Von der Leyen
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Von der Leyen fala em “dia histórico” por UE deixar de importar gás russo

Para a presidente da Comissão Europeia, "este é o início de uma nova era, a era da verdadeira independência energética da Europa em relação à Rússia”.
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A presidente da Comissão Europeia considerou que esta quarta-feira, 3, é um “dia histórico” por os países e eurodeputados da União Europeia (UE) terem acordado deixar de importar gás russo até 2027, falando num “virar da página” da dependência energética da Rússia.

“Hoje é realmente um dia histórico para a nossa união. Ontem [terça-feira] à noite, chegámos a um acordo provisório sobre a proposta da Comissão de eliminar totalmente os combustíveis fósseis russos”, disse Ursula von der Leyen, num ponto de imprensa sem perguntas em Bruxelas.

“Estamos a virar essa página e estamos a virá-la para sempre. Este é o início de uma nova era, a era da verdadeira independência energética da Europa em relação à Rússia”, acrescentou a responsável.

Na terça-feira à noite, os eurodeputados das comissões da Indústria, Investigação e Energia e do Comércio Internacional do Parlamento Europeu, bem como a presidência dinamarquesa do Conselho da UE, concordaram em proibir as importações de gás natural russo a partir da entrada em vigor do regulamento, no início de 2026, para o gás natural liquefeito (GNL) no mercado spot, e a partir de 30 de setembro de 2027 para o gás transportado por gasoduto.

Apesar de serem admitidas algumas exceções para os Estados-membros que enfrentem dificuldades para atingir os níveis de armazenamento exigidos, o mais tardar até novembro de 2027 a UE vai eliminar todas as importações de gás russo.

“Muitos acreditam que isso seria impossível. Bem, os números falam por si e deixem-me dar-vos alguns hoje: as importações de gás russo, tanto GNL como por gasoduto, baixaram de 45% no início da guerra para 13%; as importações de carvão baixaram de 51% no início da guerra para zero atualmente; e as importações de petróleo bruto baixaram de 26% para 2% atualmente”, elencou a líder do executivo comunitário.

Portugal é um dos oito Estados-membros da UE que terão de encontrar alternativas às importações de gás russo, dado que o país ainda importa GNL da Rússia, embora em proporções relativamente pequenas.

“No início da guerra, pagávamos [na UE] à Rússia 12 mil milhões de euros por mês por combustíveis fósseis e, agora, reduzimos para 1,5 mil milhões por mês, o que ainda é demasiado. O nosso objetivo é reduzir esse valor para zero”, adiantou Ursula von der Leyen.

Também presente neste ponto de imprensa, o diretor executivo da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, comentou que “a Rússia era até agora a principal abastecedora da energia europeia e hoje essa saga chega ao fim”.

Já o comissário europeu da Energia, Dan Jørgensen, falou num “bom dia para a Europa e para a Ucrânia e num dia muito mau para a Rússia” por a UE “cortar finalmente a torneira do gás russo”.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e, desde então, a UE tem tentado reduzir a sua dependência do gás russo através da diversificação do abastecimento e do armazenamento.

Em 2024, Portugal importou cerca de 49.141 GWh (gigawatt-hora) de gás natural, dos quais aproximadamente 96% eram GNL. Do total do GNL, cerca de 4,4% teve origem na Rússia.

Além disso, a quota russa nas importações de GNL em Portugal caiu de cerca de 15% em 2021 para 5% em 2024.

Von der Leyen
UE acorda interdição da importação de gás russo até ao outono de 2027

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