O ano avizinha-se negro para o setor automóvel e a Stellantis já fez as contas preliminares. Até dezembro, as tarifas norte-americanas sobre os carros importados irão impactar a quarta maior fabricante do mundo em cerca de 1,5 mil milhões de euros - no primeiro semestre o rombo ascendeu aos 300 milhões de euros. O grupo que gere 15 marcas, entre as quais a Peugeot, a Fiat ou a Citroen, está já em negociações com as autoridades dos Estados Unidos, onde produz 16 milhões de carros, com o objetivo de minimizar a pressão das tarifas, principalmente nos veículos feitos no Canadá e no México, geografias responsáveis pela fabricação de quatro milhões de automóveis. A estratégia para compensar os danos na tesouraria passam pela aposta em novos lançamentos de modelos que estavam descontinuados como o Jeep Cherokee e o Dodge Charger. O objetivo, explicou ontem o CEO do grupo, Antonio Filosa, é reduzir os custos de produção de forma “a compensar os efeitos das tarifas”, cita a Associated Press (AP). .Prejuízos de 2,3 mil milhões pressionam contas.“O primeiro semestre foi incrivelmente difícil e está muito longe de onde queremos e precisamos estar”, admitiu Filosa no mesmo dia. O cenário foi traçado numa conversa com analistas financeiros a propósito da apresentação dos resultados da empresa relativos à primeira metade do ano. Entre janeiro e junho o grupo registou prejuízos de 2,3 mil milhões de euros que comparam com os lucros de 5,6 mil milhões de euros do mesmo período de 2024. Já as receitas caíram 13% para 74,2 milhões de euros, um declínio “impulsionado principalmente pelas regiões da América do Norte e Europa Alargada”, parcialmente compensado pelo crescimento na América do Sul. Em termos operacionais, o grupo reportou perdas de 2,7 milhões de euros, que foram amenizadas pelos 614 milhões de euros amealhados em benefícios fiscais. No balanço pesaram ainda os custos com a reestruturação de 522 milhões de euros e os 239 milhões de euros relativos à campanha dos airbags TakataEsta foi a primeira vez que o italiano, que assumiu o cargo de presidente executivo do grupo a 23 de junho, sucedendo ao português Carlos Tavares, falou com os especialistas. E as novidades não foram boas, com a fabricante automóvel a justificar a entrada no vermelho com os impactos das taxas de câmbio desfavoráveis, das tarifas e com as quedas nos volumes da indústria europeia de veículos comerciais ligeiros. “As minhas primeiras semanas como CEO reafirmaram a minha forte convicção de que vamos corrigir o que está errado na Stellantis, aproveitando tudo o que está certo na Stellantis (...) O ano de 2025 está a revelar-se um ano difícil, mas também de melhorias graduais. (...) A nossa nova equipa de liderança, embora realista quanto aos desafios, continuará a tomar as decisões difíceis necessárias para restabelecer o crescimento rentável e melhorar significativamente os resultados”, afirma o CEO no comunicado de resultados financeiros do grupo.Apesar dos desafios dos primeiros seis meses, o novo líder da multinacional está otimista. “Os sinais de progresso são evidentes quando se compara o primeiro semestre deste ano com o segundo semestre do ano passado”, assegura. A Stellantis deu início à aplicação das suas diretrizes financeiras para o segundo semestre do ano e espera um aumento nas receitas líquidas bem como melhores resultados industriais até dezembro.O grupo planeia ainda lançar 10 novos modelos este ano, incluindo três produtos STLA Medium; Jeep Compass, Citroën C5 Aircross e DS Nº8, complementando os recém-lançados Peugeot 3008, 5008 e Opel/Vauxhall Grandland baseados na plataforma STLA Medium.Recorde-se que depois da saída de Carlos Tavares, em dezembro de 2024, a fabricante internacional automóvel anunciou, a 28 de maio, Antonio Filosa como sucessor. .Italiano Antonio Filosa sucede a Carlos Tavares como CEO da Stellantis.Acionistas da Stellantis aprovam pagamento de 23,1 ME a ex-CEO Carlos Tavares