Depois de oito anos e meio a exercer funções executivas na Câmara Municipal do Porto, o ex-vereador Ricardo Valente assumiu a direção do escritório da Invicta da consultora imobiliária Savills. O seu novo desafio é impulsionar o crescimento da marca, com uma história de mais de 160 anos e presença em cerca de 70 países, na região do Porto e Norte de Portugal. O foco estará no segmento residencial, mas com atenção a todas as oportunidades no imobiliário comercial. Neste primeiro ano de liderança, uma das apostas estratégicas é alargar a rede de lojas na região. O momento geopolítico poderá ajudar a alcançar o objetivo de "crescer no residencial, que é o ponto forte no Norte, e nas outras áreas imobiliárias, que têm um potencial gigantesco", frisa. A Savills "está muito forte em Portugal, Espanha e Itália", devido à distância com a guerra na Ucrânia. "São países amigáveis do ponto de vista da integração", considera. Portugal foi descoberto pelos norte-americanos e, há mais tempo, pelos brasileiros e isso "vai acontecer com outros mercados, como o asiático". Como sublinha, "o valor do território já chegou a muitas zonas do mundo e é uma oportunidade para captar investimento estrangeiro de empresas que se querem instalar no país e de pessoas que querem morar". A captação de investimento estrangeiro é uma das mais valias do currículo de Ricardo Valente. O economista já teve sob a sua alçada o pelouro do Desenvolvimento Económico e Social da Câmara do Porto, num trabalho centrado nas áreas da economia e atração de investimento. Dirigiu a InvestPorto, a agência municipal de promoção e apoio ao investimento, e presidiu ao Conselho de Administração da GO Porto - Gestão e Obras. Foi também vereador da Economia, Turismo e Comércio e teve a pasta da Gestão de Fundos Comunitários. Neste último mandato do movimento "Rui Moreira: Aqui há Porto!" assumiu o pelouro das Finanças, Atividades Económicas e Fiscalização. No seu currículo de político consta ainda o cargo de administrador da Sociedade Porto Vivo e de vice-presidente da direção da Associação de Turismo do Porto e Norte. No final do ano passado, Ricardo Valente apresentou a renúncia ao cargo de vereador. O executivo camarário está em fim de ciclo – é o último mandato de Rui Moreira à frente da autarquia -, e esta fase "a mim não me interessa minimamente", disse na ocasião. Como frisou, "não estou disponível para estar num projeto quando passamos a estar numa lógica de gestão corrente". Ainda ficou até janeiro deste ano, a pedido de Rui Moreira, e em meados do primeiro mês do ano assumiu o cargo de diretor-geral da Savills no Porto. As entidades do setor imobiliário do Norte foram apanhadas de surpresa e estranharam. Como defenderam ao DN, "deveria ter aguardado um período até ingressar no setor imobiliário", dadas as responsabilidades e ligações que teve enquanto vereador. Mas admitem também que "pode ser uma mais-valia para a região pelos contatos internacionais que ganhou". Ricardo Valente lembra que nunca esteve com a área do urbanismo. Trabalhou "para vender a cidade, projetar o território". A Câmara do Porto "é a única que tem uma divisão de atração de investimento corporativo", mas quando entrou na autarquia "já tinha network que permitiu trazer empresas para a cidade". Como frisa, "fiz a minha vida toda no privado, nunca fui membro de nenhuma juventude". Entre 1992 e 2016, trabalhou em consultoria em gestão de risco, no mercado de capitais, na gestão de patrimónios e na banca de investimentos, tendo exercido ao longo deste anos vários cargos de liderança. Agora, apesar de ser militante da Iniciativa Liberal, diz que está afastado da política. "Não vejo nos meus horizontes o regresso. Gosto de uma política que seja transformadora e isso vê-se muito nas autarquias", diz. Chegou a equacionar candidatar-se à Câmara do Porto, mas colocou de lado esse caminho. "A política cria situações que não gosto, em que não me revejo. Sou um executivo, um gestor de projetos", frisa. Atualmente, está focado em reposicionar a Savills no mercado do Norte e, para isso, é necessário criar novos "pontos de contato com os clientes". Matosinhos e Gaia são as novas apostas. A loja na Baixa do Porto é para manter, já o mesmo não irá suceder com a unidade do Avis, onde está instalado o escritório. O responsável pretende um espaço mais corporativo e central para os serviços.