Défice de França tem de ser menor ou igual a 4,8% do PIB em 2026

Défice de França tem de ser menor ou igual a 4,8% do PIB em 2026

Para o governador do Banco de França (BdF), "é preciso sair absolutamente deste afogamento progressivo e chegar a um défice de 3% em 2029".
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O governador do Banco de França (BdF), François Villeroy de Galhau, afirmou esta quinta-feira, 27, que para que o Orçamento do Estado para 2026 seja credível o limite do défice teria de ser 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Sempre disse que a França não corre o risco de falir, mas sim de um afogamento progressivo" devido ao défice, afirmou Villeroy de Galhau, numa entrevista à emissora France Info, num momento de grande incerteza sobre a possibilidade de o Parlamento adotar ou não o Orçamento do próximo ano.

"É preciso sair absolutamente deste afogamento progressivo e chegar a um défice de 3% em 2029. Não é só pelos compromissos europeus, é o nível que permite estabilizar a nossa dívida", explicou.

Acrescentou que para atingir 3% em 2029, e tendo em conta que se espera que em 2025 fique em 5,4%, "é preciso fazer um quarto do esforço no primeiro ano", o que significa que "o limiar de credibilidade para 2026 é um défice máximo de 4,8%".

No projeto de Orçamento inicial, o Governo pretendia deixar o défice em 4,7%, mas durante o debate parlamentar em primeira leitura na Assembleia Nacional foram adotadas emendas que implicavam um défice de 5%.

O texto do orçamento emendado, no entanto, foi rejeitado pelos deputados, de modo que o Senado começou a debater a versão inicial do executivo.

O governador do BdF repetiu que é preciso reduzir o défice para impedir que a dívida continue a subir, porque os juros para financiá-la representam "dezenas de milhares de milhões de euros" e o número aumenta.

Em concreto, precisou que se em 2020 a França teve de pagar 30.000 milhões de euros em juros, serão "mais de 100.000 milhões no final da década".

Questionado sobre a proposta socialista de impor aos ricos um empréstimo ao Estado com juros de 0%, uma ideia rejeitada pelo Governo, Villeroy de Galhau não quis entrar em discussão direta, mas disse que muitas propostas de novos impostos estão a surgir.

"Dá a impressão de que cada dia sai um coelho da cartola", lamentou antes de acrescentar que "os franceses merecem uma discussão mais séria".

Admitiu que algumas medidas seletivas podem ser tomadas, mas dada a situação das contas públicas e o elevado nível de gasto público em França, "não há muita margem para aumentar os impostos e não temos dinheiro para os baixar".

O governador do BdF lembrou que França tem "o mesmo modelo social" que os parceiros europeus e, no entanto, os seus gastos públicos são nove pontos percentuais do PIB superiores, o que equivale a 280.000 milhões de euros por ano. Daí que Galhau conclua que "há formas de melhorar a eficácia" dos gastos públicos.

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