Três países da Zona Euro, um deles Portugal, são sinalizados pela Comissão Europeia (CE) por sofrerem os maiores aumentos nos preços das casas desta região europeia, composta por 20 economias, e avisa que as "limitações persistentes" nestes mercados vão manter elevadas as pressões sobre os preços atualmente sentidas em 2026 e 2027.O diagnóstico foi feito ao mais alto nível no estudo com as novas previsões económicas, divulgado esta segunda-feira, em Bruxelas, e apresentado por Valdis Dombrovskis, o comissário europeu da Economia.Segundo Bruxelas, "o crescimento dos preços acelerou na maioria dos Estados-Membros, especialmente no sul e no leste da Europa"."Vários países, nomeadamente Bulgária, República Checa, Espanha, Croácia, Hungria e Portugal, mantiveram taxas de crescimento anual de dois dígitos, impulsionadas pela forte procura e por restrições na oferta", considera a CE. Portugal, Croácia e Espanha são os únicos três países da Zona Euro mencionados.Segundo o mesmo documento das previsões, "a recuperação das transações e dos fluxos de crédito observada em 2024 prolongou-se até 2025, apoiada por taxas de juro mais baixas e perspetivas positivas de rendimento"."No entanto, a pressão sobre a acessibilidade à habitação continua elevada, uma vez que os preços das casas subiram mais rapidamente do que o rendimento das famílias em muitos países, especialmente nos centros urbanos", acrescenta o executivo europeu."As restrições à oferta continuam a ser um factor-chave na dinâmica do mercado imobiliário. Apesar de alguma melhoria recente, as licenças de construção e a conclusão de obras habitacionais ainda se encontram em níveis historicamente baixos" e, além disso, "os custos de construção elevados e os entraves regulamentares continuam a restringir a nova oferta, mantendo a pressão sobre os preços". Quanto ao futuro de médio prazo (o estudo da Comissão é feito para um horizonte de dois anos), "embora se preveja uma recuperação gradual do investimento imobiliário, o ajustamento será lento, mantendo os mercados com restrições a curto prazo" pelo que "prevê-se que as limitações persistentes da oferta mantenham elevadas as pressões sobre os preços até 2026 e 2027".Fora esta pressão severa detetada ao nível do imobiliário, a avaliação e as perspetivas para a economia portuguesa até não são más.Emprego forte mesmo sem reforma laboralAs contas públicas devem terminar este ano em equilíbrio (saldo de 0%) e em 2026 e 2027 regressam os défices, ainda que ligeiros; já o mercado de trabalho, mesmo com a lei atual que o governo pretende flexibilizar, vai continuar "forte", com o emprego a bater sucessivos recordes e o desemprego a diminuir, prevê a Comissão no capítulo sobre Portugal.De acordo com o novo estudo, "prevê-se que o desemprego continue a diminuir num contexto de forte criação de emprego"."O mercado de trabalho mantém-se dinâmico à medida que o emprego atinge novos máximos", sublinha a CE.As novas previsões indicam que o peso da população desempregada em Portugal deve terminar este ano nos 6,3% da população ativa e depois aliviar para 6,2% em 2026 e 6,1% em 2027, valores que estão colados aos mínimos históricos registados na economia portuguesa nos últimos 30 anos (desde 1995).O emprego vai continuar a bater sucessivos máximos históricos até 2027, ainda que o seu crescimento possa ser mais moderado. A criação líquida de postos de trabalho deve acelerar para 1,7% este ano, suavizando para 1,1% no próximo e 0,9% em 2027.Segundo a nova avaliação da conjuntura feita pela Comissão, "apesar de alguma moderação no turismo, a criação de emprego recuperou a dinâmica durante o verão de 2025, contribuindo para uma diminuição gradual da taxa de desemprego para uma média de 12 meses de 6,3% a partir de agosto de 2025, em comparação com 6,5 % em 2024"."Tanto a procura como a oferta de mão de obra aumentaram a um ritmo acelerado, elevando a taxa de emprego a novos máximos históricos no segundo e terceiro trimestres de 2025" e "projeta-se que o crescimento do emprego registe uma ligeira moderação ao longo do horizonte de previsão, ao passo que o desemprego deverá diminuir gradualmente para uma média anual de 6,1% em 2027", indica o novo estudo.Ainda sobre a atividade económica, a CE diz que "a procura interna deve continuar a apoiar o crescimento económico em Portugal", embora "num contexto de incerteza do comércio mundial".Défice volta mas falta o fim do bónus no ISPMesmo assim, o crescimento da economia aguenta-se bem.A CE manteve inalterada a previsão de crescimento para 2026, em 2,2% (variação real do PIB, isto é, expurgando já a inflação). Está em linha com a previsão do governo, que no Orçamento do Estado para o ano que vem prevê 2,3%. Em 2027, o ritmo da economia mantêm-se em torno dos 2,1%.Nos próximos dois anos, diz a CE, "o consumo privado continua a crescer a um ritmo constante, num contexto de aumento do rendimento das famílias e de uma diminuição gradual da elevada taxa de poupança".O investimento cresce "ainda mais rapidamente do que o consumo privado em 2025 e 2026, quando a utilização dos fundos do Mecanismo de Resolução e Resiliência [o fundo que financia o PRR] atingir o seu pico".As importações devem "aumentar mais rapidamente do que as exportações, embora se preveja que o diferencial de crescimento diminua a partir de 2026".O país continuará com uma posição externa excedentária, ou seja, mesmo sendo um importador crónico, as exportações e os termos de trocam evitam o retorno dos grandes desequilíbrios macroeconómicos do passado."Prevê-se que a balança corrente do país permaneça em território positivo, uma vez que o aumento previsto dos volumes de importação é parcialmente compensado pela descida prevista dos preços das importações de produtos energéticos em 2025 e 2026", refere o documento de Bruxelas.Da mesma forma, a inflação também parece estar sob controlo, depois da crise energética de 2022 e 2023, e dos perigos suscitados pelas guerras militares e comerciais, que ainda pairam.Segundo a Comissão, "projeta-se que a inflação total [portuguesa] diminua novamente para 2% em 2026 e 2027, devido à recente queda dos preços dos produtos energéticos e industriais ao abrandamento marginal dos preços dos serviços"..Bruxelas. Mercado laboral português vai continuar bom, com criação de emprego forte e desemprego baixo.Comissão Europeia. Défice é baixo mas pode emagrecer mais quando o governo acabar com desconto no ISP