O Plano de Ação de Ruído do Porto foi aprovado na segunda-feira à noite, na Assembleia Municipal, com abstenção da CDU e BE, que ainda assim não deixaram de fazer alguns reparos ao documento. A autarquia liderada por Rui Moreira vai agora arrancar com um projeto de minimização da poluição sonora em zonas de sobre-exposição que implica um investimento de 1,7 milhões de euros até 2029..A estratégia do município incidirá em 14 áreas, que foram identificadas como de sobre-exposição ao ruído, ou seja, ultrapassam 60 decibéis, e onde a responsabilidade da gestão desta situação cabe à autarquia. Nestas zonas, onde vivem um pouco mais de 95 mil habitantes, cerca de 41% da população total da cidade, a principal fonte de poluição sonora é o tráfego rodoviário em vias sob tutela municipal..Para mitigar este problema, com implicações nefastas na saúde dos cidadãos, a Câmara do Porto propõe uma gestão mais eficiente do tráfego automóvel, que passará pela redução da velocidade dos carros, restrição à circulação de pesados, aplicação de pavimentos menos ruidosos nas vias, diminuição do número de veículos em circulação através da promoção da mobilidade sustentável e maior utilização de transportes públicos, introdução de barreiras acústicas, entre outras. O plano será executado ao longo de cinco anos..Há, no entanto, mais quatro zonas de sobre-exposição ao ruído, mas cuja gestão cabe a outras entidades, como a Infraestruturas de Portugal (ao nível da rodovia): a Estrada da Circunvalação, Via de Cintura Interna, troços da Via Norte e da A43. E no que toca à ferrovia, zonas nas linhas de caminho de ferro do Norte (Minho e Leixões) e à Brisa (troços da A3). Nestas áreas, a autarquia aguarda a execução dos planos das referidas organizações..Ruído junto do governo.Na reunião da Assembleia Municipal, o debate centrou-se muito nas dificuldades em resolver a poluição sonora nas zonas fora da responsabilidade do município. O social-democrata Rodrigo Passos recordou que a maior parte do ruído no Porto “é causado pela mobilidade”, sobretudo na Via de Cintura Interna (VCI) e outras artérias. Miguel Barbosa, pelo movimento independente Aqui Há Porto, também apontou os problemas na VCI, que “persistem e continuam a incomodar a qualidade de vida” da população..Na ocasião, Miguel Barbosa desafiou os deputados que exercem funções na Assembleia da República a “não pouparem no ruído” e exigirem ao governo que a situação daquela via se resolva. Já o vice-presidente da câmara, Filipe Araújo, destacou que o município gostava de ter “medidas e planos” para mitigar as principais fontes de ruído no Porto, como as vias rodoviárias e ferroviárias..O representante da CDU, Rui Sá, lembrou que o plano “não incide sobre as fontes de ruído extra municipais”, debruçando-se sobretudo em matérias de mobilidade, “esquecendo outras fontes” como o ruído proveniente dos estabelecimentos de diversão noturna. Por sua vez, Susana Constante Pereira, do BE, defendeu a necessidade de outras medidas. “O plano terá de ser revisto em breve, porque muito fica por fazer”, disse..O socialista Agostinho Sousa Pinto considerou que falta ao plano “ambição, integração e envolvimento”, mas realçou o “diagnóstico detalhado” e a “visão clara” tanto das principais áreas afetadas, como das fontes de ruído. Por sua vez, o deputado único do PAN, Paulo Vieira de Castro, destacou o esforço do município em garantir “regras claras” para que o silêncio “não seja comprometido pelo ruído”..Com Lusa