O portugueses estão preocupados com as eventuais consequências das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos da União Europeia (UE). A maioria admite que uma escalada tarifária poderá influenciar as suas escolhas na hora de comprar, com 89% a antecipar repercussões no consumo pessoal, revelam os dados do Observador Cetelem cedidos ao DN. O estudo Possível impacto das taxas alfandegárias adianta que deste universo, 16% dos inquiridos espera que o impacto das tarifas seja elevado, 50% admite algum impacto, 23% aponta pouco impacto e apenas 6% indica que não terá qualquer influência. A ameaça de uma escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e a Europa foi refreada com o aperto de mãos, no passado domingo, entre Donald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O entendimento firmou-se a meio caminho com o anúncio de aplicar à maioria dos produtos oriundos da UE tarifas de 15% - metade dos 30% anteriormente anunciados pelo presidente dos Estados Unidos. O inquérito do Observador Cetelem foi realizado ainda antes do acordo entre os dois blocos e revela que os consumidores nacionais estão prontos para responder com um boicote às mercadorias do outro lado do Atlântico. “Caso as tarifas adicionais venham a ser implementadas, a maioria dos inquiridos pretende procurar alternativas mais baratas (49%) ou mesmo deixar de comprar produtos norte-americanos por uma questão de princípio (29%)”, detalha o documento. Neste sentido, 67% dos participantes do estudo assume a intenção de dar prioridade a produtos feitos em Portugal e na Europa ou exclusivamente portugueses (19%). Neste capítulo, 5% adianta que este não é um critério relevante e apenas 1% atesta que irá continuar a comprar bens dos Estados Unidos, mesmo com um preço mais alto. Já para 13% a decisão será feita considerando o tipo de produtoO tema das tarifas tem assumido protagonismo nos últimos meses e os portugueses revelam-se atentos: 96% dos inquiridos diz estar informado sobre o assunto. Uma vez mais, a maioria (61%) responde que já ouviu falar e “sabe exatamente do que se trata” enquanto que 35% referem já ter tido contacto com o tema, embora não saibam exatamente o que é. “Os dados mostram que os consumidores portugueses não só estão atentos ao tema, como também estão sensíveis ao potencial impacto no seu dia a dia. Este facto parece traduzir-se numa maior predisposição para rever os seus critérios que ponderam para realizar as suas escolhas, o que se traduzirá em novos hábitos de consumo em resposta à nova dinâmica económica”, refere Hugo Lousada, diretor de marketing do Cetelem.Outra das conclusões do estudo Possível impacto das taxas alfandegárias respeita ao elevado consumo de bens dos Estados Unidos por parte dos consumidores nacionais - mais de três quartos dos inquiridos do Observador Cetelem compram produtos norte-americanos e, dessa amostra, quase metade (42%) fá-lo com regularidade. A maior fatia dos participantes (83%) afirma comprar produtos de marcas ou de empresas americanas. .Tarifas. Montenegro diz que acordo UE-EUA permite previsibilidade e "evita a escalada".Tarifas: von der Leyen acorda sob chuva de críticas