Incerteza. Von der Leyen “espera” apresentar composição do colégio de comissários
A presidente da Comissão Europeia “tem esperança” de poder apresentar esta terça-feira a lista dos comissários europeus, em Estrasburgo, numa reunião com os presidentes dos grupos parlamentares.
“Desde sexta-feira, a situação não evoluiu muito.” A informação foi avançada esta segunda-feira pela porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podestà. No entanto, a porta-voz recusou-se a comentar a mais recente alteração no Executivo de Ursula von der Leyen, depois de o comissário da Indústria e Mercado Interno, Thierry Breton, ter batido com a porta, a poucas semanas de concluir o mandato de cinco anos até ao fim.
Breton tinha sido nomeado pelo presidente francês, para ser reconduzido no cargo de comissário. Mas, pelo que denunciou numa carta pública que enviou à presidente da Comissão Europeia a anunciar a sua demissão, a forma como Von der Leyen está liderar o processo de formação do futuro Executivo foi uma razão de grande descontentamento para Thierry Breton.
Assim, anunciou a sua demissão “com efeitos imediatos”, questionando a conduta da alemã durante o processo que deveria estar terminado esta terça-feira, altura em que Ursula von der Leyen tem uma reunião agendada para anunciar aos presidentes dos grupos parlamentares em Estrasburgo a composição e os cargos de cada um dos membros do futuro colégio.
Na carta, Breton denuncia que Von der Leyen contactou Emmanuel Macron para pedir que o presidente francês retirasse o nome do comissário proposto por França, alegando razões pessoais. E, caso Macron apresentasse uma alternativa ao nome de Thierry Breton, seria oferecida a França uma pasta mais importante.
“Há poucos dias, durante a fase final das negociações sobre a composição do futuro colégio, pediu à França que retirasse o meu nome - por razões pessoais que, em nenhum momento, discutiu diretamente comigo - e ofereceu, como troca política, um portefólio supostamente mais influente para França no futuro colégio. Agora será proposto um candidato diferente”, lê-se na carta dirigida a Von der Leyen.
Sem poupar nas críticas, Thierry Breton escreveu na carta enviada à presidente da Comissão que “estes acontecimentos são mais um testemunho de uma governação questionável”, afirmando que “nos últimos cinco anos se esforçou incansavelmente para promover e defender o bem comum europeu, acima dos interesses nacionais e partidários [e] foi uma honra”.
No entanto, diz-se “forçado a concluir que”, à luz destes últimos desenvolvimentos, “não pode continuar a exercer as funções” no colégio de comissários.
O francês, visto como crucial na resposta europeia à falta de componentes críticos durante a pandemia e, mais recentemente, na identificação das carências da indústria europeia de Defesa, renuncia, assim, ao atual cargo de comissário europeu, “com efeitos imediatos”.
De acordo com um comunicado divulgado, entretanto, pelo Palácio do Eliseu, Macron nomeou o ministro dos Negócios Estrangeiros cessante no Governo de França, Stéphane Séjourné, para substituir Thierry Breton como candidato de França a comissário europeu, anunciou o Eliseu num comunicado.
Séjourné é visto como um homem próximo de Emmanuel Macron e um aliado do presidente francês. Além disso, é militante do partido de Macron, tendo chegado à liderança do grupo Renovar a Europa, no Parlamento Europeu, antes de ser nomeado para integrar o Governo francês.
Após a polémica inesperada causada pela demissão de Thierry Breton, o Palácio do Eliseu escreveu, no comunicado, que Stéphane Séjourné cumpre “todos os critérios exigidos” para as funções de comissário europeu.
No entanto, a demissão de Thierry Breton não parece ser a principal causa da incerteza de Von der Leyen em relação à apresentação da lista de comissários. A razão fundamental prende-se com um bloqueio político na Eslovénia, que está a atrasar o processo de nomeação do comissário europeu daquele país. O Parlamento esloveno está a recusar-se a agendar a audição de confirmação da candidata Marta Kos, indicada pelo Governo esloveno, liderado por Robert Golob, devido a uma disputa política interna na Eslovénia, entre o Governo e a oposição.