A descida das taxas de juro e as isenções fiscais concedidas aos jovens até aos 35 anos deram um impulso significativo ao crédito para aquisição de casa em 2024. Os novos empréstimos para habitação atingiram os 17,6 mil milhões de euros, um crescimento de 4,5 mil milhões de euros face a 2023, divulgou esta terça-feira o Banco de Portugal (BdP). Foi o valor mais elevado dos últimos dez anos.Esta subida foi alavancada no crédito concedido aos jovens, que valeu 47% do montante de novos contratos para habitação própria permanente aprovados a partir de agosto do ano passado. Segundo o BdP, este crescimento deve-se principalmente à entrada em vigor, em agosto, do Decreto-Lei n.º 48-A/2024, que isenta de IMT e de imposto do selo a compra da primeira casa por cidadãos até aos 35 anos.Mas não foi só o crédito à habitação que aumentou. Como destaca o BdP, este aumento foi transversal a todas as finalidades, embora superior no segmento habitação. Os montantes dos novos contratos nos segmentos de consumo e de outros fins também subiram, respetivamente, para 6,4 e 2,5 mil milhões de euros. No global, os novos empréstimos a particulares apresentaram um aumento de seis milhões de euros em 2024, para 26,5 mil milhões de euros, totalizando 77% do total de novas operações.Já as renegociações de crédito caíram para 7,8 mil milhões de euros no ano passado, face aos 12 mil milhões de euros de 2023. Esta quebra deveu-se essencialmente a uma descida nas renegociações nos empréstimos à habitação que, em 2024, totalizaram 7,3 mil milhões de euros, menos 4,1 mil milhões de euros do que em 2023.No total, as novas operações de empréstimos aos particulares (contratos novos e renegociados em todas as finalidades) atingiram 34,3 mil milhões de euros no ano passado, mais 1,7 mil milhões de euros do que em 2023. É preciso recuar a 2003 para se observar um valor tão elevado. Poupança nos jurosA taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação registou uma quebra de 0,99 pontos percentuais nos últimos 12 meses terminados em dezembro de 2024. Foram 14 meses consecutivos a cair, nota o BdP.Neste período, a descida das taxas refletiu-se no decréscimo da prestação média mensal dos créditos à habitação de oito euros, para 414 euros. O BdP revela também que olhando apenas para os contratos comuns a dezembro de 2023 e a dezembro de 2024, a redução da prestação média mensal, em 2024, foi de 25 euros. Os novos créditos à habitação, que apresentaram uma prestação média superior aos já existentes, moderaram a queda da prestação média mensal.No último exercício, as novas operações de crédito para habitação própria permanente contratadas a taxa mista continuaram a aumentar. O peso cresceu de 66%, em dezembro de 2023, para 74% em dezembro de 2024. Em agosto do ano passado, atingiu mesmo um máximo de 80%. Os contratos de crédito à habitação com taxa mista no stock de crédito à habitação aumentaram, assim, 16 pontos percentuais em 2024, totalizando 33% em dezembro.As amortizações antecipadas de crédito à habitação atingiram 10,2 mil milhões de euros em 2024, menos 0,4 mil milhões de euros do que em 2023.Já a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares caiu 0,92 pontos percentuais nos últimos 12 meses terminados em dezembro de 2024, para 2,16%. O montante de novas operações de depósitos a prazo cifrou-se em 128,4 mil milhões de euros no ano passado, mais 39,6 mil milhões de euros do que em 2023. Segundo o BdP, este aumento é resultado, em grande medida, da reaplicação em novos depósitos a prazo de montantes anteriormente aplicados em depósitos deste tipo e sem renovação automática.