O banco central da China fixou esta quinta-feira, 4, a sua taxa de câmbio de referência para o yuan abaixo do previsto pelos mercados, num sinal de que Pequim procura travar a recuperação da moeda face ao dólar.De acordo com informações divulgadas pelo Banco Popular da China (BPC, banco central) no seu site oficial, a taxa de câmbio oficial para hoje foi fixada em 7,0733 yuans por dólar, 164 ‘pips’ (um centésimo de 1%, medida utilizada em análises cambiais) abaixo das previsões mais difundidas entre investidores e analistas.A decisão, sublinha a agência Bloomberg, representa a maior diferença entre as expectativas do mercado e a taxa finalmente fixada pelo BPC desde fevereiro de 2022.A taxa de câmbio fixada pelo BPC é fundamental para a cotação da taxa "onshore" — negociada nos mercados nacionais — do yuan, uma vez que esta só pode desviar-se num intervalo máximo diário de 2%, tanto quando se valoriza como quando se desvaloriza.Face ao otimismo que se seguiu à trégua comercial entre a China e os Estados Unidos, seguida do anúncio da eventual visita do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao país asiático no próximo ano, o yuan tem vindo a aproximar-se da barreira psicológica das 7 unidades por dólar, e o seu valor nos mercados está a caminho de atingir os registos mais elevados desde 2020.Parte da valorização do yuan em relação ao dólar também se deve aos receios, refletidos na moeda norte-americana, em relação à política orçamental dos Estados Unidos, bem como às previsões de redução das taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed)."O BPC tem vindo a dar prioridade à estabilidade cambial, pelo que não é surpreendente (...) que estejam a abrandar o ritmo das subidas. Não esperamos que o nível das 7 unidades [por dólar] seja posto à prova no resto do ano, mas provavelmente será ultrapassado em algum momento do próximo ano", afirmou Lynn Song, economista-chefe do ING para a China, citado pela Bloomberg.Por sua vez, Khoon Goh, do Australia; New Zealand Banking Group, observa que o BPC procura "gerir os ritmos" de crescimento do yuan, "mas não detê-los"."O mais provável é que as autoridades queiram um ritmo de valorização mais suave para a moeda, especialmente dada a volatilidade esperada nas taxas de câmbio", acrescentou.No início do ano, a moeda do gigante asiático esteve perto de cair para os mínimos desde 2007, devido ao receio do impacto da guerra comercial com os Estados Unidos, e alguns analistas apontaram que Pequim tentaria que não se revalorizasse, de modo a apoiar a competitividade das exportações chinesas..Crédito externo em yuan dispara com campanha da China para reduzir dependência do dólar