China define “autossuficiência tecnológica” como um eixo do próximo plano quinquenal
Arquivo

China define “autossuficiência tecnológica” como um eixo do próximo plano quinquenal

O comunicado divulgado após a conclusão do quarto plenário do XX Comité Central do Partido Comunista Chinês estabelece as prioridades para o período 2026-2030.
Publicado a
Atualizado a

O Partido Comunista Chinês definiu hoje a “autossuficiência científica e tecnológica” como um eixo central do próximo plano quinquenal, num contexto internacional marcado pela guerra comercial com os Estados Unidos e pressões sobre a segunda maior economia mundial.

O comunicado divulgado após a conclusão do quarto plenário do XX Comité Central do Partido Comunista Chinês, que decorreu à porta fechada em Pequim desde segunda-feira, estabelece as prioridades para o período 2026-2030, sublinhando também a necessidade de “impulsionar novas forças produtivas” e reforçar a “base da economia real”.

O documento apela à construção acelerada de “um sistema industrial moderno”, com aposta na manufatura avançada, digitalização e integração tecnológica, e defende uma “melhoria qualitativa efetiva e crescimento quantitativo razoável” como metas estruturantes para alcançar a modernização socialista até 2049 – ano do centenário da fundação da República Popular da China.

A inovação científica ocupa um lugar central, com propostas para “reforçar a investigação em tecnologias críticas”, “coordenar o desenvolvimento de um país forte em educação, ciência e tecnologia” e “melhorar a eficácia global do sistema nacional de inovação”.

O plano também realça a importância de “modernizar a agricultura e revitalizar plenamente as zonas rurais”, bem como “otimizar a distribuição regional” e “promover o desenvolvimento coordenado entre as regiões costeiras e o interior do país”, num contexto de crescentes desigualdades territoriais.

O texto reitera o compromisso com a “abertura de alto nível” e a criação de “novas oportunidades de cooperação e benefício mútuo”, apesar das restrições tecnológicas impostas por Washington em setores como os semicondutores. Embora o documento não mencione diretamente o conflito comercial com os EUA, refere um “panorama internacional complexo” e sublinha a necessidade de “aperfeiçoar o sistema de gestão macroeconómica” para garantir “um desenvolvimento estável e de alta qualidade”.

A declaração surge num momento em que o país enfrenta desafios internos significativos: o prolongamento da crise no setor imobiliário, o enfraquecimento do consumo interno, níveis recorde de desemprego juvenil, o envelhecimento populacional e riscos de deflação.

Ao contrário de anteriores ciclos de planeamento, o novo plano deverá dar maior destaque à mobilização de recursos internos, à eficiência energética e à sustentabilidade, refletindo os compromissos de descarbonização assumidos pelo líder chinês, Xi Jinping, que estabeleceu como meta a neutralidade carbónica até 2060.

O novo plano também surge num contexto político marcado pelo reforço do poder pessoal de Xi, que consolidou um terceiro mandato sem precedentes, e pela crescente centralização das decisões económicas no seio do Partido, em detrimento das autoridades locais.

Desde 1953, os planos quinquenais têm servido como guia para a política económica da China. Inicialmente focados em metas de produção e crescimento, transformaram-se nas últimas décadas em documentos estratégicos que expressam as prioridades ideológicas e políticas da liderança.

A versão final do plano será aprovada pela Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo chinês, em março de 2026, e orientará a política económica e social da China durante a segunda metade da década.

China define “autossuficiência tecnológica” como um eixo do próximo plano quinquenal
China critica sanções a petrolíferas russas por “não terem base no direito internacional”

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt