Paddy Cosgrave, co-fundador e presidente executivo da Web Summit.
Paddy Cosgrave, co-fundador e presidente executivo da Web Summit. José Sena Goulão/Lusa

Web Summit: Governo ambiciona colocar o país na liderança da IA

Começou a Web Summit, um dos maiores eventos tecnológicos do mundo. Em Lisboa, são esperados mais de 70 mil participantes, 2500 startups e mil investidores.
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Foi com palavras de ambição que o ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, abriu ontem a Web Summit 2025, uma das conferências de tecnologia mais relevantes do mundo, cujo palco é Lisboa. Portugal "tem todas as condições para se tornar um líder mundial em Inteligência Artificial" (IA), afirmou na sessão de abertura da 10ª edição do evento, que irá decorrer até quinta-feira, e onde são esperadas mais de 70 mil pessoas. O país é "competitivo em termos de custos, tem forte impacto e ambição global", justificou.

Na abertura oficial dos trabalhos, com a presença do co-fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, e do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, Gonçalo Matias, sinalizou que "a jornada digital de Portugal depende da nossa capacidade coletiva de fazer o que a própria tecnologia faz melhor: aprender, adaptar e colaborar." No evento, onde marcarão presença mais de 2500 startups, mil investidores e 900 oradores, o governante deixou à plateia um desafio "simples, mas exigente: inovem, experimentem, sonhem".

Gonçalo Matias, que participou na abertura do evento em representação do primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu que "a tecnologia é hoje uma força que nos desafia a repensar a forma como governamos, como decidimos e como servimos". Na sua opinião, a IA, os dados e a transformação digital "estão a remodelar a nossa economia, a nossa administração e até a própria ideia de governação".

A Agenda Nacional de Inteligência Artificial, iniciativa da Estratégia Nacional Digital focada no talento, infraestruturas e inovação e investigação, está "prevista para as próximas semanas" e permitirá "ligar tecnologia, economia e soberania, posicionando Portugal como um polo de IA responsável e de inovação", afirmou ainda. Para preparar o país para esta transformação, o governante lembrou o objetivo de capacitar mais de dois milhões de cidadãos até 2030 em competências digitais básicas e avançadas, o lançamento da Amália, a IA portuguesa, e a aposta na captação de investimento em centro de dados.

Na ocasião, o ministro frisou que o país está a posicionar-se "como um dos principais centros europeus de gigafábricas de IA, com um investimento estimado superior a 16 mil milhões de euros". Gonçalo Matias defendeu que Portugal tem "uma posição estratégica verdadeiramente excecional". Como elencou, "é um hipercentro de cabos submarinos que ligam o mundo, enquanto Lisboa figura entre as cidades transcontinentais mais interligadas do mundo", a que se soma "um ecossistema profissional altamente qualificado".

178 portuguesas

Esta 10ª edição da Web Summit conta com 178 startups portuguesas, especialmente focadas na IA, saúde e educação. São empresas que são apoiadas pela Startup Portugal e pela Unicorn Factory Lisboa. A conferência é vista como um espaço privilegiado para a promoção destes novos negócios. Segundo disse à Lusa, o presidente executivo da Unicorn Factory Lisboa, Gil Azevedo, é um palco "que vamos poder dar às startups portuguesas de conseguirem ter aqui contactos a nível internacional".

Gil Azevedo revelou que a Unicorn Factory foi contactada por 25 delegações internacionais que demonstraram interesse em vir a Lisboa conhecer o projeto. “Temos mais de 25 delegações internacionais que nos pediram para vir conhecer o nosso projeto, o projeto Unicorn Factory Lisboa, e conhecer o ecossistema da cidade e, portanto, a nível de grandes números temos uma expectativa muito positiva em relação à Web Summit”, afirmou.

De além fronteiras, estão por estes dias em Lisboa representantes de gigantes tecnológicos como a Google, Amazon, Microsoft, Meta, Nvidia, Oracle, IBM, Uber, TikTok, entre muitas outras. Previstas estão as presenças do presidente da Microsoft, Brad Smith, Evan Sharp, co-fundador do Pinterest, Biz Stone, co-fundador do Twitter ou Alex Schultz, administrador do departamento de marketing da Meta. A antiga tenista Maria Sharapova ou o influenciador Khaby Lame são outras das figuras internacionais que se encontram pela capital portuguesa para participar no evento.

Uma das novidades do certame deste ano é o China Summit, onde (como indica o nome) o destaque vai para as tecnológicas chinesas. Estas empresas vão aproveitar o evento para fazer a ponte com o mundo ocidental.

Foi já em 2016 que Lisboa recebeu a primeira Web Summit, que, desde aí, passou a ter periodicidade anual na capital portuguesa. Entretanto, em 2018, os diferentes governos, autarquia de Lisboa e Web Summit comprometeram-se em manter a conferência na cidade por mais dez anos e a não realização de eventos concorrentes na Europa nesse período. A contrapartida é a atribuição de 11 milhões de euros por cada edição. Até 2028, o evento continuará a ter o palco em Lisboa.

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