Representantes de fabricantes internacionais num dos painéis da conferência sobre a indústria da Defesa organizada pelo Exército português.
Representantes de fabricantes internacionais num dos painéis da conferência sobre a indústria da Defesa organizada pelo Exército português.Foto: Reinaldo Rodrigues

Fabricantes mundiais veem oportunidades na indústria de Defesa nacional

"Precisamos mesmo de acelerar. E cada empresa tem de pensar: qual é a minha parte nisto? Em que posso contribuir?", avisou o representante da gigante alemã Rheinmetall.
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Para o chefe de Estado-Maior do Exército, a modernização das Forças Armadas portuguesas passa por um "modelo virtuoso" que junte grandes players internacionais da indústria da Defesa com empresas portuguesas que possam agregar-se e acrescentar valor a este setor. Por isso, a Conferência Land Defence Industry Day, que se realizou esta segunda-feira no quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, abriu-se também a representates de alguns dos grandes fabricantes internacionais que operam na indústria, precisamente com o intuito de promover o contacto com empresas nacionais, como anunciara ao DN o general Mendes Ferrão.

No terceiro painel da conferência, representantes da alemã Rheinmetall, da espanhola Urovesa e da subsidiária europeia da General Dynamics expuseram a uma plateia recheada de potenciais interessados as características que procuram nas parcerias com outras empresas.

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Eduardo Martinez, da gigante alemã Rheinmetall, que será um dos motores do grande reforço do investimento germânico na Defesa, salientou as novas condições impostas ao mercado: "rapidez, adaptação e disponibilidade". "Significa isto que não temos dez anos para o desenvolvimento e produção de novos sistemas, porque agora estamos em contexto de conflito e precisamos dos veículos amanhã. Portanto, não temos dez anos para desenvolver e fazer alguma coisa. Temos três a quatro anos", sublinhou.

Esta necessidade imediata de resposta face às ameaças geopolíticas leva a uma chamada à ação de mais empresas, tanto do setor da Defesa como de indústrias conexas ou outras que possam ver aqui uma oportunidade de requalificação. "Precisamos mesmo de acelerar. Temos de ver o que está disponível no mercado, o que está quase desenvolvido e o que se adapta a cada exército. E depois cada empresa tem de pensar: qual é a minha parte nisto? O que posso contribuir para que isto exista?", descreveu Martinez, lembrando a lição clássica de "um importante empresário americano, que sempre disse: nunca se perde uma crise". "Acho que estamos em crise, mas há sempre oportunidades para todos nós", reforçou.

Da espanhola Urovesa, que nos últimos anos forneceu ao Exército português 139 unidades do seu veículo militar mais comercializado, o VAMTAC - uma viatura ligeira tática blindada - chegou o exemplo de uma ligação já bem sucedida com a indústria da Defesa nacional. Além do contrato com o Exército em 2018, cujo valor final rondou os 60 milhões de euros, Justo Sierra, CEO da empresa galega, lembrou a cadeia de empresas portuguesas com as quais a Urovesa já trabalha, como a EID, a Rodasa, a Jacinto (subcontratadas), a LTA (parceiro tecnológico), a Beyond Composite, a Sunviauto ou a Rosc (fornecedores). E salientou o "valor técnico e tecnológico" que as empresas portuguesas aportam à cadeia de produção da Urovesa, num "salto qualitativo evidente" em relação à "imagem passada que em Espanha se tinha da indústria portuguesa".

Por fim, o austríaco Bernd Godovits, representante da General Dynamics, que tem cerca de 4500 fornecedores em toda a Europa, 3000 empregados e 45 clientes, 20 dos quais países da NATO/UE. Entre eles Portugal: a fabricante fornece ao Exército português os veículos Pandur. Godovits reforçou a importância acrescida da "colaboração industrial" e do "trabalho em conjunto" nesta nova era de reforço do setor da Defesa europeia definido como prioritário por Bruxelas.

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