O Palácio Imperial, conhecido também como a Cidade Proibida, serviu como palácio imperial para as dinastias Ming e Qing e está localizado no eixo central de Pequim, sendo um exemplar da arquitetura palaciana imperial chinesa. O
O Palácio Imperial, conhecido também como a Cidade Proibida, serviu como palácio imperial para as dinastias Ming e Qing e está localizado no eixo central de Pequim, sendo um exemplar da arquitetura palaciana imperial chinesa. OD.R. / Macaco daily News

Heranças históricas: a arquitetura antiga chinesa

Desde as casas de madeira até à Cidade Proibida das dinastias Ming e Qing, a arquitetura chinesa evoluiu ao longo de milénios. O pensamento Confucionista e Taoista, bem como o Feng Shui influenciam não apenas a simetria da antiga arquitetura chinesa, como também o seu desenho.
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A história da arquitetura antiga na China é extensa e caracteriza-se pelo estilo distintivo. Consoante as evidências arqueológicas indicam que há cerca de seis ou sete mil anos, os antepassados residentes chineses na região de Yuyao, em Zhejiang, conhecidos como homens da Cultura Hemudu, já utilizavam a técnica de caixa e espiga para construir as suas habitações em madeira para se protegerem dos animais ferozes e miasmas, cujas construções se chamam as palafitas, ou seja “Casas suspensas”, que são construídas sobre estacas de madeira ou bambu. Este estilo arquitetónico persiste tanto no sudoeste da China quanto nos países do Sudeste Asiático, como a Tailândia e o Vietname. Durante a Cultura Longshan, entre 3000 e 1900 a.C., o povo dominava a técnica arquitetónica de taipa que utilizou blocos de terra batida para levantar paredes. Essa combinação de estruturas em madeira com paredes de taipa estabeleceu-se como o modelo construtivo predominante para as cidades anteriores à dinastia Qin, antes de 221 a.C.

Nas dinastias dos Qin e Han (221 a.C. a 220 d.C.), a arquitetura antiga da China atingiu ao seu ponto culminante, um período no qual se constituiu a Grande Muralha, uma obra considerada como uma das maravilhas do mundo. Já nas dinastias Tang e Song (618-1279), o sistema arquitetónico da China antiga estava plenamente desenvolvido, até espalhando até ao Japão e Coreia. Em Quioto, no Japão, ainda hoje se podem encontrar numerosos exemplos de edifícios que refletem o estilo arquitetónico da dinastia Tang. Nas dinastias Ming e Qing, de 1368 a 1911, surgiu o culminar da arquitetura palaciana chinesa com a Cidade Proibida e muitas outras heranças arquitetónicas valiosas preservadas até agora, como o Templo do Céu e os Jardins Clássicos de Suzhou.

As decorações dispostas sobre os beirais do Pavilhão de Verde de Jade no Palácio Imperial de Pequim, além da função decorativa, têm implicações na procura da sorte e a prevenção dos desastres. Foto: D.R. / Macao Daily News

A filosofia chinesa, em particular o pensamento Confúcio e Taoista, influenciaram profundamente os valores e as formas da arquitetura antiga da China. Para manter a estabilidade social, o confucionismo enfatiza o conjunto de etiqueta, destacando o princípio de que “o mais respeitado fica na posição central”. Assim, a maioria dos complexos arquitetónicos antigos na China adotou a disposição simétrica do eixo central, tais como a cidade de Pequim durante as dinastias Ming e Qing, e a cidade de Chang’an na dinastia Tang, cujos palácios imperiais ocupavam uma posição central proeminente. Por outro lado, o Taoismo sublinha a ideia da “união entre o céu e o homem”, o que significa a harmonia entre seres humanos e a natureza. Por isso, na seleção de locais para construção de conjuntos arquitetónicos antigos, era habitual escolher lugares junto a montanhas ou águas, aproveitando-se o contorno natural para compor uma disposição escalonada das construções. Quanto aos elementos nos jardins, há normalmente rochas, bonsai e lagos artificiais que simbolizam as montanhas, florestas, lagos e mares. Sob a influência do pensamento taoista, surgiu a tradicional teoria chinesa do Feng Shui (geomância). O termo “Feng Shui” traduz-se literalmente como “vento” e “água”, que são duas forças naturais intimamente ligadas à vida humana. O Feng Shui sustenta que a disposição do espaço pode afetar o fluxo de “Qi” (energia vital), influenciando assim a saúde e a sorte das pessoas, até mesmo o destino de uma família. Parece muito misterioso, não é? Na verdade, isso é uma prática tradicional chinesa que resumiu as experiências dos antigos, combinando a meteorologia, a biologia, a geografia, a física, a arquitetura e a psicologia, em busca da criação de um ambiente de habitação ideal.

e plantas - em busca da beleza natural e da harmonia entre os seres humanos e a natureza. Foto: D.R. / Macao Daily News

Se prestarmos atenção aos detalhes das construções chinesas, poderemos descobrir ainda mais encantos. Por exemplo, os telhados e beirais, que são as partes com mais elementos e variedade. Os beirais curvam-se para cima, como se fossem asas de pássaros em voo, combinando a beleza estética com funções práticas como a drenagem. Além disso, os beirais têm diversas figuras ornamentais, como Deuses e imortais chineses e criaturas mitológicas chinesas, conhecidas como “decorações de telhados imperiais”, que originalmente eram usadas para fixar telhas, mas gradativamente desenvolvidas também funções decorativas e do afastamento dos maus espíritos da casa. Adicionalmente, o Dougong, uma forma estrutural comum na arquitetura antiga chinesa, composta por vigas horizontais e diagonais que suportam o telhado e reforçam a estrutura do edifício, constitui um componente estrutural que fica entre as vigas e as colunas, o que oferece suporte de carga e resistência sísmica. Com o passar do tempo, os Dougong evoluíram para formas variadas e coloridas, cumprindo com uma função decorativa importante. Por isso, as pessoas descrevem as arquiteturas antigas chinesas como “Dos detalhes às estruturas, tudo revela uma beleza incrível”.


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