Christine Lagarde, presidente do BCE.
Christine Lagarde, presidente do BCE. FOTO: EPA / Christopher Neundorf

BCE mantém taxa de juro principal em 2% e assim deve ficar até 2027

Lagarde referiu que a Zona Euro está a conseguir resistir melhor que o antecipado aos efeitos da guerra comercial, que atualmente os riscos para a inflação europeia parecem "bastante controlados".
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A taxa de juro principal da Zona Euro, a taxa de depósito, mantém-se em 2%, o valor mais baixo em quase três anos, e pelo terceiro mês consecutivo, anunciou o Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira.

A OCDE e vários analistas internacionais dizem que esta taxa diretora – que depois serve de base para o cálculo das taxas aplicadas pela banca a todos os depósitos e empréstimos concedidos a famílias e empresas – deve manter-se nos 2% até ao final de 2026, início de 2027.

De acordo com a decisão desta quinta-feira, "o conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as três taxas de juro diretoras do BCE inalteradas".

"A inflação permanece num nível próximo do objetivo de médio prazo de 2% e a avaliação das perspetivas de inflação efetuada pelo Conselho do BCE mantém‑se, em geral, inalterada", refere a autoridade.

"A economia continuou a registar crescimento, não obstante a conjuntura mundial difícil. A robustez do mercado de trabalho, a solidez dos balanços no setor privado e as anteriores reduções das taxas de juro decididas pelo conselho do BCE permanecem importantes fontes de resiliência."

No entanto, a instituição (cujo conselho esteve reunido excecionalmente em Florença, Itália), avisa que "as perspetivas ainda são incertas, em particular devido à continuação dos litígios comerciais e das tensões geopolíticas a nível mundial".

Esta foi a primeira reunião de política monetária e de decisões sobre as taxas de juro de Álvaro Santos Pereira, que tomou posse como governador do Banco de Portugal no passado dia 6 de outubro de 2025.

No final do mês passado, num encontro em Helsínquia, Finlândia, a presidente do BCE, Christine Lagarde, fez saber que, no entender da autoridade monetária, a inflação está bastante bem comportada, tendo em conta o panorama incerto a nível global, o que é um sinal de que o BCE não está tentado a mexer nas taxas de juro, que assim devem estar no ponto de equilíbrio que garante a estabilidade de preços e um nível de inflação em torno de 2% no médio prazo.

Nesse evento, Lagarde referiu que a Zona Euro está a conseguir resistir relativamente bem e melhor que o antecipado aos efeitos da guerra comercial e tarifária movida desde março pelos Estados Unidos da América (EUA), do Presidente Donald Trump, e atualmente os riscos para a inflação europeia parecem "bastante controlados".

Desde abril que a inflação da Zona Euro tem estado sempre muito perto de 2%. Em maio, cedeu até 1,9% e depois durante três meses, até agosto, ficou parqueada em 2%. Em setembro, subiu ligeiramente para 2,2%.

Das taxas zero e negativas ao planalto dos 2%

As taxas de juro do BCE estiveram em zero e até em níveis ligeiramente negativos durante cerca de oito anos (entre finais de 2013 e meados de 2022).

Com o começo da guerra da Rússia contra a Ucrânia (no início de 2022), o BCE teve de começar a subir juros para tentar travar a inflação galopante, que chegou a furar a barreira dos 10% com a forte subida dos preços da energia. Passou de 0% em julho de 2022 para um recorde de 4% em setembro de 2024.

Mas desde então que voltou a descer, estacionando agora e por algum tempo nos 2%.

Como noticiou o DN/DV no final do mês, a descida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) terminou, no entender da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

A taxa principal definida em Frankfurt, que determina o valor das prestações dos empréstimos a pagar aos bancos e os juros dos depósitos a prazo, desceu pela última vez em junho passado, para 2%, devendo ficar estacionada neste valor até ao final do próximo ano, pelo menos, indicou a OCDE no seu outlook intercalar.

Depois de manter o custo do dinheiro nas reuniões de julho e de setembro, o BCE reuniu-se esta quinta-feira, 30 de outubro, em Florença, num conselho de governadores especial organizado pelo Banco de Itália. Não se esperam grandes alterações no discurso de Lagarde e do seu vice-presidente Luis De Guindos, nas margens do rio Arno.

No entanto, segundo a OCDE, o facto de hoje se projetar um planalto de 2% nas taxas de juro da Zona Euro até ao final de 2026, não significa que este caminha esteja garantido.

Há riscos imensos e o BCE terá de manter-se vigilante. O embate total dos aumentos de tarifas ainda pode causar surpresas e fazer descarrilar sectores económicos ou aumentar demasiado os preços, por exemplo.

As três taxas diretoras do BCE. Atualmente, a facilidade de depósito é referência mais importante da Zona Euro.
As três taxas diretoras do BCE. Atualmente, a facilidade de depósito é referência mais importante da Zona Euro.Fonte: Banco de Portugal e BCE
Christine Lagarde, presidente do BCE.
OCDE diz que descida das taxas de juro na Europa terminou

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