A TAP chega ao final de 2025, data prevista para concluir o plano de reestruturação acordado com Bruxelas, com grande parte das medidas executadas, mas com compromissos ainda por cumprir, abrindo a porta a um eventual alargamento do calendário.A reestruturação da companhia aérea foi aprovada pela Comissão Europeia em dezembro de 2021, permitindo a atribuição de auxílios estatais destinados a garantir a viabilidade da TAP após o impacto da pandemia de covid-19. O plano foi negociado pelo Governo liderado por António Costa e enquadrado nas regras europeias de concorrência, com medidas que incluíram redução de dimensão, alienação de ativos não essenciais e limitações à expansão da empresa.Ao abrigo deste plano, o Estado português injetou 3,2 mil milhões de euros, através de aumentos de capital e instrumentos financeiros, tornando-se acionista a 100% da companhia aérea.Uma das componentes centrais do plano foi a redução da estrutura de custos, incluindo cortes significativos no emprego. Entre 2021 e 2022, a TAP reduziu o número de trabalhadores através de despedimentos, rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas. No final de 2021, a TAP contava com aproximadamente 6.626 trabalhadores, registando uma redução de 1.480 colaboradores em relação a 2020, quando tinha cerca de 8.106.Nos anos seguintes, a companhia iniciou um processo gradual de readmissão, reintegrando 925 dos 1.514 trabalhadores dispensados durante a pandemia, em especial tripulantes e técnicos, para dar resposta à recuperação da operação.A TAP aplicou também cortes salariais, inicialmente de 25%, reduzidos posteriormente para 20%, com atualização da garantia mínima para 1.520 euros, refletindo tanto a negociação com sindicatos como ganhos de eficiência.A frota foi também redimensionada, passando de cerca de 108 aeronaves em 2019 para um máximo de 99 aviões autorizado pela Comissão Europeia, e a rede de rotas foi ajustada, com redução de frequências e concentração em mercados estratégicos como a Europa, a América do Norte e o Brasil.O desempenho financeiro da TAP superou as expectativas do plano. A companhia registou lucro líquido de 65,6 milhões de euros em 2022, regressando aos resultados positivos antes do previsto, depois de um prejuízo de 1.600 milhões em 2021. O plano de reestruturação previa que a TAP só atingisse resultado operacional positivo em 2023 e lucro líquido em 2025, metas que foram ultrapassadas antecipadamente.No plano societário, a TAP avançou com várias operações internas consideradas essenciais para a estabilização do grupo, incluindo a concentração de participações e a preparação da empresa para um processo de privatização parcial que foi sofrendo avanços e recuos ao longo dos últimos anos.Este ano, o Governo de Luís Montenegro aprovou o decreto-lei que prevê a venda de até 44,9% do capital, com 5% reservados aos trabalhadores, tendo despertado interesse junto dos três grandes grupos do setor europeus: Air France-KLM, IAG - dona da Iberia e British Airways - e Lufthansa. .Parpública recebeu três declarações de interesse pela privatização da TAP.Alargado o prazo para a alienação da participação de 51% da TAP na CateringPor e de 49,9% na SPdH, antiga Groundforce. Apesar dos progressos, nem todas as obrigações previstas no plano foram cumpridas dentro do prazo inicialmente estabelecido. A Comissão Europeia confirmou à Lusa que foi alargado o prazo para a alienação da participação de 51% da TAP na CateringPor e de 49,9% na SPdH, antiga Groundforce, medidas que estavam previstas para serem concretizadas até ao final de 2025.Contactada pela Lusa, fonte oficial da área da Concorrência do executivo comunitário referiu que “o prazo para a alienação das duas subsidiárias da TAP foi alargado”, sem indicar novas datas nem esclarecer se esta decisão implica um prolongamento formal do plano de reestruturação, tal como o Governo português.Em respostas à Lusa, o Ministério das Infraestruturas recordou declarações recentes do ministro Miguel Pinto Luz sobre a exclusão destas participações do processo de privatização, acrescentando apenas que “o Governo está em articulação com a Comissão Europeia sobre este tema”.No caso da Manutenção e Engenharia no Brasil (M&E Brasil), a companhia encerrou a atividade em 2022 após tentativas de venda sem sucesso, o que envolveu o despedimento de mais de 500 trabalhadores.Nos próximos meses, a Comissão Europeia avaliará o fim do plano de reestruturação da TAP e o cumprimento das metas acordadas, em coordenação com o Estado português. Se as metas forem consideradas cumpridas, a TAP ficará isenta de algumas restrições, incluindo o limite de 99 aviões e a proibição de adquirir outros ativos..TAP: Governo enaltece interesse pela 1.ª vez de 3 grupos aéreos líderes na Europa .Tribunal determina averiguação dos motivos da insolvência da TAP SGPS