Os tons de dourado e vermelho já ornamentam as várias lojas por todo o país, anunciando aberta a época de grande consumo de fim de ano que não passa despercebida aos olhos de quem passa pelas montras. Com o Natal à porta, a Black Friday é apresentada pelo comércio como um chamariz às compras antecipadas através de descontos apelativos. As intenções de gastos dos portugueses no período que se inicia na próxima semana nunca foram tão altas, com as famílias a estimar despender este ano, em média, 210 euros, um aumento de 17% face a 2024, revelam os dados do estudo Observador Cetelem sobre as intenções de consumo na Black Friday 2025, cedidos ao DN. Em 2018, as perspetivas de gasto médio por pessoa eram de 146 euros, subindo para os 168 euros no ano seguinte. Posteriormente, os portugueses refrearam as despesas a partir de 2020, tendo apenas desembolsado, em média, 131 euros em 2023. O cenário inverteu-se no ano passado, com um salto expressivo de 37% para os 179 euros, fixando-se agora nos 210 euros, o valor mais alto de sempre. “O aumento nas intenções de gasto médio dos portugueses reflete uma combinação de maior confiança no planeamento financeiro e uma perceção crescente de que a Black Friday é um bom momento para maximizar poupanças em compras não essenciais. Muitos consumidores encaram este período como uma oportunidade para adquirir produtos que já estavam previstos, mas a preços mais competitivos”, explica ao DN Hugo Lousada, diretor de marketing da Cetelem. Também o número de inquiridos a perspetivar gastar valores mais expressivos regista uma tendência ascendente. A franja de consumidores dispostos a pagar entre 501 euros e mil euros é de 16% que compara com os 11% do período homólogo.Além de gastarem mais, há também mais consumidores a quereer aproveitar as promoções durante a Black Friday (+13pp), sendo que 41% o fará para antecipar as compras de Natal. Numa análise por faixas etárias e regiões, o estudo indica que o aumento gasto médio é mais significativo a partir dos 35 anos (240 euros) e em Lisboa (232 euros).Olhando para o carrinho de compras, a categoria de vestuário e acessórios de moda lidera as preferências para 58% dos participantes do Observador Cetelem. Seguem-se os produtos de beleza e cuidados pessoais, as telecomunicações e informática e os eletrodomésticos. O aumento da procura é mais expressiva em eletrónica de consumo (TV, sistemas Hi-Fi, etc), conclui ainda o inquérito. “A preferência por produtos e bens não essenciais mostra que os consumidores tendem a encarar a Black Friday como um momento estratégico para adquirir artigos de maior valor que não comprariam ao preço habitual. A tecnologia e as restantes categorias mais procuradas, como vestuário, beleza e joias, continuam a ter um forte apelo emocional e elevada expectativa de poupança, o que explica que este tipo de compra prevaleça face a itens de necessidade básica, que além de prioritários no dia a dia são também menos influenciados por este tipo de campanha”, aponta o responsável.A maioria dos consumidores planeia as compras que tenciona fazer, enquanto que 21% indica que irá decidir o que comprar só no momento, consoante as boas oportunidades que surgirem. No entanto, apenas 26% planearam totalmente as compras e sabem exatamente o que vão comprar. .Nem todas as promoções são boas oportunidades, alerta Deco.Se é certo que as promoções de lojas físicas e online durante a Black Friday atraem milhares, com descontos que prometem reduzir mais de metade do preço, a verdade é que nem todos os consumidores acreditam nas campanhas em vigor. Apesar de a maioria dos portugueses considerar que as promoções da Black Friday valem a pena, mais de um terço desconfia dos descontos, detalha o Observador Cetelem. “Os consumidores estão mais atentos, informados e habituados a acompanhar a evolução dos preços ao longo do ano. Existe a perceção de que algumas campanhas podem incluir aumentos prévios do preço base ou que certos produtos ficam propositadamente fora das promoções”, justifica Hugo Lousada.Neste sentido, a Deco Proteste já veio alertar que nem todas as reduções de preço anunciadas são boas oportunidades. A organização portuguesa para a defesa do consumidor analisou o arranque das campanhas de Black Friday de algumas lojas online entre os dias 3 e 4 de novembro e concluiu que há vários descontos que contornam a lei das promoções. Em todas as lojas online analisadas - FNAC, Darty, Auchan e Euronics - “foram encontrados produtos em campanha que não tinham um verdadeiro desconto e que, até há poucos dias, estavam inclusive mais baratos”. De acordo com a Deco Proteste todas as lojas estavam a contornar a lei que dita que, para anunciar uma promoção, tem de ser considerado o preço mais baixo praticado nos últimos 30 dias anteriores consecutivos, para depois aplicar o desconto. “Além disso, algumas das lojas analisadas neste estudo adotam estratégias de comunicação que comparam os seus preços com supostos preços de venda recomendados pelos fabricantes, produtores ou fornecedores (PVPR), levando o consumidor a acreditar que estão a ser dados descontos que não são reais”, refere. .Black Friday. Sites falsos aumentam 250%, aponta estudo