Vila Galé fecha 2024 lucros recorde de 106 milhões de euros
2024 foi o melhor ano de sempre para o turismo do país e os bons ventos sopraram também a favor da operação dos hoteleiros. A Vila Galé encerrou 2024 com lucros recorde de 106 milhões de euros no conjunto da operação em Portugal, na Espanha e no Brasil, o que representa uma subida de 6% face a 2023.
As receitas globais das três geografias somaram 290 milhões de euros. Em Portugal, as receitas totalizaram 172 milhões de euros (158 milhões de euros em 2022), num crescimento de 9%. No Brasil, apesar de a ocupação dos 11 hotéis não ter crescido, o aumento dos preços permitiu o avanço das receitas em 6% para os 680 milhões de reais (110 milhões de euros), que comparam com os 640 milhões de reais no ano anterior (603 milhões de euros). Já em Espanha, onde o segundo grupo maior grupo hoteleiro do país se estreou em 2024, as receitas atingiram os 6,6 milhões de euros.
Os números históricos fizeram-se à boleia da procura turística que se traduziu, em Portugal, num incremento do número de hóspedes em 5%. A taxa de ocupação média nas 32 unidades do grupo em Portugal fixou-se em 55%, 4% acima do ano anterior. As tarifas cobradas pelo alojamento também foram mais caras, resultando num preço médio por noite de 120 euros.
“Mantivemos uma onda de turismo positiva nas duas principais geografias onde estamos presentes. Quer Portugal quer o Brasil tiveram um comportamento positivo em 2024 face a 2023. Crescemos mais em hóspedes do que em quartos ocupados porque os hotéis que temos vindo a desenvolver no interior do país têm estadas relativamente mais curtas do que os hotéis no Algarve ou na Madeira e precisam de mais clientes para produzir mais quartos ocupados”, explicou esta terça-feira, 28, o administrador da Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida , num encontro com jornalistas.
Sobre o aumento dos preços, o empresário sublinhou que "Portugal não está a perder competitividade". "Portugal era mais barato do que a maioria das cidades europeias e houve uma aproximação, mas continua a ser competitivo do ponto de vista do preço", garantiu.
Olhando para o perfil dos clientes, o gestor destacou a boa performance dos residentes que representam, atualmente, 45% da ocupação dos hotéis. “Contrariamente ao que se foi dizendo ao longo do ano passado, o mercado interno continua a crescer e, no nosso caso, cresceu 6%. Continua a ser o nosso principal mercado”, assegurou.
Gonçalo Rebelo de Almeida destacou ainda procura dos turistas dos Estados Unidos e do Canadá, que disparou 30% e 20%, respetivamente. Já o mercado alemão cresceu 23%. Por outro lado, a procura arrefeceu nos mercados da Espanha (-5%) e da França (-10%).
“O mercado norte-americano tem proporcionado estadas mais longas em Portugal tem tido a apetência de descobrir outras regiões e não se focar apenas nos grandes centros. Está a penetrar no Alentejo, a entrar para o Douro já com alguma presença no Algarve e tem alargado a sua presença a todo o território”, constatou, sublinhando, o “efeito positivo da valorização do destino”.
“Começou a haver ainda alguns sinais ténues de retoma dos mercados asiáticos, mas com pouca expressão. Estes mercados recuaram na pandemia, mas já se nota que estão a recuperar”, apontou também.
Sobre as perspetivas para os próximos meses, Gonçalo Rebelo de Almeida disse estar otimista, apesar do cenário mundial "conturbado" e referiu esperar um crescimento superior a 2024. "As reservas que temos em carteira, atualmente, apontam para um crescimento tanto em ocupação como em receitas", vincou.
Em 2024, a Vila Galé abriu três hotéis. Em Portugal, foi inaugurado o Vila Galé Collection Figueira da Foz, unidade que resultou da reabilitação do antigo Grande Hotel da Figueira. Lá fora, a estreia em Espanha aconteceu em Huelva com a abertura do Vila Galé Isla Canela. Já no Brasil, o grupo abriu a 11ª unidade, o Vila Galé Sunset Collection, em Cumbuco.
A Vila Galé conta, atualmente, com um portefólio de 45 hotéis: 32 em Portugal, 11 no Brasil, um em Cuba e um Espanha, numa oferta total de 9800 quartos e 24 mil camas. O grupo emprega ainda 4500 funcionários.
Vila Galé diz que tem feito “das tripas coração” para levar investimentos avante
A carteira de projetos que o grupo tem desenvolvimento é musculada e o portefólio continuará a crescer nos próximos meses com a abertura de quatro hotéis. Embora a sede de investir se mantenha pujante, a Vila Galé tem enfrentando desafios no licenciamento de algumas obras.
“O que este país precisa é de gente que faça coisas. Só quem não faz nada é que não tem chatices e há gente que não tem o que fazer e que se entretém a chatear quem faz”, disse Jorge Rebelo de Almeida.
O presidente da Vila Galé garante que “tem feito das tripas coração” para levar alguns projetos avante que têm esbarrado em burocracias e procedimentos legais. O fundador do grupo que conta com três décadas de vida aponta a obra em Ponte de Lima, como exemplo, no âmbito do embargo colocado ao projeto pela câmara municipal, entretanto levantado.
“O Paço do Curutelo está embrulhado numa grande guerra que temos aberta com [o ministério da] Cultura que nos devia levar ao colo porque temos provas dadas em edificíos históricos que recuperámos, mas mesmo assim escolheram-nos para nos fazer guerra. Temos cinco projetos encalhados, mas acredito que a ministra da Cultura nos vai ajudar. A máquina burocrática que temos na Cultura e noutros serviços do Estado é difícil de superar”, lamentou o presidente.
“Somos a empresa que mais tem apostado no interior do país, com grande risco, com grande ousadia e grande vontade de ter responsabilidade social e de ajudar o desenvolvimento do país. Da leva de projetos que temos em cima da mesa continua a haver uma grande aposta no interior”, adiantou.
Olhando para a lista de projetos em curso, no próximo mês de fevereiro será inaugurado o Vila Galé Casas D’Elvas Historic Hotel num investimento de 10 milhões de euros, que contempla 44 quartos, e que resulta da reabilitação das instalações antiga fábrica de ameixas, dos edifícios do aljube eclesiástico e do conselho de guerra.
A 25 de abril abre portas o Vila Galé Collection Ponte de Lima Vineyards Historic Country Resort Hotel, Conference & Spa, no distrito de Viana do Castelo. A unidade hoteleira junta-se à Adega Paço do Curutelo, um projeto de enoturismo e produção de vinhos verdes, inaugurada no ano passado após um investimento de 3,4 milhões de euros.
Nos próximos dois anos está prevista a abertura do Vila Galé Collection Tejo – Country Resort Hotel Convention, Spa & Equestrian Sports, que irá nascer da reabilitação da Quinta da Cardiga, na Golegã. O investimento de 20 milhões de euros avançará em duas fases distintas: a primeira, que deverá estar concluída em junho de 2026, contempla 71 quartos e pressupõe a recuperação do núcleo principal da quinta, composto pelo Palácio, Lagar e Celeiro. Numa segunda etapa, em 2027, a oferta será alargada com mais 45 unidades de alojamento e um salão de eventos.
No que respeita ao Brasil, a lista de investimentos começa a aumentar já em abril, com a abertura do Vila Galé Collection Ouro Preto, o primeiro hotel em Minas Gerais cujo investimento ascende aos 80 milhões de reais (15 milhões de euros).
Em outubro, e a tempo de responder à procura da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), inaugura o Vila Galé Collection Amazónia Belém. O hotel boutique com 206 apartamentos custou 180 milhões de reais (29 milhões de euros) .
Olhando para 2026, está na calha o Vila Galé Coruripe, em Alagoas, dividido em quartos (80 milhões de reais, 13 milhões de euros) e apartamentos (120 milhões de reais, 19 milhões de euros) e cuja abertura está calendarizada para maio. A oferta em Alagoas será ainda reforça com o Vila Galé Nep Kids.
O Maranhão irá também receber dois hotéis da insígnia portugesa, numa aposta de 105 milhões de reais (17 milhões de euros). O Vila Galé São Luís e o Vila Galé Maranhão serão erguidos no centro histórico de São Luís e contarão com 67 e 45 apartamentos, respetivamente.
O grupo irá também avançar com um investimento em Santarém que resultará da reabilitação do quartel da Cavalaria. Em pipeline está ainda um projeto em Miranda do Douro, a unidade no Paço Real de Caxias e um hotel em Penacova que será dedicado à história do humor.
A Vila Galé deslinda ainda que continua à procura de oportunidades para expandir a operação em Espanha, apontando Madrid, Barcelona, Sevilha ou Bilbau como destinos de interesse.