No ano da saída do programa de ajustamento e austeridade da troika, em 2014, Portugal era o 18.º país mais ricos e com maior bem-estar medido através do indicador da despesa realizada pelas famílias portuguesas (per capita, por agregado familiar). Dez anos depois, em 2024, o país desceu dois lugares neste ranking, sendo ultrapassado pela Lituânia e Eslovénia, mostram cálculos do DN a partir de dados divulgados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).O conjunto das famílias portuguesas está hoje mais perto da média da Europa, União Europeia e Zona Euro, melhorou, claro.Mas olhando para o quadro geral, outros países recuperaram ou reforçaram rendimentos e despesas mais rapidamente, superando Portugal, mostra o estudo do INE.No caso de Portugal, o nível de “Despesa de Consumo Individual per capita, que constitui um indicador mais apropriado para refletir o bem-estar das famílias”, segundo os termos do INE, fixou-se em 85,7% da média da União Europeia no ano passado. Em 2014, estava em 82,6%. No entanto, o fulgor na convergência e no progresso foi maior na Lituânia (cujo indicador relativo ao bem-estar de rendimento das famílias) já vai em 88,1% da média europeia. A Eslovénia também supera Portugal com 85,9% da média.O ranking feito pelo INE para este indicador, que abrange os 27 da UE e outros países europeus e contíguos, num total de 36 nações, é liderado por Luxemburgo (146%), Noruega (120,9%) e Holanda (120,3%) e Alemanha (119,3%).As famílias em pior posição são as albanesas (46,7%) e as bósnias (42%). Na UE, na última posição, surgem Letónia (72,1%) e Hungria (72,5%).Além do indicador que mede as despesas das famílias, o INE (assim como o Eurostat) mede o desempenho das economias como um todo através do Produto Interno Bruto (PIB) per capita corrigido para refletir a capacidade de poder de compra. É o mais comparável em termos internacionais, europeus.De acordo com o instituto, em 2024, “o Produto Interno Bruto per capita de Portugal, expresso em Paridades de Poder de Compra (PPC), situou-se em 82,4% da média da União Europeia, valor superior em 1,3 pontos percentuais (p.p.) ao registado em 2023 (81,1%)”.Assim, Portugal ocupava “a 15ª posição entre os 20 países da Zona Euro e a 18ª da União Europeia, mantendo as mesmas posições do exercício anterior”.A referida “Despesa de Consumo Individual per capita”, o tal indicador mais apropriado para refletir o bem-estar financeiro das famílias, “fixou-se em 85,7% da média da União Europeia, 0,2 p.p. superior ao observado no ano anterior, ocupando a 15ª posição na Zona Euro e a 17ª na União Europeia (14ª e 16ª posições, respetivamente, no exercício anterior)”, diz o INE.Num estudo separado, também divulgado nesta quarta-feira, a realidade da economia portuguesa aparece como muito díspar, dependendo das regiões que se considerem.Segundo o INE, “em termos reais, o PIB português cresceu 2,1% em 2024, com variações ligeiramente diferenciadas entre regiões”.Na mó de baixo, “estima-se que o Alentejo (1,1%) e a Região Autónoma da Madeira (1,5%) tenham registado os desempenhos mais fracos”.“No restante território, a evolução foi próxima da média nacional, com o Centro a igualar o país, o Oeste e Vale do Tejo, a Grande Lisboa e a Península de Setúbal a superarem ligeiramente (0,1 pontos percentuais - p.p.) a média nacional e as restantes regiões (Norte, o Algarve e a Região Autónoma dos Açores) a apresentarem um crescimento 0,2 p.p. superior ao país”.No entanto, ao contrário do verificado em 2023, em que se registou um agravamento da disparidade regional do PIB per capita, em 2024, os resultados indiciam uma ligeira redução, com a diferença entre a região com o índice mais elevado, (Grande Lisboa) e o mais baixo (Península de Setúbal), a passar de 89,8 p.p. para 89,2 p.p.”.Grande Lisboa continua a ser a região mais rica“O PIB per capita em paridades de poder de compra da Grande Lisboa voltou a superar a média da UE27, atingindo 128,9%”, mas nas restantes regiões, exceto o Alentejo que manteve o índice de 2023 (77,1%), aproximaram-se da média europeia"."O Algarve alcançou 89,2%, a Região Autónoma da Madeira 88,3%, a Região Autónoma dos Açores 72,5%, o Centro 70,7% e o Norte 70,8%. Apesar de também convergirem, o Oeste e Vale do Tejo (64,6%) e a Península de Setúbal (55,4%) continuam a apresentar os níveis de PIB per capita mais baixos face à média europeia”, refere o mesmo trabalho do INE.