Tudo indica que o negócio de compra e venda de casas irá registar mais um ano histórico. Essa é a convicção na rede imobiliária Era, justificada pela performance registada até meados de dezembro. Rui Torgal, CEO da marca em Portugal, prevê que até ao final do ano a Era contabilize cerca de onze mil transações, num montante global da ordem dos dois mil milhões de euros. ”Estamos muito seguros que será um ano excecional”, afirma. Nas suas previsões, o valor das comissões irá subir dos 108 milhões de euros contabilizados em 2024 para mais de 124 milhões. São indicadores que apresentam crescimentos acima dos 10%, apoiados num aumento dos preços, mas também na subida do número de casas vendidas.Um dos impulsos para o negócio, foi a demanda de habitação pelos jovens. Este ano, a Era registou um crescimento de 24% nas transações realizadas por clientes até aos 35 anos face ao exercício anterior. Este aumento deveu-se sobretudo à garantia do Estado que assegura financiamento até 100% no crédito habitação a estes jovens na compra da primeira habitação. Para o Banco de Portugal, esta medida do governo de Luís Montenegro acarreta um maior risco de incumprimento. Rui Torgal admite que “é prudente falar-se dessa possibilidade”, mas lembra que “os juros estão baixos e não há perspectiva de subidas das taxas”. Na opinião do gestor, o comportamento do mercado não apresenta sinais de bolha imobiliária. “Não se verificou e não se vai verificar” uma crise como a que sucedeu entre 2010 e 2012, devido à recessão económica que atingiu duramente o país. Como realça, “a oferta ainda não é suficiente para a procura” e “as famílias têm mais património e é com a mais valia da venda da casa, que conseguem comprar outra”. As taxas de juro também estão estáveis. E lembra que a banca não quer passar por dificuldades com malparado como sucedeu na última década. Atualmente “tem um comportamento bastante responsável e cauteloso”. . A falta de imóveis disponíveis “é a dificuldade” do setor. E defende: “Os preços obedecem ao crescimento do mercado” e “as casas são rapidamente absorvidas. As unidades estão vendidas mesmo antes de estarem concluídas”. Para Rui Torgal, os preços das casas “vão estabilizar a médio prazo”. Será no momento em que “a oferta ficar equilibrada com a procura”, embora “de alguma forma, já se sinta um crescimento mais desacelerado”, considera. Uma das tendências dos atuais compradores é a procura de casas nas periferias. Segundo Rui Torgal, as pessoas estão disponíveis para viver fora dos grandes centros, onde adquirem imóveis de maior dimensão e ganham qualidade de vida. O problema desta opção é que esbarra muitas vezes com falta de soluções de mobilidade. Na Era, o negócio está centrado na venda de casas de tipologias T2 e T3. Essa é a grande demanda. E é nos portugueses que a rede imobiliária, onde trabalham perto de dois mil agentes - a larga maioria a tempo inteiro -, tem o seu mercado. Como avança, “representam cerca de 85% das vendas”. Com o fim da emissão de vistos gold por aquisição de ativos imobiliários, “sentiu-se um impacto grande no investimento estrangeiro”, lembra. Mas, ainda assim, “Portugal é um país que continua a atrair algumas origens”, como são exemplo os norte-americanos, brasileiros, franceses e nórdicos.Rui Torgal está também otimista para 2026. As medidas lançadas pelo governo e as que deverão entrar em vigor no próximo ano, caso do IVA a 6% para a construção, “vão equilibrar o mercado”, considera. Na sua opinião, as propostas do executivo de Luís Montenegro vão no sentido de incrementar a oferta, inclusive no arrendamento, e apoiar a procura, utilizando para isso instrumentos fiscais. A concretização desses apoios permitirá ao setor manter-se dinâmico.No caso da Era, Rui Torgal lembra que a última campanha publicitária garantiu à marca uma forte subida no top of mind (produto ou marca que surge imediatamente à cabeça) dos portugueses. “Registámos um crescimento de 35%” neste indicador”, sublinha. Agora, espera que esta notoriedade se concretize em negócios em 2026. .Falta de "visão industrial" e "capacidade financeira" do país explicam venda da Secil à Molins.Incumprimentos em pagamentos duplicam por salários em atraso