão de Assunção Cristas - que no último congresso do CDS tinha aberto a porta ao apoio do CDS a uma recandidatura do atual inquilino de Belém -, Filipe Lobo D'Ávila lembra que ainda não foi tomada nenhuma decisão formal sobre a apoio a qualquer candidato à Presidência da República em 2021. Desde logo, diz, porque não há ainda candidatos..Mas defende igualmente que deve ser deixada margem para o partido decidir livremente se quer ou não um candidato próprio. "As eleições presidenciais dependem de candidaturas individuais, pelo que o CDS deve manter todas as opções em aberto.".João Almeida, o candidato mais próximo da atual direção centrista, é o mais evasivo nesta questão das presidenciais. "Não havendo candidaturas apresentadas, o que posso garantir é que a decisão será debatida e tomada em conselho nacional.".Embora a prioridade do CDS seja resolver a sucessão de Assunção Cristas, o candidato vencedor no congresso de janeiro poderá querer marcar a diferença na opção sobre as eleições presidenciais e apontar para um candidato próprio. Embora seja consensual que se Marcelo Rebelo de Sousa avançar, como tudo indica que sim, qualquer candidato será esmagado pela popularidade do atual Presidente..Tanto Filipe Lobo D'Ávila como Abel Matos Santos defendem um regresso do CDS aos seus valores fundadores da democracia cristã e sempre foram profundamente críticos da direção de Assunção Cristas. Pelo que são aqueles que deixam, já à partida, maior margem para que haja um candidato que saia das fileiras centristas ou que esteja muito próximo delas..Montenegro incentiva Marcelo.No PSD, as presidenciais são um tema pacifico e não deve ensombrar o congresso marcado para fevereiro, na sequência das diretas de 11 de janeiro. Mas perante ainda a ligeira sombra de dúvida se Marcelo quer mesmo ir a um segundo mandato, o candidato à liderança Luís Montenegro resolveu dar um incentivo ao Presidente da República para que não tenha dúvidas..No Porto, numa sala com centenas de apoiantes, e naquele que foi o primeiro comício da candidatura à presidência dos sociais-democratas do ex-líder da bancada parlamentar do PSD, Montenegro salientou que Marcelo Rebelo de Sousa é "suprapartidário", mas que não será por isso que o PSD liderado por si vai deixar de o apoiar. E porque Marcelo, antigo líder do partido, é "fundamental e crucial" para a coesão interna e afirmação de Portugal.."Sei que a candidatura [de Marcelo] é suprapartidária, e sabemos todos que o modo como o atual Presidente da República exerce esse magistério é mesmo suprapartidário, as pessoas no PSD sabem, sentem isso muito bem. Mas, não obstante o respeito por esse princípio, quero dizer sem nenhum tipo de dúvidas que considero o professor Marcelo Rebelo de Sousa um elemento fundamental para a coesão interna de Portugal e um elemento crucial para a afirmação externa do nosso país.".Em outubro deste ano, Marcelo Rebelo de Sousa fazia depender a sua recandidatura dos exames médicos, um cateterismo, que entretanto fez com êxito..Sem querer responder qual seria a decisão sobre a recandidatura se tivesse de a tomar na altura, o Presidente fez uma leitura política: "O resultado das eleições legislativas não criou, no meu espírito, nenhum fator perturbador da recandidatura. A percentagem mais favorável a favor da recandidatura continua presente hoje."