Espanhola Endesa pede garantias de segurança do sistema elétrico
A energética espanhola Endesa pediu esta quarta-feira garantias de segurança de fornecimento e competitividade do sistema elétrico do país, após o apagão de 28 de abril que deixou Portugal continental e Espanha sem eletricidade.
"Somos sociedades modernas porque estamos eletrificadas e, por isso, garantir a segurança do fornecimento e a competitividade do nosso sistema elétrico é essencial", disse o presidente da Endesa, que está também presente em Portugal.
"Para o conseguir, precisamos de uma rede robusta e resiliente, o que exige investimentos significativos, bem como uma remuneração justa", disse José Bogas, num comunicado.
O empresário defendeu que "é crucial ter uma mistura geracional diversificada e competitiva. E, para isso, é fundamental rever a tributação da energia nuclear para garantir a sua viabilidade económica e garantir a segurança do abastecimento nos próximos anos".
Em Espanha, o debate político em torno do apagão tem-se centrado na aposta nas energias renováveis, defendida por Sánchez, em detrimento de outras fontes de geração, como a nuclear.
Espanha tem cinco centrais nucleares em funcionamento que deverão encerrar entre 2027 e 2029, por decisão dos governos liderados pelo socialista Pedro Sánchez e contra o que defende a oposição de direita e extrema-direita.
Os críticos do fecho das centrais nucleares têm sublinhado o peso maioritário das renováveis no fornecimento de energia no momento do apagão e sugerem que aí está a causa do colapso, por serem fontes de produção elétrica mais instáveis, que causam perturbações no sistema.
No mesmo comunicado de hoje, a Endesa anunciou lucros de 583 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, quase o dobro do registado no mesmo período de 2024.
Segundo a informação que enviou à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha, a empresa teve um EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 1,43 mil milhões de euros, mais um terço do que entre janeiro e março do ano passado.
A Endesa atribuiu o aumento do EBITDA ao "forte desempenho" na margem de lucro no fornecimento de gás natural e à eliminação do imposto de 1,2% que tinha sido imposta em Espanha, desde 2022, às empresas com receitas de pelo menos mil milhões de euros.
As receitas da Endesa atingiram 5,9 mil milhões de euros até março, mais 6,3% do que no mesmo período de 2024.
A empresa é a maior elétrica espanhola e a segunda na distribuição de gás em Espanha.
Em Portugal, a Endesa produz e distribui eletricidade e ganhou o concurso para a reconversão da central do Pego (Abrantes), com um projeto de investimento de 600 milhões de euros.
A Endesa tem ainda em Portugal projetos para geração de energia solar.