Mais de 25 mil copos de plástico são descartados todos os dias e vão para o lixo depois de uma noitada nas zonas de diversão noturna de Lisboa. É uma estimativa da autarquia lisboeta que remete para o sério problema dos resíduos urbanos em Portugal, que tem um dos piores desempenhos na reciclagem a nível europeu.É neste contexto que a Câmara Municipal de Lisboa lança esta quinta-feira, 20 de novembro, o ‘CopoMais’, um novo sistema de copos reutilizáveis da cidade, em parceria com a AHRESP (Asssociação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo) e a TOMRA, líder global em sistemas de recursos circulares.O objetivo é eliminar os copos de uso único nos bares e locais de vida noturna, mas também evitar a degradação do espaço urbano pela acumulação deste tipo de lixo nas ruas da capital em zonas de grande pressão turística.O novo sistema, que já foi testado como projeto-piloto no verão, assenta na colocação de máquinas automáticas de devolução na via pública e nos próprios bares, em que a troco do copo recolhido, há um reembolso no cartão multibanco, explicou ao DN Rui Quadrado, responsável pelo desenvolvimento de negócio da TOMRA, a empresa norueguesa que fabrica as máquinas, os copos e implementa o sistema com apoio da Mastercard.“Acontece tudo de forma digital e, nesse sentido, Lisboa será uma das cidades pioneiras na adoção deste sistema a nível europeu”, revelou. O mesmo sistema que será inaugurado esta quinta-feira, no Bairro Alto e Cais do Sodré, já está em funcionamento há dois anos na cidade dinamarquesa de Arhus e em dois anos foi responsável pela recolha de 1,5 milhões de copos. Recentemente, passou também a constar em cidades da Irlanda, Áustria e Polónia.Em Lisboa, e após a entrada em funcionamento das 17 máquinas previstas para esta fase, “a expetativa é que seja possível captar cerca de três milhões de copos por ano”, avançou aquele responsável. Um número que impressiona pela dimensão e que nos relembra o papel dos comportamentos individuais na pegada ambiental. Conta-se com alguma ação promocional para facilitar a adesão ao novo modelo.Da experiência anterior já é possível retirar algumas conclusões: “o projecto piloto, lançado em finais de junho, com duas máquinas, localizadas no Príncipe Real e na Praça de São Paulo, recolheu 14 mil copos, com uma taxa de sucesso de retorno de 95%”.“Não se trata apenas de enviar os copos de plástico para o caixote amarelo, como acontece em alguns festivais de música, mas sim de verdadeira reutilização”, sublinha Rui Quadrado. Através da tecnologia incorporada nas máquinas e com a codificação dos copos e possível verificar quantas vezes o mesmo copo foi reutilizado e é isso que se pretende, em linha com as diretivas comunitárias para o ambiente. O objetivo é que um copo de plástico possa continuar a ser um recurso útil e não um resíduo.O CopoMais Lisboa foi desenvolvido em estreita colaboração com a AHRESP, sendo que os bares aderentes abdicam de um logo, adotando o modelo universal CopoMais Lisboa, com ligeiras impressões a remeter para os azulejos típicos da capital.“Antecipamos um impacto bastante positivo: menor pressão sobre a limpeza urbana e uma alternativa eficaz aos copos descartáveis, um dos maiores problemas do período noturno, contribuindo para um espaço urbano mais limpo, seguro e atrativo”, disse Ana Jacinto, a porta-voz da AHRESP, em declarações ao DN.“Para os empresários, o sistema traz benefícios evidentes - redução de embalagens descartáveis, maior eficiência na gestão de resíduos e operações mais organizadas e sustentáveis - melhorando a experiência do cliente e a convivência na cidade”. Para Ana Jacinto, “os estabelecimentos do Bairro Alto demonstram que a noite lisboeta pode liderar a sustentabilidade na Europa, provando que a transição ambiental é compatível com uma atividade económica forte, quando apoiada por soluções práticas e colaborativas como o CopoMais”.Aquela associação diz-se apostada no apoio aos empresários para conseguirem uma transição para modelos mais circulares, assegurando que a reutilização – uma imposição europeia - é implementada no Canal HORECA de forma eficaz e tecnicamente adequada. “O trabalho desenvolvido inclui capacitação em economia circular e gestão de resíduos, com, por exemplo, guias práticos criados em parceria com o Turismo de Portugal ou formação oferecida pela Academia AHRESP; apoio técnico para cumprimento das obrigações legais; e articulação com municípios e entidades gestoras para melhorar a recolha seletiva e a eficiência operacional”, adiantou aquela responsável..O polo onde o “diabo” do plástico é transformado em soluções inovadoras e ecológicas