A passada terça-feira, 18 de novembro, ficará marcada como um ponto de viragem na corrida pela Inteligência Artificial. Numa coincidência estratégica, a Microsoft, durante o seu evento Ignite 2025 (com palco em São Francisco, EUA), e a Google, através de um lançamento global, apresentaram as suas visões para o próximo capítulo da tecnologia. E a conclusão é clara: entramos oficialmente na era dos “agentes autónomos”, os módulos de IA capazes de agir autonomamente em vários sistemas.Mas as duas tecnológicas escolheram caminhos distintos para chegar a uma posição de maior domínio de um mercado que praticamente todos os analistas preveem que seja o futuro próximo da IA nos nossos dispositivos.Microsoft: o exército corporativoPara a Microsoft, o futuro acontece dentro do escritório. A empresa aproveitou o Ignite para lançar o Microsoft Agent 365, uma plataforma desenhada para gerir e proteger agentes de IA dentro das organizações. A estratégia é pragmática: em vez de uma IA genérica, a Microsoft apresentou o que chama de “funcionários digitais” especializados.A tecnológica revelou agentes que assumem papéis concretos: o Sales Development Agent para qualificar leads comerciais, novos agentes para gerir equipas no Teams e assistentes que editam documentos no Word e Excel autonomamente. O objetivo é integrar a automação nos fluxos de trabalho existentes, apoiada pela nova família de inteligência conectada - Work IQ, Foundry IQ e Fabric IQ -- que utiliza dados operacionais para tomar decisões em tempo real.Numa demonstração de força multimédia, a tecnológica de Redmond anunciou ainda a integração do modelo de vídeo Sora 2, da OpenAI, no Microsoft 365 Copilot, permitindo às empresas criar vídeos de marketing com qualidade cinematográfica diretamente nas suas ferramentas de trabalho.Google: o cérebro criativoDo outro lado da barricada, a Google respondeu com o que designa de “inteligência pura”, lançando o Gemini 3. Já disponível para todos os utilizadores Pro, o novo modelo foca-se na capacidade de raciocínio das suas máquinas Deep Think e na redefinição de como o software é construído. Dito de outra forma, enquanto a Microsoft se propõe a ajudar quem trabalha, a Google pretende dar “superpoderes” a quem cria.A grande inovação da Google reside no conceito de “Vibe Coding” e na nova plataforma Google Antigravity. Estas ferramentas permitem que programadores -- ou até leigos -- descrevam uma ideia em linguagem natural e deixem que o agente escreva, teste e corrija o código de aplicações inteiras de forma autónoma. O Gemini 3 gerará interfaces visuais personalizadas e interativas para cada utilizador, adaptando-se ao pedido no momento.Duas visões, um objetivoA divergência nas abordagens é evidente. A Microsoft estima que, até 2028, existam 1,3 mil milhões de agentes a automatizar tarefas, segundo comunicado enviado ao DN, focando-se na segurança e na governação corporativa através de ferramentas como o Microsoft Purview. A sua proposta de valor é o retorno imediato do investimento para as empresas “frontier” (de ponta) que lideram a adoção digital.A Google, por sua vez, aposta na versatilidade e na resolução de problemas complexos, introduzindo parâmetros de “nível de pensamento” que permitem ao modelo refletir antes de agir.Com estes lançamentos simultâneos, a mensagem para o mercado é clara: a IA deixou de ser apenas um chatbot para conversar e passou a ser um agente capaz de fazer. Resta aos utilizadores -- indivíduos ou empresas -- decidirem se preferem um especialista mais “corporativo” ou mais “criativo”. Isto porque a IA não vai desaparecer como que por magia..Vitória das Big Tech? UE trava a fundo na regulação e deixa ativistas em alerta