É ao som de Melingo, em cuja música se fundem a tradição do tango com referências a mestres como Serge Gainsbourg, Nick Cave ou Tom Waits que tem início, hoje à noite, mais um Misty Fest, um festival de perfil abrangente, tanto no alinhamento como na dispersão geográfica, como mais uma vez se comprova nesta décima edição..O músico argentino, que atua no Convento de São Francisco, em Coimbra, é um dos poucos do cartaz deste ano a apresentar-se num espetáculo único, a par do que acontece também com a cantora espanhola Travis Birds, uma das mais recentes revelações da música independente do país vizinho, cujo concerto no Teatro de São Luiz, em Lisboa, a 6 de novembro, marca mesmo a sua estreia ao vivo além-fronteiras, como fez questão de salientar nesta entrevista ao DN..O Misty Fest distribui-se neste ano por 12 salas de dez cidades de norte a sul do país (ver caixa), que vão receber as atuações de gente tão diversa como as portuguesas Teresa Salgueiro e Maria Mendes, a brasileira Maria Gadú, o anglo-indiano Nitin Sawhney (que vem interpretar o histórico álbum Beyond Skin) ou o músico americano de jazz Kyle Eastwood, filho do realizador Clint Eastwood, que vem apresentar o novo disco Cinematic, composto por versões de algumas das mais icónicas bandas sonoras da história do cinema. .Do cartaz fazem ainda parte dois espetáculos especiais, como o que junta o produtor e músico espanhol Raül Refree com a fadista portuguesa Lina, para interpretarem um repertório de fados celebrizados por Amália Rodrigues, ou ainda o reencontro entre The Legendary Tigerman e Maria de Medeiros. Dez anos depois de a atriz ter participado no disco Femina, no qual interpretou uma versão de These Boots Were Made for Walking, de Nancy Sinatra, os dois voltam a cruzar-se em palco para recriarem uma série de músicas que marcaram a história do cinema..A estreia de Travis Birds.Considerada uma das grandes revelações da música indie do país vizinho, a cantora madrilena Travis Bird estreia-se em Portugal com um concerto único no Misty Fest, onde vem apresentar o álbum de estreia Año X, bem como alguns dos temas do novo disco, La Costa de Los Mosquitos, com edição prevista para o próximo ano.O que pode o público esperar desta sua estreia em palcos portugueses? Estive cá pela primeira vez há seis anos, a conhecer a cidade, mas profissionalmente, para tocar, é de facto a primeira vez. Aliás, não só é a primeira vez em Portugal como é também a minha estreia fora de Espanha. Nunca antes tinha tocado fora do meu país. Vou apresentar uma mistura de temas do meu primeiro disco com algumas das canções que vou incluir no meu próximo álbum, a editar no próximo ano, como Coyotes ou Madre Conciencia, que entretanto já lancei como singles..Como vai ser esse segundo disco? Vai ser um trabalho que, estou certa, vai conseguir comunicar muito bem com o público português, porque tem uma sonoridade mais folk, com reminiscências no fado, no flamenco e no tango. E, portanto, este concerto é uma excelente oportunidade para o mostrar aos portugueses. Vou apresentar-me num formato mais acústico, em que estarei apenas acompanhada por um cajon e pelas guitarras..No primeiro disco apresenta um universo musical muito variado, no que é que se inspirou para o criar? Não sei bem, porque a verdade é que todo o tipo de música me inspira. Sou assim muito de temporadas, em que mergulho por completo em determinados estilos musicais, dependendo, muitas vezes, até, do que me está a acontecer na minha vida pessoal. Ultimamente andei muito focada no folclore sul-americano, mas enquanto estudava só ouvia quase jazz. Ou então pode ser um grupo de hip hop que me entusiasma, que é algo que não tem nada que ver com a minha música, como aconteceu recentemente com os granadinos Ayax y Prok. O flamenco, claro, que comecei a ouvir em pequena, com os meus pais. Por isso é tão difícil, para mim, falar de influências. O que me inspira mais, para fazer música, são personagens, sejam da ficção ou da vida real, mas também tudo aquilo que vivo..É por isso que a sua música é tão cinematográfica? Sim, sem dúvida, eu também acho que é, porque eu própria também sou muito cinematográfica (risos)..E sendo assim tão cinematográfica, o que significou ver o tema Coyotes escolhido para o genérico da série televisiva El Embarcadero, dos mesmos produtores de La Casa de Papel? Foi incrível, porque me permitiu divulgar de uma outra forma a minha música, a um público muito mais amplo. O meu primeiro disco foi autofinanciado e não teve qualquer promoção. Foi através de um vídeo que coloquei no Instagram, em que tocava essa música ao piano, que o realizador da série me conheceu. Eu nem acreditei que era verdade, quando fui contactada..MISTY FEST 1 de novembro, Melingo, Convento de São Francisco, Coimbra.4 de novembro, Teresa Salgueiro, Casa da Música, Porto.5 de novembro, Nitin Sawney, Casa da Música, Porto 5 de novembro, Teresa Salgueiro, CCB, Lisboa 5 de novembro, Maria Mendes, Teatro São Luiz, Lisboa.6 de novembro, Nitin_Sawney, CCB, Lisboa 6 de novembro, Travis Birds, Teatro São Luiz, Lisboa.7 de novembro, Maria Mendes, Casa da Música, Porto 7 de novembro, Nitin Sawney, Convento de São Francisco, Coimbra.14 de novembro, Maria de Medeiros e The Legendary Tigerman, Teatro José Lúcio da Silva, Leiria.15 de novembro, Maria Gadú, Teatro Tivoli, Lisboa 15 de novembro, Kyle Eastwood, Convento de São Francisco, Coimbra.16 de novembro, Kyle Eastwood, Auditório de Espinho 16 de novembro, Maria de Medeiros e The Legendary Tigerman, Casa da Cultura de Ílhavo 16 de novembro, Maria Gadú, Convento de São Francisco, Coimbra.17 de Novembro, Kyle Eastwood, Casa da Música, Porto.18 de novembro, Kyle Eastwood, Casino Estoril, Cascais 18 de novembro, Maria Gadú, Casa da Música, Porto.22 de novembro, Lina_Raul Refree, Teatro São Luiz, Lisboa.23 de novembro, Maria de Medeiros e The Legendary Tigerman, Teatro São Luiz, Lisboa 23 de novembro, Lina Raul Refree, Centro Cultural e de Congressos, Caldas da Rainha.24 de novembro, Lina_Raul Refree, Convento de São Francisco, Coimbra.27 de novembro, Lina_Raul Refree, Theatro Circo, Braga.30 de novembro, Maria de Medeiros e The Legendary Tigerman, Teatro Sá da Bandeira, Santarém