Marco Galinha na conferência do 50.º aniversário da VASP.
Marco Galinha na conferência do 50.º aniversário da VASP. FOTO: Leonardo Negrão

Marco Galinha: venda do Novo Banco a espanhóis seria dramática para as empresas portuguesas

Fundador do Grupo Bel (accionista do DN) diz que reforço espanhol na banca nacional daria vantagens às empresas espanholas em Portugal. "Se for comprado por espanhóis, já sabemos o que aí vem", disse.
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O empresário Marco Galinha defendeu esta terça-feira que o Novo Banco deve permanecer em mãos nacionais e que a sua venda a um concorrente espanhol seria dramática para as empresas portuguesas. Segundo o fundador do Grupo BEL, o reforço da presença espanhola na banca nacional daria força aos grupos do país vizinho que competem diretamente com centenas de pequenas e médias empresas (PME) portuguesas nos mais diversos sectores.

"Adoro os espanhóis, até porque somos povos irmãos, mas uma coisa é isso, outra é ser ingénuo. Se o Novo Banco ficar em mãos espanholas, eu e centenas de outros empresários podemos começar, desde já, a pensar em vender as nossas empresas, porque já sabemos o que aí vem", disse o acionista da Global Media, empresa proprietária do Diário de Notícias, num almoço-debate no International Club of Portugal (ICPT), onde foi orador. 

As declarações do empresário foram feitas em resposta a questões colocadas por jornalistas presentes no evento. Recorde-se que o fundo Lone Star, que controla a maior parte do capital do Novo Banco, pretende vender a sua participação este ano, através de uma dispersão em bolsa (IPO) ou da venda direta a um concorrente. Os bancos espanhóis CaixaBank (dono do BPI) e ABanca são vistos como potenciais interessados na compra da instituição, juntamente com a Caixa Geral de Depósitos e o BCP. O Novo Banco é o terceiro maior banco privado a operar em Portugal, atrás do espanhol Santander e do BCP, tendo uma importante quota de mercado na banca de empresas.

"Gosto muito dos bancos espanhóis, mas o Grupo BEL só tem 3% do crédito em bancos espanhóis", disse Marco Galinha, acrescentando que as empresas espanholas contam com o poderoso apoio dos bancos do seu país, nos seus processos de internacionalização. "Os espanhóis são muito bons nisso", salientou.

Se o Novo Banco for comprado por um grupo espanhol deverá apoiar mais as empresas do país vizinho nos seus projetos de expansão e na aquisição de grupos portugueses. "As empresas em processos de sucessão, por exemplo, serão alvos fáceis", defendeu.

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