Não foram reportados ao Governo “danos significativos decorrentes da interrupção do fornecimento de energia, além da quebra de atividade verificada ontem”, garante o Executivo de Luís Montenegro. “Até ao momento, várias confederações e associações empresariais - nomeadamente, de diferentes setores da indústria, dos serviços, do turismo, da restauração e da distribuição - transmitiram ao Governo que está praticamente reposta a normalidade”.O ministério da Presidência reagiu assim ao pedido de “criação urgente de um fundo de emergência” para apoio à restauração, para compensar perdas de mercadorias perecíveis, bem como perdas de faturação em resultado do apagão. É o ministro António Leitão Amaro quem está a congregar todas as questões relativas ao apagão que esta segunda-feira, 28 de abril, deixou a Península Ibérica sem luz durante várias horas.A reclamação de ajuda rápida é da PRO.VAR - Associação Nacional de Restaurantes, que escreveu ao ministro da Economia e aos vários partidos com assento parlamentar expondo a “difícil situação vivida pelos empresários da restauração” e solicitando a “adoção de medidas de apoio específicas para mitigar os prejuízos sofridos”. Por seu lado, o ministério de Leitão Amaro diz apenas que o Governo está a avaliar o impacto económico da interrupção do fornecimento de energia durante o dia 28 de abril” mas assegura que “os vários mercados abastecedores do país estão já a trabalhar dentro da normalidade. Quanto aos constrangimentos verificados ontem, foi possível a alguns dos setores de atividade dos mercados abastecedores adaptarem os horários de venda de forma a limitar o impacto negativo da quebra de fornecimento de energia”, garante fonte oficial ao DN.Daniel Serra, presidente da PRO.VAR, não sabe quantificar os prejuízos, mas garante que são “avultados”. A associação, que tem cerca de 10 anos de existência, pede que o Estado compense o equivalente “ao valor médio de uma semana de compras de mercadorias congeladas, calculado com base na média de compras do último mês anterior ao apagão”. Quanto à faturação, considera que o apoio deve ser de “20% da perda efetiva registada no período afetado”. Mais, a PRO.VAR pede que o fundo funcione como um sistema de “adiantamento rápido”, mediante apresentação de documentos comprovativos, e, se os seguros vierem posteriormente a cobrir as perdas, o que Daniel Serra considera ser improvável, os valores recebidos seriam devolvidos. Na falta de indemnização, total ou parcial, por parte do seguro, “o adiantamento será convertido automaticamente em apoio a fundo perdido”, defende.A associação considera que “solução é equilibrada, justa e necessária para garantir que milhares de empresas possam ultrapassar esta dificuldade inesperada, preservando a atividade económica e os postos de trabalho num setor já profundamente fragilizado”. Daniel Serra lembra que há um grande peso de micro e muito pequenas empresas na restauração, mas que são responsáveis por “dezenas de milhares de postos de trabalho, que estão em causa”, na medida em que os empresários estão ainda a devolver os valores dos empréstimos realizados no âmbito das linhas Covid-19.Daniel Serra garante, ainda, que a situação não foi exclusiva de segunda-feira. “Temos relatos de associados, na Baixa do Porto, perto do Bolhão e ruas adjacentes, que ficaram duas a três horas sem luz hoje [ontem], o que resultou numa perda grave da faturação do almoço”, sustenta. Por seu lado, a AHRESP diz-se total disponível para “colaborar com o Governo, as autoridades e todos os agentes relevantes, acompanhando de perto as medidas adotadas e garantindo que os setores da restauração e do alojamento turístico conseguem minimizar eventuais prejuízos”. A maior associação do setor, com cerca de 22 mil associados, garante que “continuará a monitorizar atentamente o evoluir da situação, em articulação permanente com os empresários e as autoridades competentes”, mas não fala de quaisquer necessidades de apoio.Quanto aos efeitos da falta de eletricidade sobre os equipamentos de frio, a associação diz que “está já a preparar, em articulação com a ASAE, um conjunto de orientações claras para apoiar os empresários na gestão desta situação e assegurar o cumprimento rigoroso das boas práticas de segurança alimentar”. .O dia depois do apagão: “Isto foi um avisozinho, não foi?” .Apagão. MAC teve ventiladores em risco, consultas e cirurgias adiadas e receitas voltaram ao papel