Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa
Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa

Impresa assume que negociação com italianos da MFE não exclui posição de controlo

Dona da SIC e do semanário Expresso confirmou ontem conversações com grupo italiano da família Berlusconi para venda de uma "participação relevante".
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A Impresa confirmou ontem que está em conversações com o grupo italiano MFE, da família Berlusconi, para venda de uma "participação relevante". Mas hoje teve de ir mais longe na informação dada ao mercado, por insistência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa
Dona da SIC confirma negociações com grupo da família de Berlusconi para venda de “participação relevante”

“Em resposta a pedido de esclarecimento da CMVM, a Impresa informa que, de acordo com informação prestada pela sua acionista maioritária, no âmbito das negociações tornadas públicas com o grupo MFE não se encontra afastada a possibilidade da aquisição por este de uma participação relevante (direta ou indireta) para efeitos de controlo na Impresa, reiterando que, nesta data, não existe qualquer acordo vinculativo para o efeito”. Ou seja, o grupo fundado por Francisco Pinto Balsemão admite a perda de controlo da empresa.

Ontem, sábado, dia 27, a Impresa enviou um primeiro comunicado a confirmar as conversações, na sequência de uma notícia do jornal italiano Il Messaggero.

“Face às notícias divulgadas na comunicação social, a Impresa informa que lhe foi comunicado pelo seu acionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante na Impresa”, informou a empresa em comunicado enviado à CMVM. “Embora não exista, nesta data, qualquer acordo vinculativo entre o acionista e a MFE para o efeito”, acrescentou a empresa dirigida por Francisco Pedro Balsemão, filho do fundador.

A Impresa registou no ano passado um prejuízo de 66,2 milhões de euros, que a empresa explicou ter sido devido a uma imparidade de 60,7 milhões de euros relacionada com os segmentos da televisão e da subsidiária Infoportugal. Já no primeiro semestre deste ano apresentou perdas de 5,1 milhões de euros, um aumento de 27,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, acompanhado por um recuo de 0,8% das receitas consolidadas para 85,9 milhões. A dívida líquida também cresceu para 148,2 milhões de euros, um aumento de 3,8% face ao final de junho de 2024.

A empresa tentou vender em junho o edifício da sua sede, em Oeiras, ao BPI, por 37 milhões de euros, mas a operação não se concretizou, como informou a Impresa em comunicado ao mercado no dia 24 de julho. O grupo já tinha realizado uma operação semelhante em 2018, quando vendeu a sede ao Novobanco e encaixou 24,2 milhões de euros.

O grupo MFE - MediaForEurope, pertencente à família de Sílvio Berlusconi - o empresário e político italiano, várias vezes primeiro-ministro, que morreu em junho de 2023 - assume a ambição de se tornar um “agregador de emissoras comerciais líderes na Europa”, para criar um “player pan-europeu operando em todos os principais mercados, forte em conteúdo e tecnologia”, lê-se no site do grupo.

No ano passado gerou receitas consolidadas de quase três mil milhões de euros, operando em Itália e Espanha, e acaba de entrar no capital do grupo alemão ProSiebenSat.1, detentor de canais de televisão e plataforma de streaming, através de uma Oferta Pública de Aquisição que lhe garante uma fatia de 75,61% da empresa.

Em Itália, o grupo da família Berlusconi é dono dos canais televisivos Canale 5, Italia 1 e Retequattro, além de ser detentor de cinco rádios, de produtoras de informação e entretenimento e de plataformas de streaming.

Em Espanha, a MFE tem dois canais televisivos generalistas, Telecinco e Cuatro, e cinco canais temáticos (Divinity, Factoria de Ficcion, Boing, Energye Be Mad). Além disso, o grupo reclama a liderança no digital com as plataformas Mitele and MitelePlus.

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