Marco Galinha: venda do Novo Banco a espanhóis seria dramática para as empresas portuguesas
O empresário Marco Galinha defendeu esta terça-feira que o Novo Banco deve permanecer em mãos nacionais e que a sua venda a um concorrente espanhol seria dramática para as empresas portuguesas. Segundo o fundador do Grupo BEL, o reforço da presença espanhola na banca nacional daria força aos grupos do país vizinho que competem diretamente com centenas de pequenas e médias empresas (PME) portuguesas nos mais diversos sectores.
"Adoro os espanhóis, até porque somos povos irmãos, mas uma coisa é isso, outra é ser ingénuo. Se o Novo Banco ficar em mãos espanholas, eu e centenas de outros empresários podemos começar, desde já, a pensar em vender as nossas empresas, porque já sabemos o que aí vem", disse o acionista da Global Media, empresa proprietária do Diário de Notícias, num almoço-debate no International Club of Portugal (ICPT), onde foi orador.
As declarações do empresário foram feitas em resposta a questões colocadas por jornalistas presentes no evento. Recorde-se que o fundo Lone Star, que controla a maior parte do capital do Novo Banco, pretende vender a sua participação este ano, através de uma dispersão em bolsa (IPO) ou da venda direta a um concorrente. Os bancos espanhóis CaixaBank (dono do BPI) e ABanca são vistos como potenciais interessados na compra da instituição, juntamente com a Caixa Geral de Depósitos e o BCP. O Novo Banco é o terceiro maior banco privado a operar em Portugal, atrás do espanhol Santander e do BCP, tendo uma importante quota de mercado na banca de empresas.
"Gosto muito dos bancos espanhóis, mas o Grupo BEL só tem 3% do crédito em bancos espanhóis", disse Marco Galinha, acrescentando que as empresas espanholas contam com o poderoso apoio dos bancos do seu país, nos seus processos de internacionalização. "Os espanhóis são muito bons nisso", salientou.
Se o Novo Banco for comprado por um grupo espanhol deverá apoiar mais as empresas do país vizinho nos seus projetos de expansão e na aquisição de grupos portugueses. "As empresas em processos de sucessão, por exemplo, serão alvos fáceis", defendeu.