A melhoria do sistema de mobilidade em cidades como Braga, Vila Nova de Gaia, Cascais ou Lisboa já beneficiou de 38 milhões de euros de financiamento, em 2024 , do EIT Urban Mobility (Europen Institute for Innovation and Transport), disse Marti Massot, chefe do hub de inovação para os países do Sul, em declarações ao DN. Marti Massot falava à margem do congresso mundial Tomorrow Mobility e Smart City Expo 2025, a decorrer esta semana em Barcelona e co-organizado pelo EIT.Os projetos portugueses apoiados por aquele braço da Comissão Europeia para acelerar a transição energética nos transportes e uma mobilidade mais ativa e sustentável fazem parte dos mais de 420 pilotos conduzidos em cidades europeias desde 2020, com parceria do EIT.Em causa está, por exemplo, no caso de Braga, o apoio para encontrar uma solução que impedisse ou desincentivasse os carros individuais de usar as faixas BUS, numa cidade que sofre com grande congestionamento. Acabou por se optar por instalar camêras na traseira dos autocarros para fotografar as matrículas dos veículos que se encontravam em situação irregular, que ficam, assim, sujeitos a multas, explicou Marti Massot. O contributo do EIT não é apenas de ordem financeira, mas também envolve progranas de formação intensiva, troca de experiências entre várias cidades, através dos hubs de mobilidade, e acesso a dados.Já no caso de Cascais, um município referenciado em termos europeus como inovador em matéria de mobilidade, o EIT está a colaborar num projeto, o ROSE, que visa melhorar e otimizar a mobilidade associada à recolha e à gestão dos resíduos urbanos através da utilização da Inteligência Artificial (IA). Trata-se, por exemplo, de otimizar as rotas e percursos com acesso a informação atempada sobre as necessidades para a gestão municipal e a distribuição dos resíduos. É um projeto que também está a acontecer na Bulgária. “Favorecemos esta lógica de experiências em pares para promover a colaboração e comparação de resultados”, disse Marti Massot. “Quando financiamos projetos de startups, tentamos informar-nos da solidez e da real intenção de avançar com as iniciativas para não nos tornarmos um cemitério de projetos-piloto”.Em Lisboa, a parceria do EIT incidiu mais sobre a Carris, a empresa municipal de transporte rodoviáro, e a sua transição para a mobilidade elétrica, com a renovação da frota em curso. A capital portuguesa assumiu o objetivo de se tornar neutra em carbono já em 2030, mas já poucos acreditam que seja uma meta realizável. A Carris marcou, de resto, presença no congresso de três dias na capital catalã, bem como a EMEL, que, para além do estacionamento, é responsável pela gestão da rede de bicicletas partilhadas GIRA, e o Porto.Digital.A Ubiwhere, uma empresa de Aveiro, nascida em torno da universidade há 18 anos, também exibiu no seu stand os vários projetos em que está envolvida, alguns de grande escala a nível europeu. Trabalha na área do planeamento da gestão urbana, na estratégia de territórios inteligentes, com software que permite a recolha, partilha e análise de dados e a sua interoperabilidade. “Tanto podemos fornecer soluções de smart parking, como saber em tempo real quantas pessoas estão a circular num local exacto e saber, com precisão, quantas dessas são turistas ou locais”, disse ao DN, Sandra Barnabé, diretora de inovação da Ubiwhere.Os principais clientes são municípios em Portugal, mas também mais de 160 do distrito de Granada, em Espanha, indicou aquela responsável.O EIT também apoiou a digitalização e descarbonização dos transportes de Vila Nova de Gaia.Aquele instituto publicou mais de 20 relatórios sobre mobilidade, patrocinou mais de 35 mil formandos em seminários e programas de empreendedorismo e mais de 520 startups com dinheiro ou parceria técnica. Pretende ser a ponte entre o setor público, as companhias e as startups para resolver os problemas de mobilidade.