China cumpriu já mais de metade do seu compromisso de compra de soja dos EUA
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China cumpriu já mais de metade do seu compromisso de compra de soja dos EUA

A quota faz parte do acordo estabelecido entre Pequim e Washington para pôr fim à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
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A China assinou acordos para comprar cerca de sete milhões de toneladas de soja dos EUA, mais de metade da quota que Pequim se comprometeu a adquirir até início de 2026, informou esta sexta-feira, 19, um jornal de Hong Kong.

A quota faz parte do acordo estabelecido entre Pequim e Washington para pôr fim à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

As autoridades norte-americanas informaram a venda de cerca de quatro toneladas de soja ao país asiático, com outras três atribuídas a “destinos desconhecidos”, o que “sempre foi considerado sinónimo de China”, segundo a consultora especializada Walsh Trading, citada pelo jornal South China Morning Post.

Isso significaria que Pequim está a caminho de cumprir o seu compromisso de comprar 12 milhões de toneladas – principalmente através do gestor estatal de reservas de cereais Sinograin –, embora a informação esclareça que ainda não foram feitos envios, o que aumenta os receios de possíveis cancelamentos no futuro.

“Os nossos acordos comerciais, que sempre foram assim, permitem à China reservar vendas para envios futuros. Mas se o Brasil ou a Argentina tiverem uma grande colheita, podem cancelá-los a qualquer momento”, explicou o vice-presidente da Walsh Trading, Sean Lusk.

Apenas algumas cargas partiram com destino à China até o momento, de acordo com o especialista, que recomenda prestar atenção entre fevereiro e março às colheitas sul-americanas, das quais se esperam números recordes que poderiam reduzir os preços e, consequentemente, os incentivos de Pequim para comprar dos EUA.

De qualquer forma, estas recentes operações representam uma reviravolta em relação à situação vivida durante meses: após a escalada tarifária iniciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, a China reduziu praticamente a zero as suas compras de soja aos EUA durante quase meio ano, o que se traduziu numa queda dos preços e em dificuldades para os produtores.

Após os acordos assinados no final de outubro entre Trump e o homólogo chinês, Xi Jinping, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou o valor mencionado de 12 milhões de toneladas em compras até fevereiro, acrescentando que a China se comprometia a aumentar as compras para pelo menos 25 milhões anuais até 2028.

No entanto, este reinício agressivo das compras também significou que a Sinograin realizasse leilões urgentes para dar espaço às novas importações, uma vez que a capacidade de armazenamento no país asiático está praticamente no limite.

Pequim já se preparava há algum tempo para resistir sem a soja norte-americana, aumentando as importações da América do Sul – por exemplo, da Argentina, Brasil ou Uruguai –, impulsionando a produção local ou mesmo reduzindo o seu uso na alimentação do gado.

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