A Ryanair quer que o novo governo assuma como urgente solucionar o problema dos atrasos e das longas filas no controlo dos passaportes nos aeroportos portugueses. Em entrevista ao DN, o diretor de operações da companhia low cost diz mesmo que deveria ser “a prioridade número um” do executivo. A solução passa por colocar mais polícias a verificar os documentos, defende Neal Mcmahon. E diz mesmo que há países que recorreram ao Exército para dar resposta aos passageiros. Em Portugal, há turistas que ficaram mais de duas horas a aguardar pelo controlo dos passaportes. Neal Mcmahon alerta que o verão está à porta e vai trazer muitos turistas para o país. Na sua opinião, “muitos dos problemas que temos na indústria da aviação são complicados, mas este é um problema fácil de resolver”. Têm-se verificado grandes dificuldades no controlo dos passageiros nos aeroportos portugueses. Qual o impacto na operação da Ryanair?Nas últimas semanas, tivemos filas realmente longas nos aeroportos de Faro, Porto e Lisboa. Por duas razões: as máquinas de controlo de passaportes não estão a funcionar e não há pessoal suficiente. Isto está a causar grandes perturbações para os passageiros, tanto nas chegadas como nas partidas. Quando chegam, por exemplo, a Faro, podem estar mais de duas horas à espera para passar o controlo de passageiros. Nas duas últimas semanas, tivemos 270 passageiros que perderam os seus voos. São números realmente altos. É inaceitável o serviço que está a ser prestado. As longas filas são a primeira impressão das famílias que vêm para Portugal de férias. Já falaram com a ANA?Nós pedimos à ANA para resolver o problema, mas não conseguiu. Nós achamos que o novo governo português tem que assumir como prioridade número um a resolução deste problema. A razão pela qual deve ser a prioridade número um é porque nós estamos a caminhar para a temporada de verão. A Ryanair tem previstos 13 milhões de passageiros em Portugal este ano.Como se poderá resolver? A solução é muito fácil. É preciso pôr mais pessoas no controlo de passageiros. Se as máquinas não funcionam, põem-se mais polícias a trabalhar. Volta-se ao sistema antigo. Há alguns países que puseram o Exército a verificar a documentação dos passageiros. Não podemos ter estes longos atrasos em Faro, no Porto e em Lisboa. Não é aceitável para os passageiros e não é aceitável para nós enquanto companhia aérea. Faro e Lisboa foram os aeroportos onde se verificaram os maiores atrasos e filas de espera? Sim. Os maiores problemas foram em Faro e Lisboa, mas também tivemos problemas no Porto. Isto parece ser um problema português. Não temos orgulho em dizer, mas Portugal é o pior país no controlo de fronteiras em toda a Europa. O problema parece ser as novas máquinas. Se as novas máquinas não funcionam, regressemos ao método tradicional.Há dias o governo disse que mais duas semanas e a situação estará resolvida.Infelizmente, a nossa experiência diz-nos que resolver problemas tecnológicos tende a demorar mais tempo do que se espera. E, francamente, não podemos esperar mais uma semana com os passageiros a ficar em longas filas de espera, a perder parte das suas férias ou o voo para casa, por causa de um upgrade do sistema, que pode ou não funcionar. O que sabemos é que se forem colocadas mais pessoas a trabalhar no controlo de passaportes, o problema fica resolvido. Quando o sistema estiver a funcionar, esperamos que dentro de duas semanas, volta-se a usar o sistema. Para já, precisamos de mais pessoas nas portas, nas unidades de controlo, para verificar a documentação. Porque se demorar mais de duas semanas, chegamos à temporada de verão, que vai estar realmente movimentada, e isto pode tornar-se um problema significativo. Muitos dos problemas que temos na indústria da aviação são complicados, mas este é um problema fácil de resolver.A atual capacidade dos aeroportos de Lisboa e do Porto é também um problema?O Porto está cheio, Lisboa está completamente cheia. Nós apoiamos a construção de mais capacidade nos aeroportos em Portugal. Mas estamos desapontados com a construção do segundo aeroporto de Lisboa em Alcochete. Devia ser no Montijo. Esperamos que o novo governo repense a localização e opte pelo Montijo, porque já está construído. O difícil está feito. Só é preciso construir um terminal. A Ryanair está a pensar em operar no futuro voos de longa distância?Nós não temos planos de ter voos de longa distância. A Ryanair oferece conectividade na Europa. Somos o principal motor de crescimento dos aeroportos. Os aeroportos dizem que querem voos de longa distância. No Porto, o verdadeiro motor de crescimento na última década foi a Ryanair, não foi a longa distância. .ONU acusa Israel de extermínio por ataques a escolas e locais religiosos na Faixa de Gaza.Saiba como ler a Edição Diária do DN em versão digital