A indústria portuguesa de conservas assegurou uma faturação de 199 milhões de euros no primeiro semestre deste ano só com vendas ao exterior, um volume de negócios que representa um crescimento homólogo de 12%, avança Marta Azevedo, diretora de Marca e Comunicação da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP). Os principais mercados são Espanha, França, Itália, Alemanha, EUA e Reino Unido. No ano passado, esta indústria foi responsável por vendas da ordem dos 400 milhões de euros, com a exportação a valer mais de 70%. E o setor está prestes a conquistar um novo destino: o Japão.Segundo Marta Azevedo, a ANICP e outras entidades ligadas ao pescado aproveitaram a realização da Expo Osaka 2025, que terminou no passado mês de outubro, para promover o setor naquele país asiático. E a receptividade às conservas portuguesas foi "excelente", diz. Foram realizadas várias reuniões B2B (empresas com empresas) e degustações com convidados para dar a conhecer as potencialidades gastronómicas destes produtos. A expectativa é que esses contactos se materializem em exportações ainda este ano. Como frisa, o Japão é "um mercado muito grande e apreciador de peixe".O regresso do selo azul do Marine Stewardship Council (MSC) à pesca da sardinha portuguesa é também uma mais-valia à entrada no mercado nipónico. Em julho, o MSC reconheceu as boas práticas na captura desta espécie, assentes na sustentabilidade dos stocks marítimos e na redução do impacto nos ecossistemas. Recorde-se que esta certificação estava suspensa desde 2014 devido ao declínio das populações de sardinha nas costas ibéricas. Agora, abrem-se novos horizontes. "O Japão valoriza muito o pescado certificado e também o Canadá - para onde a indústria já exporta -, é um mercado muito esclarecido e que dá valor ao selo de qualidade e sustentabilidade", realça. Há ainda a destacar que "permite um acréscimo no valor médio de 15% por tonelada exportada".Sabor espanholO êxito das conservas de peixe portuguesas no estrangeiro parece indesmentível. Já os portugueses compram muito produto importado. De acordo com Marta Azevedo, "mais de 50% do consumo de conservas no país" é importado e "fundamentalmente de Espanha". A responsável vê aqui um potencial enorme de crescimento da indústria portuguesa, caso o mercado interno direcione as suas compras para o produto nacional. Na sua opinião, as conservas portuguesas têm um preço acessível. E questiona: "Damos seis e sete euros por um bife e porque não damos três euros por uma lata de conservas?".Para Marta Azevedo, "as conservas são o mais próximo que existe do peixe fresco, são saudáveis – fonte de Ómega 3 - , perduram no tempo e estão prontas a comer", sublinhou. A ANICP tem inclusive trabalhado na divulgação de novas receitas de conservas. Como diz, "não é só massa com atum. Podemos ter truta com caril, acompanhada de um arroz branco". E a indústria não produz só conservas de sardinha, atum e cavala. "Há 36 espécies diferentes de peixes em conserva e 900 referências", salienta.A indústria conserveira portuguesa tem já uma longa história, que remonta a meados do século XIX. No seu auge, contavam-se mais de três centenas de fábricas espalhadas pela costa portuguesa. Hoje, o setor é representado por uma vintena de empresas, a grande maioria de capitais nacionais, que empregam cerca de 3800 pessoas. A mão de obra continua a ser maioritariamente feminina – 80%, diz Marta Azevedo. Como lembra, "historicamente, os homens iam para o mar e as senhoras ficavam em terra", num trabalho de exigência manual (ainda hoje).A importância desta indústria portuguesa conduziu a ANICP a instituir, em 2022, o Dia Nacional das Conservas, que se assinala a 15 de novembro. A associação estima que a indústria possa vir a faturar 500 milhões de euros em 2027. E se os portugueses comprarem mais, a previsão até pode ser superada. .Ramirez já recebeu a sexta geração e quer manter-se nas mãos da família .Norte assegurou até agora quase metade do valor investido em imobiliário no país