A venda de casas, terrenos e prédios penhorados através do e-Leilões já gerou mais de 7,6 mil milhões de euros em menos de uma década de operação da plataforma eletrónica gerida pela Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução (OSAE). Foram realizados 62.544 leilões de imóveis penhorados em processos de execução de dívida, a maioria resultante de incumprimentos no crédito à habitação. Mas estas situações dão mostras de estar a diminuir e com isso o número de ativos imobiliários para venda. Nos primeiros sete meses e meio de 2025, foram leiloados 3269 imóveis, no valor de 267,7 milhões de euros, revela Mara Fernandes, presidente do Conselho Profissional do Colégio dos Agentes de Execução da OSAE. Já em 2024, a plataforma alienou pouco mais de 5000 ativos imobiliários, que geraram 593,5 milhões de euros de vendas, bem longe dos 10 mil imóveis leiloados em 2019. Uma quebra que Mara Fernandes atribui “a uma diminuição do incumprimento no crédito à habitação, acompanhada de uma redução do número global de ações executivas”.Como esclarece, desde 2020, o primeiro ano de pandemia, e com as medidas de proteção implementadas - como as restrições à penhora e as moratórias de crédito hipotecário -, o volume de imóveis alienados na plataforma caiu para 7620 e, nos exercícios seguintes, os valores mantiveram-se em patamares semelhantes - 7073 em 2021 e 7008 em 2022. Em 2023, o número desceu para 5608. Os imóveis diminuíram, mas o valor subiu 63% desde 2020, acompanhando a tendência do mercado imobiliário. Segundo Mara Fernandes, “em 2020, cada imóvel vendido em leilão representava, em média, cerca de 72.000 euros, valor que subiu para perto de 118.000 euros em 2024”. A procura também se mantém elevada. No ano passado, a plataforma registou 116.975 licitações em imóveis. Este ano e até meados de agosto, o valor médio de venda ronda os 82.000 euros.Os dados do Banco de Portugal (BdP) também confirmam uma quebra nos incumprimentos no crédito à habitação. No ano passado, os bancos iniciaram cerca de 61 mil processos, em média por mês, no âmbito do Programa de Ação para o Risco de Incumprimento no crédito à habitação, diz o Relatório de Supervisão Comportamental do BdP referente a 2024. Foram mais de 734 mil processos no total do exercício, quase metade das situações reportadas pela banca em 2023, quando a média mensal ultrapassou os 123 mil processos. Esta quebra deveu-se ao fim das medidas governamentais, implementadas no final de 2022 e em vigor até 31 de dezembro de 2023, para mitigar os efeitos da subida das taxas de juro, justifica o BdP. No crédito ao consumo, o quadro apresentou-se mais negro. Em 2024, a banca abriu mais de 203 mil processos por mês (em média) por risco de incumprimento, quando um ano antes somava cerca de 190 mil processos mensais.Nas empresas, verificou-se, em 2024, um aumento das insolvências. Registaram-se 2080 novos processos de insolvência, um crescimento de 8,2% face a 2023, segundo o barómetro da Informa D&B. Foi o segundo ano consecutivo de aumento. A indústria foi o setor que apresentou o maior número de empresas em processos de insolvência, concentrado sobretudo na atividade dos têxteis e moda e na região Norte. Já no acumulado dos primeiros sete meses deste ano (até julho), os processos de insolvência conheceram uma retração de 8,3% face ao homólogo de 2024.Mara Fernandes lembra que a entrada em funcionamento do e-Leilões permitiu colocar à venda “inúmeros processos em curso em que as vendas se encontravam suspensas ou paradas nos escritórios dos agentes de execução, muitas delas destinadas a concretizar-se por negociação particular”. A plataforma, que “assegura visibilidade, publicidade e transparência levou à decisão de muitos agentes de execução de relançar essas vendas no novo sistema, o que se traduziu num crescimento muito acentuado nos primeiros anos de funcionamento”. Os imóveis são o motor do e-Leilões, mas há outros bens que também despertam interesse. Desde maio de 2016 e até 15 de agosto deste ano, a plataforma garantiu também 152 milhões de euros com a venda de direitos (créditos, quotas de sociedade, heranças), 34,7 milhões com leilões de veículos, 10,5 milhões com a alienação de equipamentos, 3,9 milhões de mobiliário e 2,7 milhões com a venda de máquinas. O e-Leilões soma 99.582 leilões concluídos, que contaram com 1.296.904 licitações, e permitiram obter um volume acumulado superior a 7,8 mil milhões de euros. Para Mara Fernandes, são números que “confirmam o papel central da plataforma na recuperação de créditos e na dinamização do mercado de bens penhorados”. .Alentejo vê nascer primeira aldeia regenerativa da Europa financiada com 'tokens'.Ensino Superior. Só 13% das camas previstas no plano nacional de alojamento estão concluídas