Douro: Portugal pede apoio de 100 milhões a Bruxelas
Portugal pediu ajuda a Bruxelas para ultrapassar a crise que atravessa a vitivinicultura do Douro. Duas semanas após um protesto veemente dos produtores da região, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, formalizou esta segunda-feira, 14 de julho, o pedido de apoio do executivo comunitário para o plano para o Douro que totaliza 100 milhões de euros. A soma avultada pretende financiar medidas de apoio tanto às cooperativas como aos produtores.
“Pedi ao comissário europeu para a Agricultura, Christophe Hansen, que vai analisar o nosso plano, apoio da Comissão para um plano robusto e alargado para o Douro”, referiu esta segunda-feira o ministro, à margem da reunião do Conselho de Agricultura da União Europeia (UE)
José Manuel Fernandes reiterou haver desequilíbrio entre a oferta e a procura e no documento apresentado à Comissão defende “ a gestão sustentável e valorização do setor vitivinícola da Região Demarcada do Douro (RDD), com ações integradas para a redução de excedentes, ajustamento do potencial produtivo e reforço da criação de valor”.
Os produtores da região do Douro têm estado em convulsão por um conjunto de fatores que está a gerar excedentes de produção sem escoamento. Os preços de produção subiram, mas o da uva tem caído. Os produtores temem não conseguir escoar a uva nesta vindima ou serem obrigados a vender a preços muito baixos. Do lado do comércio, os operadores queixam-se de ‘stocks’ cheios e de quebras nas vendas de vinho.
Como se o terreno não estivesse já turbulento, as extemporâneas tarifas anunciadas por Donald Trump, de 30% a todos os produtos da União Europeia, contribuem para sobressaltar ainda mais as expetativas deste setor, tendo em conta a importância do mercado norte-americano para a fileira. No ano passado, as vendas de vinhos do Douro e do Porto nos Estados Unidos somaram cerca de 42 milhões de euros.
Com a incerteza como pano de fundo nesta nova ameaça de guerra comercial entre EUA e UE, o ministro da Agricultura manifestou-se hoje confiante num acordo entre os dois blocos.
No início de julho, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) propôs várias medidas, entre as quais a compra pelo Estado dos stocks excedentários das adegas cooperativas, a dotação da Casa do Douro de “capacidade legal e operacional para a estabilização de stocks”, o escoamento das uvas a “preços justos”, bem como a proibição da compra de uvas “abaixo dos custos de produção”.
A confederação reclama, ainda, um aperto da malha na fiscalização na entrada de mostos e de vinhos de fora da região e o aumento do quantitativo de benefício, ou seja, que a produção autorizada de vinho do Porto cresça este ano. Entre 2023 e 2024, o quantitativo caiu em 26 mil pipas, o que significa menos 26 milhões de euros no bolso dos viticultores. E, segundo o DN já tinha noticiado a 2 de julho, as negociações em sede de interprofissional não têm corrido bem, porque a produção reclama, pelo menos, a manutenção do benefício nas 90 mil pipas que foram autorizadas em 2024, enquanto o comércio alega que não pode ir além das 70 mil pipas.