Foram recuperadas em Paris mais quatro obras de arte que pertenciam ao falecido banqueiro João Rendeiro e à sua mulher, Maria de Jesus Rendeiro. A informação foi confirmada esta sexta-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito do inquérito por “descaminho de bens apreendidos”, conduzido pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária.As peças foram localizadas no dia 23 de setembro, numa leiloeira francesa, depois de um pedido de cooperação internacional feito às autoridades de França pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).No conjunto, as quatro obras agora recuperadas têm um valor estimado de 678 mil euros. Tratam-se de peças de artistas de referência nacional e internacional, como “Cães de Barcelona”, de Paula Rego (avaliado em 416 mil euros), “O Cavaleiro”, de Amadeo de Souza-Cardoso (178 mil euros), "Dichter E", de Karel Appel, com o valor estimado de 48 mil euros, e a composição/fotografia "Momento I", de Juan Munoz, com o valor estimado de 36 mil euros. .Uma coleção dispersa por várias cidadesEstas não foram as primeiras obras a regressar às mãos da justiça portuguesa. No decurso da mesma investigação, já tinham sido repatriadas peças encontradas em Londres, Nova Iorque e na Bélgica. Entre elas estavam obras de Robert Longo, Jenny Holzer e Frank Stella.Em território nacional, desde 2021 foram igualmente apreendidas pinturas de Julião Sarmento, Helena Almeida, Pedro Calapez e Frank Nitsche, entre outros.Para além das obras de arte, o processo levou também ao arresto de outros bens de João e Maria Rendeiro, incluindo um apartamento na Quinta Patino, em Cascais, adquirido em 2018 por mais de 1,1 milhões de euros, um automóvel de gama alta e contas bancárias em Portugal e no estrangeiro que totalizam mais de meio milhão de euros.Recorde-se que João Rendeiro, antigo presidente do BPP (Banco Privado Português), foi condenado por vários crimes de natureza económica e fugiu da justiça em 2021, acabando detido na África do Sul. Morreu em 2022 numa prisão de Westville, em Durban.O inquérito que agora prossegue centra-se na recuperação de bens que, apesar de arrestados pela justiça, terão sido ocultados ou desviados, dando origem ao crime de “descaminho de bens apreendidos”.