Já há economistas que admitem um excedente orçamental superior ao que estima o governo para este ano. A meta oficial das Finanças, para 2025, é de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB).De acordo com o gabinete de estudos do Banco BPI, "a execução orçamental nos primeiros dez meses do ano sugere uma eventual surpresa em 2025", em contabilidade nacional, isto é, as contas numa lógica de compromisso, as que valem para a Comissão Europeia e restantes entidades avaliadoras das contas públicas."Apesar de ainda haver fatores de pressão para as contas públicas nos últimos meses do ano, como o pagamento do subsídio de Natal aos funcionários públicos e a execução do investimento, os dados até outubro reforçam a nossa expectativa de que o saldo orçamental possa terminar 2025 acima do esperado pelo Governo, 0,3% do PIB em contabilidade nacional", o que também contraria "a nossa expectativa [anterior] de um ligeiro défice" este ano, explica a economista do BPI Research, Vânia Duarte.Recorde-se que, embora o governo tenha estimado (no Orçamento de Estado para 2026, divulgado em meados de outubro) um excedente público de 0,3% este ano, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, deu a entender, entretanto, que essa margem positiva pode ser superior no final deste ano, depois de fechadas as contas."Os dados que já existem levam o Governo a estar bastante confiante de que Portugal vai terminar o ano com um saldo orçamental de, pelo menos, 0,3% do PIB", disse há escassas semanas, Miranda Sarmento, num debate na Ordem dos Economistas. Nesse encontro, defendeu que a situação das finanças portuguesas é "robusta" e que "o país não precisa de ter superávites [excedentes] muito elevados, acima de 1%".Além do otimismo progressivo em relação à meta do excedente deste ano, também a concretização do cenário de crescimento da economia assumido pelo governo parece estar em relativa segurança.Vários economistas e gabinetes de estudos dão respaldo à mais recente previsão de crescimento do governo e do Ministério das Finanças para a economia portuguesa, este ano, que aponta para 2%. Estimam valores de 1,8% a 1,9%, incorporando já os dados mais recentes.O barómetro CIP/ISEG, o gabinete de estudos do BPI, o NECEP da Universidade Católica Portugusa ou a agência de ratings Moody's juntam-se às principais instituições oficiais que fazem projeções para Portugal, como Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) ou Banco de Portugal (BdP), apontando para uma retoma do Produto Interno Bruto (PIB) de até 1,9%, em termos reais (descontando já a inflação), este ano.O barómetro da CIP – Confederação Empresarial de Portugal / ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão, divulgado esta segunda-feira, "antecipa a continuação do desempenho positivo do consumo privado no final do ano, bem como o reforço do ritmo de crescimento do investimento público e privado".O estudo CIP/ISEG "prevê que a economia portuguesa cresça entre 1,8% e 1,9% em 2025".Tiago Pereira, economista do BPI Research, considera que a estimativa divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na sexta-feira passada, relativa ao terceiro trimestre, "acomoda a previsão atual do BPI Research para o crescimento do PIB real para 2025 (1,8%)"."Os indicadores económicos quantitativos disponíveis para o quarto trimestre são ainda escassos, mas os de sentimento sugerem que os agentes económicos continuam confiantes quanto ao desenvolvimento da atividade nos próximos meses".O mesmo analista releva "o resultado da melhoria do sentimento na indústria transformadora, com boas perspetivas para a produção nos próximos três meses e no comércio".No sector da construção, "a melhoria foi marginal e nos serviços deteriorou-se".No entanto, "as perspetivas para 2026 são razoavelmente otimistas, antecipando-se que a economia cresça em torno de 2%".Os fatores que impulsionam a aceleração no próximo ano "são o investimento, que será impulsionado pela provável aceleração dos fundos europeus [onde está o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência], que entram no seu último ano e pela permanência de custos de financiamentos reduzidos face aos observados nos últimos anos", o consumo privado (das famílias) e "a política orçamental expansionista inscrita no Orçamento do Estado para 2026", que será também "um fator de suporte da procura interna", diz o analista do BPI.A agência de ratings Moody's, que há duas semanas manteve a nota do crédito soberano de Portugal num nível bom (A3) e com perspetiva estável, continua a acreditar que a economia vai conseguir aguentar-se num ritmo de expansão de 2% em termos reais."Embora a incerteza política tenha aumentado nos últimos anos, com eleições antecipadas repetidas e fragmentação parlamentar, tornando a formulação de políticas mais complexa, esperamos que estas mudanças internas não alterem significativamente a nossa perspetiva de crescimento económico robusto em torno dos 2% e de uma nova redução do nível de dívida pública", diz a equipa da Moody's que segue a República Portuguesa.O centro de estudos NECEP, da Universidade Católica Portuguesa, refere que "o ponto central da estimativa de crescimento da economia em 2025 foi revisto em ligeira alta (0,1 pontos percentuais) para 1,8%, na sequência do crescimento robusto verificado no segundo trimestre, bem como da estimativa ora avançada para o terceiro trimestre". "Para 2026 e 2027, mantiveram-se as anteriores previsões de 2% e 2,2%, respetivamente."Para o final de 2025, o estudo da CIP e do ISEG agora divulgado acrescenta que "prevê a continuação de um desempenho positivo do consumo privado, bem como o reforço do ritmo de crescimento do investimento público e privado".O Banco de Portugal estima (boletim económico de outubro) que a economia portuguesa cresça 1,9% este ano. O FMI (outubro) e a Comissão Europeia (previsões de novembro), idem..Economistas dão conforto ao Governo nas previsões de crescimento da economia portuguesa