Casa cheia, preços mais altos e receitas robustas. A seis semanas da principal quadra festiva do ano, os hotéis do país traçam um cenário otimista para o Natal e réveillon com ocupações que podem chegar aos 95% e preços a disparar até aos 15% e não têm dúvidas de que, depois de um ano que se fez de recordes para o turismo, 2025 irá encerrar com chave de ouro.A procura de estrangeiros nesta época continua musculada, mas o mercado nacional assume um papel preponderante com o crescente interesse dos portugueses a optar por fazer as celebrações fora de casa. O maior grupo hoteleiro do país confirma ao DN que as reservas para o próximo mês estão a evoluir de forma positiva e que os principais indicadores irão superar 2024. O Pestana Hotel Group, que conta com um portefólio de mais de uma centena de unidades em Portugal e no estrangeiro, destaca o bom desempenho nos hotéis do Porto, ao contrário de Lisboa onde a procura se apresenta ligeiramente abaixo do ano passado. No Algarve espera um crescimento entre os 5% e os 7% e a Madeira assume-se como o destino estrela nesta época “com uma procura forte e consistente”, que se traduzirá numa subida de 10% face ao período homólogo. Nas grandes cidades são os portugueses e os espanhóis os principais responsáveis por encher os hotéis, enquanto na Madeira e no Algarve se destacam os ingleses e os alemães. As taxas de ocupação variam entre os 65% e os 95% consoante as regiões e os preços também subiram.A empresa liderada por Dionísio Pestana fez “ajustes face a 2024”: se em Lisboa e no Porto as subidas foram “pontuais e ligeiramente acima da inflação”, no Algarve e na Madeira, os preços cresceram entre os 5% e 7,5%. Os números espelham a relevância da operação desta quadra em plena época-baixa. “Esta é uma época essencial para mitigar a sazonalidade típica de dezembro, sobretudo nos hotéis de Lisboa, do Porto e nas Pousadas de Portugal, onde se verifica uma forte performance em restauração, banquetes e eventos corporativos. No Algarve e na Madeira, trata-se igualmente de um período de extrema importância, que permite overflow para datas adjacentes e contribui para dinamizar o mês de janeiro, impulsionado pela estadia média prolongada dos operadores tradicionais, que ronda as sete noites”, explica o grupo.A Vila Galé corrobora o ritmo de crescimento em dezembro que se traduzirá numa subida da receita. O segundo maior grupo hoteleiro nacional gere 34 unidades no Continente e ilhas destaca o elevado interesse pelos hotéis da Serra da Estrela e do Alentejo bem como da capital e da Invicta. As reservas dos hóspedes portugueses e ingleses estão a aumentar, ao contrário das dos franceses, irlandeses, espanhóis e brasileiros cuja procura tem refreado. Sem surpresas, e como é já habitual, a Madeira assume a liderança nesta quadra festiva sendo um dos destinos do país mais cobiçados para a virada do ano. Com oito hotéis na região, a Savoy Signature antecipa mais um fim de ano recorde e assinala uma subida expressiva das tarifas praticadas nesta altura. “Prevemos uma ocupação acima dos 80% e uma estada média em torno de sete noites. Os preços registaram um crescimento médio de cerca de 15% face ao mesmo período do ano passado. Em termos de receita, os últimos três dias do ano representam tanto quanto o mês todo de dezembro”, refere o CEO do grupo, Roberto Santa Clara. Olhando para os principais mercados, além da Alemanha, Reino Unido, Portugal, Estados Unidos e Brasil, o grupo assinala um crescimento dos Estados Unidos, Polónia e Suíça..Portugueses escolhem cada vez mais celebrar o Natal em hotéis e restaurantes.Se para muitos portugueses o Natal é sinónimo de reunir a família à mesa em casa, para outros a tradição tem vindo a mudar. Há cada vez mais famílias que optam por festejar esta quadra em hotéis e restaurantes de forma a aliviar o habitual stress inerente às preparações das celebrações. “As casas mais pequenas e as distâncias entre familiares dificultam o encontro anual da família alargada. Reunir as famílias num hotel para celebrar o Natal permite uma pausa ao ritmo acelerado da vivência urbana atual. As famílias estão a descobrir que os hotéis permitem transformar o encontro de Natal em algo memorável, sem todas as complicações, trabalhos e constrangimentos da preparação do momento em casa de alguém que fica, habitualmente, penalizado”, refere Alexandre Marto Pereira, CEO da United Hotels of Portugal. Com nove hotéis na zona Centro e Lisboa, o grupo tem vindo a ajustar a oferta no final de dezembro de forma a responder a esta alteração de hábitos. “Em Lisboa, no Lumen Hotel, introduziremos novamente um especial “neve em Lisboa” que, conjuntamente com um show de video mapping alusivo ao Natal, traz a explosão de neve sobre o jardim, algo completamente inesperado na cidade. Em Fátima, a procura é mais tradicional e baseia-se num reencontro da espiritualidade e em Óbidos o ambiente torna-se mágico na vila mais natalícia de Portugal”, explica.O diretor de marketing e vendas da Vila Galé prossegue na mesma linha e afiança que os hábitos das famílias portuguesas estão a mudar. “Tem sido uma tendência dos últimos anos, e há um crescimento constante, quer no serviço de restaurante quer no alojamento. As pessoas preferem juntar-se onde têm serviço em vez de terem todo o trabalho em casa, O facto de os núcleos familiares serem cada vez menores também contribui para esta escolha”, sustenta Pedro Ribeiro.Seja para o jantar da Consoada ou para o almoço do dia de Natal, a procura por refeições fora de casa tem acelerado para os últimos dias de dezembro. Na capital, os restaurantes do grupo Portuguese Hospitality Collection (PHC), que gere quatro hotéis, estão já praticamente esgotados. “O ritmo de reservas é bastante sólido. No caso do jantar do dia 24, o Varanda de Lisboa encontra-se já esgotado e o Capítulo Restaurant & Bar está na fase final de reservas, com um nível de ocupação muito elevado”, aponta. O grupo português explica que os clientes procuram, sobretudo, experiências “chave na mão” uma oferta que reúne a preferência, principalmente, de agregados entre as seis e as 12 pessoas. “O cliente nacional demonstra maior atenção ao valor percebido, procurando coerência entre conceito, experiência e qualidade”, acrescenta.A United Investments Portugal (UIP) afina pelo mesmo diapasão com uma expectativa de reservas no Natal superior a 2024 e com o fim de ano esgotado nos seis hotéis. Além das reservas dos quartos, os hóspedes estão também a firmar a escolha na restauração neste período. "Os clientes nacionais têm consumido mais nos nossos restaurantes, o que é um bom indicador e nos leva a antecipar mais portugueses à mesa este Natal. Todas as propriedades têm uma performance sólida, sobretudo durante o réveillon. Os resorts, Sheraton Cascais Resort & Spa e Pine Cliffs, a Luxury Collection Resort, destacam-se pela oferta de experiências e celebrações exclusivas. O Hyatt Regency Lisboa também tem ganhado destaque, tanto no Natal como no ano novo, com eventos que atraem públicos distintos”, partilha o diretor regional de receitas do grupo, Sandro Fonseca. .2025 fez-se de recordes, em 2026 espreita a incerteza.O ano caminha a passos largos para o fim e a atividade no setor do turismo voltou a bater todos os recordes. O desempenho positivo dos indicadores traduziu-se também na operação dos hotéis do país que sublinham a boa performance, embora destaquem que, apesar do crescimento, há sinais de abrandamento à vista e incerteza para o próximo ano. “Foi uma operação com crescimento das receitas em 90% dos nossos hotéis em Portugal, mas por alguns motivos conjunturais nota-se algum sinal de menor consistência deste crescimento. Em 2026 esperamos continuar a crescer, apesar de ser um ano desafiante em termos de ocupação da hotelaria nacional”, perspetiva o porta-voz da Vila Galé, Pedro Ribeiro.O grupo Pestana faz um balanço positivo deste ano, embora destaque um crescimento “mais moderado em receita nos hotéis de Lisboa e Porto e nas Pousadas de Portugal, face a 2024 e 2023”. No Algarve, o desempenho manteve-se estável, enquanto a Madeira “destacou-se com resultados recorde e um crescimento expressivo, consolidando o destino como uma das geografias mais dinâmicas do grupo”. “Para 2026, as expectativas apontam para um cenário de abrandamento do mercado, com alguma pressão sobre preços em várias capitais europeias, resultante do aumento da oferta e da estabilização da procura. No Algarve, prevê-se um impacto associado à quebra do mercado britânico, enquanto a Madeira deverá manter um ano positivo, ainda que com um ritmo de crescimento mais contido”, antecipa.O “grande problema”, explica, reside nas infraestruturas aeroportuárias. “A experiência dos utentes dos aeroportos em Portugal, em Lisboa durante todo o ano e nas épocas altas no Algarve, é muitíssimo má e isso, obviamente, terá impactos no futuro da procura”, acrescenta. Também Sandro Fonseca, da UIP, confirma que 2025 “foi um ano extremamente positivo com todos os hotéis a superarem as receitas do ano anterior” e, para o próximo ano, o grande desafio “será manter este ritmo de crescimento”.Cenário idêntico é traçado por Alexandre Marto Pereira, da UHP. “O ano de 2025 encerrará com os nossos melhores resultados de sempre ao nível das vendas. A bottom line será, no entanto, impactada pelos crescentes custos, principalmente com recursos humanos”, justifica..Estrangeiros estão a viajar menos para Portugal e dormidas recuam pelo segundo mês consecutivo .Portugueses batem mais um recorde e somam 11 milhões de viagens cá dentro e lá fora no primeiro semestre